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- Os serviços de streaming, antes acessíveis e práticos, hoje enfrentam críticas devido ao aumento dos preços e à introdução de anúncios.
- Você pode estar pagando mais e tendo menos benefícios, como uma experiência interrompida e restrições no compartilhamento de contas.
- Essa mudança afeta o consumo de entretenimento digital, levando usuários a reconsiderar alternativas como mídias físicas e pirataria.
- As políticas mais rígidas das plataformas impactam diretamente a forma como o público acessa e consome conteúdos online.
Os serviços de streaming, que antes prometiam liberdade e economia, agora levantam questionamentos sobre seu custo-benefício. Essa mudança de cenário nos faz refletir se a experiência oferecida ainda justifica o investimento mensal, especialmente com o aumento dos preços e a chegada de novas modalidades com publicidade. Entender a evolução desse mercado é essencial para avaliar as opções atuais.
A década de 1980 marcou uma era dourada para o cinema, com o surgimento dos Blockbusters. Filmes de alto orçamento e grande apelo popular tornaram a ida ao cinema um hábito comum nos Estados Unidos, quase tão rotineiro quanto acompanhar a NFL nas noites de segunda-feira. Essa cultura de consumo de entretenimento abriu portas para um novo formato.
Nem sempre era possível ir ao cinema ou comprar filmes para ter em casa. Assim, o mercado de videolocadoras explodiu, tornando-se uma febre. Nos Estados Unidos, várias redes cresceram rapidamente, como West Coast Video, Rogers Video e The Major Video. Contudo, uma marca se destacou sobre as demais, tornando-se sinônimo de aluguel de filmes.
A ascensão da Blockbuster foi impressionante. A empresa expandiu globalmente, alcançando cerca de 9 mil unidades e atraindo 65 milhões de clientes em seu auge. O formato evoluiu das fitas VHS para os DVDs, adaptando-se às novas tecnologias. No entanto, essa mudança de formato coincidiu com o início de um novo tipo de concorrência, que não seria física.
Ao alugar um filme na Blockbuster, os clientes tinham um período específico para a devolução. Era comum pegar um filme na sexta-feira e devolvê-lo apenas na segunda, aproveitando o fim de semana. Mas, se você esquecesse de devolver no prazo, uma multa por atraso era aplicada. Foi uma multa de 40 dólares que motivou Reed Hastings a criar uma empresa que mudaria o setor: a Netflix.
O Começo da Netflix e a Mudança do Cenário
A Netflix nasceu com uma proposta diferente. Inicialmente, alugava DVDs por correio, mas logo se transformou em um serviço de streaming. A ideia era oferecer uma alternativa simples, acessível e, claro, livre das multas que tanto incomodavam. O serviço chegou ao Brasil em setembro de 2011, com um custo mensal de apenas R$ 15,00.
Naquela época, a velocidade da internet no Brasil ainda estava se desenvolvendo, mas o preço convidativo e um catálogo extenso rapidamente conquistaram o público. Os usuários podiam acessar uma variedade de filmes e séries, assistindo a qualquer hora e em qualquer lugar, o que era uma novidade para muitos.
Com o tempo, a plataforma adicionou novos conteúdos e investiu em produções originais, expandindo seu alcance. O sucesso da Netflix atraiu outras grandes empresas para o mercado de streaming. Companhias como Amazon com o Prime Video, HBO com o Max, Disney com o Disney+ e Apple com a Apple TV+ entraram na disputa, aumentando a concorrência e a oferta de conteúdo. Assim, o cenário do entretenimento digital começou a ficar mais diversificado.
Em termos de conteúdo e finanças, assinar serviços de streaming se mostrava mais vantajoso do que manter uma TV por assinatura tradicional. Os consumidores tinham a liberdade de escolher o que assistir, quando quisessem, pagando uma fração do valor da TV a cabo. Essa flexibilidade era um grande atrativo.
Essa situação era ideal, mas não durou muito tempo. Um levantamento de 2024 indicou que a Netflix aumentou o preço de sua assinatura em 300% em 13 anos. O plano básico, que antes custava R$ 15,00, passou a ser R$ 44,90, refletindo uma mudança significativa na política de preços da empresa e no custo para o consumidor.
Pode parecer que existe um plano mais barato, custando R$ 20,90, mas esse não é o equivalente ao plano original. O plano atual que oferece características semelhantes ao de 2011 – acesso a conteúdos em Full HD e duas telas simultâneas – é o plano Padrão. Este está custando R$ 44,90, representando um aumento de três vezes o valor inicial.
O plano mais acessível, que foi criado nos últimos anos, apresenta outra estratégia das empresas de streaming para aumentar os lucros. Cientes da impopularidade dos aumentos de preço diretos, a alternativa encontrada foi lançar planos com a inclusão de propagandas, buscando novas fontes de receita. Essa mudança impacta diretamente a experiência do usuário.
A tranquilidade de assistir a uma série sem interrupções se transformou em uma experiência que se assemelha à TV por assinatura, onde o conteúdo é cortado por comerciais. Essa alteração na dinâmica do consumo gerou insatisfação entre os assinantes, que esperavam uma experiência livre de anúncios em um serviço pago.
Quando interrupções ocorrem em plataformas gratuitas, como YouTube ou Spotify (que uso para podcasts), o incômodo é aceitável, pois são serviços sem custo. No entanto, ter que pagar por um serviço e ainda assim ser obrigado a ver anúncios é uma situação que muitos consideram questionável. No caso do Spotify, todos os planos ficaram mais caros.
Se fosse um serviço gratuito como o Mercado Play, não haveria problema, mas não é o caso aqui. Inclusive, poderia ter uma opção sem propaganda para assinantes do Meli+, que é da mesma empresa, o Mercado Livre. Já que pagamos, seria interessante ter essa vantagem. O cenário se estende além de filmes e séries.
Outras áreas também observam aumentos. A Adobe, por exemplo, elevou o preço do Creative Cloud. O Xbox planeja aumentar o custo do Game Pass, e a PlayStation já subiu o preço da Plus. Esses movimentos no mercado de assinaturas demonstram uma tendência generalizada de reajustes em diversos setores de serviços digitais.
Streamings não valem mais a pena?
O que antes era considerado uma solução prática e barata, parece não compensar tanto quanto antes. É verdade que ainda é mais econômico do que comprar individualmente cada filme, série, jogo ou álbum de música. Contudo, a praticidade que era o grande atrativo dos serviços digitais está sendo testada.
Recentemente, para assistir a um filme querido, o Blade Runner 2049, encontrei dificuldades. O único serviço que o oferecia era a Apple TV, e apenas para aluguel. Mesmo com a assinatura de R$ 21,90, o acesso ao filme não estava incluso. Isso mostra um cenário onde ter uma assinatura nem sempre garante a disponibilidade do conteúdo.
A situação é ainda mais complexa com a Amazon, que por vezes anuncia um filme disponível no Prime Video, mas exige uma assinatura premium adicional para acessá-lo. Essa prática pode gerar frustração, fazendo com que o usuário se sinta enganado ao procurar por um conteúdo que esperava estar incluso.
Todo esse cenário tem levado os consumidores a reavaliar suas escolhas. Mídias físicas e, até mesmo, a pirataria voltam a ser consideradas opções, mas por razões distintas. A conveniência e o custo dos streamings, que antes eram seus pontos fortes, agora são vistos como desvantagens.
A compra de mídias físicas, como filmes em Blu-ray ou álbuns em vinil, oferece a vantagem de ter acesso livre e irrestrito ao conteúdo, sem a necessidade de assinaturas que somadas podem pesar no bolso. Um relatório sobre o Mercado Brasileiro de Música revelou um crescimento de 31,5% nas vendas de álbuns físicos. Os vinis representaram 76,7% desse faturamento, e esses números referem-se apenas a produtos novos, indicando que o total pode ser ainda maior se incluirmos o mercado de usados.
A pirataria, por sua vez, havia perdido atratividade devido à praticidade dos serviços de streaming. Em 2024, houve uma desaceleração no crescimento da pirataria audiovisual na América Latina, com apenas 0,1% de aumento em relação aos números de 2023. No entanto, é importante notar que essa desaceleração ocorreu após alguns anos de forte crescimento, com um aumento de 7,88% entre 2022 e 2023.
Essa retomada da pirataria é compreensível. As formas alternativas de acesso ao conteúdo tornam-se muito atraentes para quem não consegue arcar financeiramente com as assinaturas. Isso inclui tanto pessoas de baixa renda quanto aquelas que, mesmo com maior poder aquisitivo, preferem não pagar por múltiplos serviços apenas para assistir a uma série específica. Há também opções para promoções de jogos para PC no fim de semana, mas essas ofertas podem não ser válidas para o Brasil.
Uma terceira opção, muito utilizada, é o compartilhamento de contas. Isso permitia que usuários dividissem o custo, pagando uma fração do valor total. Contudo, as empresas têm intensificado o combate a essa prática, pois ela resulta em um número menor de assinantes pagantes e uma redução na receita geral.
A Netflix, em 2023, implementou a política de “residência Netflix”, exigindo que os usuários utilizassem a conta na mesma residência. Caso contrário, seria necessário pedir permissão para viagens ou adquirir um acesso de assinante extra. A comunicação confusa dessa decisão levou o Procon de SP a intervir, resultando em uma multa de R$ 12,5 milhões aplicada pelo TJ-SP à empresa, que ainda pode recorrer da decisão. Esta situação levanta questões sobre o futuro dos smartphones e a maneira como acessamos conteúdo.
A atitude da Netflix serviu de precedente. Esse sistema de compartilhamento pago de contas foi adotado por outras plataformas, como Disney+ e Max. Parece que essa nova realidade veio para ficar, alterando a forma como os usuários acessam seus conteúdos e as regras de utilização das plataformas de streaming.
O que antes era uma solução conveniente e vantajosa para o consumo de entretenimento digital, está se transformando em um novo desafio. Com o aumento dos preços, a inserção de anúncios e as restrições ao compartilhamento, os serviços de streaming enfrentam um momento de redefinição de valor. É um cenário que muda rapidamente, e os consumidores precisam estar atentos às melhores escolhas para suas necessidades de entretenimento. Para quem busca filmes e séries na Netflix, há opções como 7 filmes e séries para assistir na Netflix neste fim de semana (29/08), mas o custo total de todas as assinaturas pode ser considerável.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.