Robôs no WhatsApp disseminam desinformação sobre Gleisi Hoffmann

Campanha utiliza robôs no WhatsApp para espalhar mentiras sobre Gleisi Hoffmann e crise no INSS.
Atualizado há 5 horas
Robôs no WhatsApp disseminam desinformação sobre Gleisi Hoffmann
Robôs no WhatsApp espalham fake news sobre Gleisi Hoffmann e crise do INSS. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • Robôs no WhatsApp foram usados para atacar Gleisi Hoffmann com informações falsas sobre sua ligação com o INSS.
    • Essa ação visa influenciar a percepção pública e mexer com a política nacional.
    • A desinformação pode afetar a opinião pública e a situação política da ministra.
    • Grupos de monitoramento alertam para o aumento da desinformação nas redes sociais.
<p>Contas automatizadas no <strong>WhatsApp</strong> foram usadas numa ação coordenada para disseminar informações falsas ou fora de contexto sobre a ministra <strong>Gleisi Hoffmann</strong>. A campanha buscava associá-la à recente crise no <strong>INSS</strong>, e ocorreu logo após um deputado federal ser alvo de um pedido de suspensão por ofensas contra ela. A análise é da Palver, que monitora grupos públicos no aplicativo.</p>

<h2>O Início da Campanha de Disparos</h2>
<p>Tudo começou na quarta-feira (30), por volta das 6h da manhã. Milhares de contas com comportamento suspeito, indicando automação (os famosos <strong>robôs no WhatsApp</strong>), começaram a disparar mensagens em mais de 100 mil grupos públicos monitorados pela Palver. O padrão era semelhante ao de outras campanhas de <strong>desinformação</strong> já identificadas anteriormente.</p>
<p>Essa movimentação intensa aconteceu um dia <em>depois</em> que a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados recomendou a suspensão do mandato do deputado <strong>Gilvan da Federal</strong> (PL-ES) por seis meses. O motivo? Quebra de decoro parlamentar.</p>

<h3>O Caso Gilvan da Federal</h3>
<p>Durante uma sessão na Câmara, o deputado Gilvan chamou a ministra <strong>Gleisi Hoffmann</strong> de "prostituta". Ele fez referência ao codinome "Amante", que apareceu na lista da Odebrecht entregue durante a Operação Lava Jato. É importante notar que, nesse processo específico, Gleisi foi <strong>absolvida por unanimidade</strong> pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018.</p>
<p>A repercussão da possível suspensão de Gilvan parece ter sido o gatilho para a campanha de desinformação no <strong>WhatsApp</strong>.</p>

<h2>As Táticas Usadas na Desinformação</h2>
<p>A campanha utilizou algumas estratégias bem conhecidas para espalhar conteúdo enganoso. Vamos dar uma olhada:</p>
<ul>
    <li><strong>Reciclagem de Notícias Antigas:</strong> Começaram a circular links de notícias antigas, principalmente de 2016. Essas matérias falavam de uma investigação sobre a empresa Consist, que ainda tramita no STF. O objetivo era insinuar que Gleisi estava envolvida em esquemas de corrupção ligados ao <strong>INSS</strong>, embora essa investigação não tenha relação direta com a crise atual que levou à saída do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.</li>
    <li><strong>Conexão Artificial:</strong> As mensagens conectavam artificialmente a investigação antiga com a crise recente do <strong>INSS</strong>. A ideia era criar uma impressão de continuidade nos desvios e colocar a ministra como figura central.</li>
    <li><strong>Narrativa Falsa sobre Lupi:</strong> Espalharam afirmações de que Gleisi seria contra a demissão de Carlos Lupi porque queria "continuar roubando". Essa interpretação ignora o papel dela como Ministra das Relações Institucionais, cuja função inclui manter a articulação política do governo, inclusive com partidos como o PDT (partido de Lupi).</li>
    <li><strong>Vídeo Fora de Contexto:</strong> No meio da manhã, um <strong>vídeo gravado em 2017</strong> começou a circular massivamente. Nele, uma mulher hostiliza Gleisi dentro de um avião, acusando-a de corrupção e de roubar dinheiro de aposentados. O vídeo foi compartilhado como se fosse recente, sem mencionar a data original. Vale lembrar que a autora desse ataque foi condenada a indenizar Gleisi por danos morais em 2019. A intenção era passar a sensação de que a indignação contra a ministra era atual e generalizada.</li>
    <li><strong>Distorção sobre a Punição:</strong> Por fim, dispararam manchetes afirmando que Gilvan poderia ser suspenso por chamar a ministra de "amante". Essa versão <strong>omitia o uso do termo "prostituta"</strong>, que foi o ponto central da acusação por quebra de decoro. Ao omitir o insulto mais grave, a narrativa transformava o deputado em vítima de censura por, supostamente, apenas "denunciar a corrupção".</li>
</ul>

<h3>A Engenharia da Opinião</h3>
<p>A forma como a campanha foi estruturada segue uma lógica comum em ações de <strong>desinformação</strong>. As mensagens não fazem acusações diretas, mas organizam diferentes peças de conteúdo (notícias antigas, vídeos fora de contexto, informações distorcidas) para <em>sugerir</em> uma história.</p>
<p>Primeiro, associam a ministra à crise do <strong>INSS</strong> usando material antigo e desconectado. Depois, reforçam essa imagem com conteúdos que parecem recentes, como o vídeo antigo e a falsa motivação sobre a demissão de Lupi. Por último, transformam o deputado punido por agressão verbal em um suposto herói perseguido.</p>
<p>A análise dos grupos monitorados pela Palver mostra como sentimentos de indignação são cuidadosamente estimulados. A ministra não é apenas ligada à crise; ela se torna um símbolo dela. E quem a ataca, mesmo com informações falsas ou distorcidas, é retratado como mártir. É um exemplo claro de como narrativas são construídas no ambiente digital.</p>

<p>Este cenário evidencia como as plataformas de mensagens, como o <strong>WhatsApp</strong>, continuam sendo um campo fértil para a disseminação rápida e coordenada de <strong>desinformação</strong>, influenciando a percepção pública sobre figuras e eventos políticos.</p>
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André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.