Samsung e a preocupação com o excesso de IA em dispositivos

A Samsung está cada vez mais apostando na inteligência artificial (IA) em sua estratégia mobile. No evento Unpacked do Galaxy S24, a empresa dedicou grande parte do tempo para falar sobre a Galaxy AI. Essa tendência se repetiu no lançamento do Galaxy S25, mostrando a importância que a IA tem para a Samsung. Mas será que essa obsessão por IA pode trazer problemas?

A Google tem um papel importante nessa estratégia, fornecendo tecnologia de IA para diversos recursos nos dispositivos Galaxy. O Gemini AI substituiu o Bixby como assistente de conversação preferido e algumas funções avançadas do Gemini foram exclusivas da linha Galaxy S25 por tempo limitado. A influência da Google é tanta que a Samsung pode começar a cobrar por alguns recursos da Galaxy AI já no final deste ano.

Mesmo com a melhor experiência da Galaxy AI, muitos usuários não aproveitam todos os recursos ou nem entendem para que servem. Os aparelhos modernos vêm com tantas funções que é difícil usar tudo. Enquanto a Samsung foca em aprimorar o hardware, a empresa parece estar testando várias opções de IA em seus dispositivos móveis para ver o que funciona.

A Samsung também está negociando com outras empresas de IA, como a OpenAI, criadora do ChatGPT, para adicionar funcionalidades de IA aos seus aparelhos. A ideia é fazer algo parecido com o que a OpenAI fez com a Apple Intelligence. Além disso, a Samsung estaria conversando com a Perplexity, um assistente de busca conversacional que quer competir com o Google, para trazer experiências de IA para celulares e tablets Galaxy.

A Busca por Novas IAs e o Risco de AI Bloatware nos Dispositivos Samsung

Um executivo do Google confirmou que a Samsung está conversando com várias empresas de IA para criar experiências que rivalizem com o Gemini em seus produtos. Se a Samsung abrir sua plataforma, a Microsoft também pode entrar na jogada. Os dispositivos Galaxy já vêm com aplicativos da Microsoft pré-instalados, como o M365 Copilot, a versão com IA do Office para mobile. E tudo isso além do que a Samsung está desenvolvendo com a Galaxy AI.

Se você usou um celular Samsung entre 2010 e 2015, deve se lembrar da quantidade enorme de bloatware que vinha instalada. Tinha uma alternativa da Samsung para quase todos os aplicativos nativos do Google, além de vários apps de parceiros. Nos Estados Unidos, os usuários ainda tinham que lidar com aplicativos indesejados das operadoras de celular.

Esses aplicativos não só ocupavam espaço no aparelho, como também enchiam o usuário de notificações, selos e até anúncios. No fim das contas, eles consumiam gigabytes de armazenamento e prejudicavam a experiência do usuário. Essa prática chegou a gerar um processo contra a Samsung na China, até que a empresa permitiu que os usuários desinstalassem os aplicativos inúteis.

A Samsung só se comprometeu a remover o “cumbersome bloatware” de seus aparelhos com o Galaxy S6 em 2015. Mesmo não sendo tão grave quanto antes, celulares mais recentes, como a linha Galaxy S23, ainda perdem uma boa parte do armazenamento interno por causa desses aplicativos. E, para piorar, os aparelhos mais novos nem têm entrada para cartão microSD. Será que estamos caminhando para um AI bloatware armageddon nos dispositivos Samsung?

As empresas de IA estão de olho na vasta base de usuários da Samsung, que oferece acesso a milhões de pessoas em todo o mundo. Esses usuários forneceriam dados para usar os serviços de IA, e dados são o novo petróleo na era da inteligência artificial. A Samsung não precisa ir atrás dessas empresas para colocar seus serviços de IA nos aparelhos Galaxy. Elas virão até a Samsung e provavelmente pagarão por isso. O Google já paga uma quantia enorme para a Samsung todo mês só para ter o aplicativo Gemini instalado em seus celulares.

Mais Aplicativos de IA Significam Melhores Experiências?

Assim como mais aplicativos de câmera ou de anotações não significavam experiências melhores antigamente, mais aplicativos de IA não vão necessariamente trazer experiências melhores agora. Pode haver sobreposição entre eles, e cada aplicativo de IA pode parecer apenas uma pequena melhoria, em vez de algo revolucionário.

Na verdade, pode ser até prejudicial, causando uma paralisia de análise e sobrecarga cognitiva para os usuários. Eles terão que descobrir qual aplicativo de IA é melhor que o outro. A IA pode ficar fragmentada nos dispositivos Galaxy e, em vez de uma interface unificada e intuitiva, os usuários ficarão se perguntando qual IA usar para cada tarefa e quando.

Já vimos essa situação antes com os assistentes de voz inteligentes. Os aparelhos da Samsung já vêm com o Bixby e o Google Assistant pré-instalados. Quem se sentisse mais aventureiro podia instalar a Alexa, da Amazon, pela Play Store. E a Cortana, da Microsoft, também estava na jogada até 2021.

Quando tudo tem um selo de IA, a novidade acaba rápido e os recursos realmente úteis se perdem no meio da confusão. Os usuários não querem IA em todos os lugares, mas sim onde ela realmente ajuda a economizar tempo ou fazer coisas que não eram possíveis antes em um dispositivo.

Se a Samsung seguir por esse caminho, pode acabar priorizando parcerias em vez de criar uma camada de IA perfeita e integrada em todos os dispositivos. Quando a IA vira uma lista de itens a serem marcados em vez de uma bússola, paramos de criar celulares para as pessoas e começamos a criar plataformas para o hype.

É importante lembrar que a Google anunciou que a Samsung pode adicionar mais aplicativos de IA para celulares.

Eu, particularmente, não gostaria de pagar caro por um celular Galaxy top de linha que virou um zoológico de aplicativos de IA. As transformações do 5G já trouxeram muitas mudanças, e a IA pode ser mais uma delas, se usada corretamente.

Primeira: Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Segunda: Via SamMobile

André Luiz

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.