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- Santarém, no Pará, era um centro cerimonial indígena sofisticado antes da chegada dos europeus, liderado por xamãs.
- Você pode entender melhor a complexidade social e cultural da Amazônia pré-colonial através dessas descobertas.
- Essa pesquisa redefine a compreensão sobre a densidade populacional e a organização social na Amazônia antes da colonização.
- Os artefatos encontrados, como cerâmicas e estatuetas, revelam práticas rituais e a influência dos xamãs na região.
É verdade que Santarém, no Pará, já foi uma espécie de Meca para os povos indígenas da Amazônia antes da chegada dos europeus? Um estudo recente aponta que a região era um centro cerimonial sofisticado, liderado por poderosos xamãs. As escavações na área urbana da cidade revelam uma nova perspectiva sobre a complexidade social e a densidade populacional da Amazônia pré-colonial.
Santarém: Um Centro Cerimonial na Amazônia Pré-Colonial
A arqueóloga Denise Cavalcante Gomes, do Museu Nacional da UFRJ, publicou um artigo no Journal of Field Archaeology detalhando seu trabalho em dois grandes sítios arqueológicos: Aldeia (121 hectares) e Porto (89 hectares). Ambos os locais, localizados às margens do rio Tapajós, foram continuamente ocupados por séculos antes da chegada dos portugueses e estavam próximos um do outro, separados por um lago que hoje está aterrado.
Santarém é conhecida há décadas como uma joia da arqueologia amazônica. A cerâmica tapajônica, característica da região, se destaca pela complexidade de sua decoração e pinturas. Entre os artefatos encontrados, destacam-se os vasos de cariátides, as estatuetas humanas e os muiraquitãs, feitos de pedra verde e frequentemente com a forma de sapos estilizados.
A Complexidade Social de Santarém Antes da Colonização
A complexidade artística e a vasta área dos sítios arqueológicos levaram pesquisadores a sugerir que Santarém era um centro urbano dominado por uma elite poderosa. No entanto, escavações em áreas mais distantes da cidade revelaram diferentes tipos de assentamentos, com cerâmicas distintas, indicando que a influência do centro de poder pode não ter sido tão abrangente.
Gomes explica que o novo estudo é resultado de escavações realizadas entre 2006 e 2015, seguidas de análises e datações que confirmaram a ocupação contínua dos sítios Aldeia e Porto entre os anos 1200 e 1600 d.C. A arqueóloga precisou de métodos inusitados para realizar as escavações, já que boa parte do material arqueológico estava coberto por asfalto e concreto.
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“Isso exigia o convencimento deles, o que me permitia ficar cerca de um mês escavando em cada uma das unidades dos sítios”, diz ela. “Entrei em quintais de residências, estabelecimentos comerciais e até um bordel, tudo para delimitar os dois sítios e o lago que os separava.” A região do Pará, inclusive, é onde se encontra a maior parte dos sítios arqueológicos, sendo importante a preservação da vegetação próxima a sítios arqueológicos.
O Xamanismo e a Cerâmica Cerimonial em Santarém
Em ambos os sítios, Gomes identificou camadas de terra preta e fragmentos de cerâmica, tanto doméstica quanto cerimonial. A cerâmica mais refinada era particularmente abundante no sítio Aldeia, associada a antigas covas onde a cerâmica cerimonial parecia ter sido intencionalmente quebrada e enterrada.
Esse padrão está ligado ao xamanismo amazônico, onde “desligar” o poder mágico de um artefato após um ritual é uma prática comum. As figuras de humanos e animais, assim como as estatuetas de homens sentados, podem representar os xamãs em seus transes e jornadas espirituais. Inclusive, a Civilização Chavín usava alucinógenos para controlar hierarquia social, revela estudo.
Conteúdo indisponível: Santarém como Centro de Convergência Ritual
A arqueóloga resume sua visão sobre Santarém, no Pará, antes da chegada dos europeus. Segundo ela, a cidade era uma sociedade pré-colonial densamente povoada, com grandes aldeias e uma atividade cerimonial vibrante. Chefes e xamãs eram figuras de prestígio e poder, mas a hierarquia não se traduzia em centralização política. Em vez disso, Santarém funcionava como um local de convergência ritual.
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