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- Sebastião Salgado e Lélia Wanick transformaram uma fazenda degradada em uma floresta, recuperando 2 mil nascentes.
- O projeto mostra como ações locais podem ter impactos globais na preservação ambiental.
- A iniciativa beneficiou a biodiversidade e as comunidades locais, melhorando a qualidade da água e do solo.
- O Instituto Terra, criado pelo casal, se tornou referência em reflorestamento e educação ambiental.
Começar um projeto de reflorestamento pode parecer uma tarefa gigantesca, mas a história de Sebastião Salgado plantou uma floresta mostra que é possível transformar áreas degradadas em verdadeiros santuários ecológicos. Em 1998, o renomado fotógrafo e sua esposa, Lélia Wanick, iniciaram um projeto ambicioso na fazenda onde Salgado cresceu, em Aimorés, Minas Gerais. O resultado? Uma das mais importantes ONGs brasileiras, o Instituto Terra, e a recuperação de milhares de nascentes.
A Transformação da Fazenda Bulcão
Após anos viajando pelo mundo para documentar tragédias humanitárias, Sebastião Salgado e Lélia Wanick retornaram ao Brasil e se depararam com um cenário desolador na Fazenda Bulcão. A propriedade, antes exuberante, estava completamente degradada, com o solo árido e rios secos. A visão da terra natal devastada impactou profundamente o casal, motivando-os a tomar uma atitude radical.
Foi então que Lélia teve a ideia de plantar uma floresta no local. O projeto, que a princípio parecia uma tarefa simples, revelou-se complexo e desafiador. “Claro que naquela hora, na minha cabeça, a gente sairia de férias para plantar um bando de árvores. De repente, não era nada disso”, contou Wanick em uma entrevista de 2015. A empreitada exigiria tempo, recursos e muita ajuda.
O Nascimento do Instituto Terra
Em novembro de 1999, o casal Salgado deu o pontapé inicial ao projeto de reflorestamento com o plantio de dez mil mudas, marcando o nascimento do Instituto Terra. Inicialmente, a equipe era composta apenas por Sebastião, Lélia, um engenheiro florestal e dois vaqueiros. Hoje, o instituto conta com 126 colaboradores, além de inúmeros doadores e patrocinadores.
O número de pessoas envolvidas no projeto é pequeno se comparado à quantidade de novos moradores que a fazenda atraiu. Ao longo dos anos, foram plantadas mais de 7 milhões de mudas, transformando a área em uma “floresta criança”, como carinhosamente a apelidou Lélia Wanick. Para Sebastião Salgado, plantar uma árvore é como criar um filho: requer cuidado e atenção constantes para garantir sua sobrevivência até a idade adulta.
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O Retorno da Vida Selvagem
O reflorestamento com mais de 300 espécies nativas da Mata Atlântica trouxe uma série de impactos positivos. Os primeiros a retornar foram os animais que se alimentam diretamente dos vegetais, como insetos, aves e pequenos mamíferos. Esses animais, por sua vez, atraíram predadores, e assim a cadeia alimentar foi se restabelecendo.
Em 2011, a comunidade celebrou a chegada de uma família de jaguatiricas na fazenda. Treze anos depois, a alegria se repetiu com a detecção de famílias de onças-pardas e lobos-guará. A presença desses predadores de topo de cadeia é um forte indicador de que o ecossistema está se tornando complexo e autossuficiente.
Além dos grandes predadores, outros animais que indicam a saúde da floresta também encontraram um lar seguro na Fazenda Bulcão. O sagui-da-serra, por exemplo, é um primata da Mata Atlântica que está em perigo crítico de extinção.
A Recuperação das Nascentes
Um dos resultados mais impressionantes do reflorestamento foi o retorno de mais de 2 mil nascentes para a bacia do rio Doce. Essas nascentes haviam desaparecido devido à falta de sombra, solo desprotegido e ausência de vegetação nativa. Com a restauração da floresta, as nascentes puderam se restabelecer, beneficiando diretamente as famílias da região, especialmente os pequenos produtores rurais.
Atualmente, o Instituto Terra promove programas de educação ambiental para a comunidade local, com foco no desenvolvimento sustentável e agroecológico da região. Em 2024, após a restauração de quase todos os 700 hectares originais, o instituto expandiu seu território para mais de 2 mil hectares, ampliando ainda mais seu impacto positivo.
O trabalho no Instituto Terra também renovou as energias de Sebastião Salgado para continuar sua carreira de fotógrafo. Após concluir o projeto Êxodos, ele se sentia deprimido e desesperançoso com o futuro da humanidade. No entanto, testemunhar o retorno das espécies em Aimorés reacendeu sua fé e o inspirou a iniciar o projeto Genesis, em 2013, que o levou a viajar pelo mundo para retratar a conexão entre a natureza e os povos indígenas.
“Eu terminei o Genesis muito mais otimista – não em relação à espécie humana, mas ao planeta”, afirma Salgado. “As espécies das formigas e das baleias são tão importantes quanto a espécie humana. Eu percebi que, de qualquer forma, o planeta vai viver.” Projetos como o de Sebastião Salgado plantou uma floresta nos mostram que a recuperação ambiental é possível.
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