O sinal de 5G no Brasil ainda enfrenta desafios significativos. Segundo um relatório da Opensignal, a conexão 5G está disponível apenas 11% do tempo, enquanto na Índia, essa disponibilidade chega a 52%. Apesar disso, o Brasil se destaca com velocidades de download mais altas. Vamos explorar os motivos por trás dessa discrepância e o que pode ser feito para melhorar a situação.
Comparação com a Índia
A comparação entre Brasil e Índia no que diz respeito ao sinal 5G revela diferenças marcantes.
Enquanto no Brasil a disponibilidade do 5G é de apenas 11% do tempo, na Índia esse número salta para 52%. Essa discrepância pode ser atribuída a várias razões, incluindo a estratégia de uso do espectro e a infraestrutura disponível em cada país.
No Brasil, a maioria das conexões 5G ocorre em frequências mais altas, como 3,5 GHz, que oferecem maior velocidade, mas menor alcance.
Já na Índia, uma parte significativa das conexões utiliza a frequência de 700 MHz, que, apesar de oferecer velocidades menores, garante uma cobertura mais ampla e estável.
Além disso, a densidade populacional e a infraestrutura de backhaul de fibra óptica também desempenham um papel crucial na disponibilidade do sinal.
Na Índia, a alta densidade populacional e a limitação de backhaul podem impactar negativamente a velocidade, mas a estratégia de espectro compensa com uma maior cobertura.
Estratégia de Uso do Espectro
A estratégia de uso do espectro é um dos fatores determinantes para a disponibilidade do sinal 5G no Brasil e na Índia.
No Brasil, 99% das medições de conexão 5G são feitas em frequências mais altas, como 3,5 GHz. Essas frequências são conhecidas por oferecerem velocidades de download mais rápidas, mas têm um alcance menor, o que limita a cobertura em áreas mais amplas.
Por outro lado, a Índia adota uma abordagem diferente, utilizando espectros mais baixos, como 700 MHz, em 16% das conexões. Essa escolha permite uma cobertura mais extensa, já que frequências mais baixas têm um alcance maior e são mais eficazes em ambientes internos e áreas rurais. No entanto, essa estratégia pode resultar em velocidades de download mais lentas.
Essa diferença na estratégia de espectro reflete as prioridades de cada país. Enquanto o Brasil foca em oferecer velocidades mais altas, a Índia prioriza a cobertura ampla, garantindo que mais usuários tenham acesso ao 5G, mesmo que a velocidade seja menor. Essa abordagem pode ser mais vantajosa em regiões com alta densidade populacional e infraestrutura limitada.
Desvantagens do 700 MHz
Embora a frequência de 700 MHz ofereça vantagens significativas em termos de cobertura, ela também apresenta algumas desvantagens.
A principal delas é a velocidade de acesso. Frequências mais baixas, como 700 MHz, tendem a oferecer velocidades de download menores em comparação com frequências mais altas, como 3,5 GHz.
Essa diferença de velocidade pode ser um fator crítico em áreas urbanas, onde a demanda por dados é alta e os usuários esperam uma experiência de internet rápida e sem interrupções.
No Brasil, por exemplo, a média de velocidade de download em 5G é de 349 Mb/s, enquanto na Índia, que utiliza mais o espectro de 700 MHz, a média é de 243,3 Mb/s.
Além disso, a menor largura de banda disponível nas frequências mais baixas pode limitar a capacidade de suportar um grande número de usuários simultaneamente, o que pode resultar em congestionamento e degradação da qualidade do serviço em horários de pico.
Cobertura em Municípios Brasileiros
A cobertura do 5G nos municípios brasileiros ainda está em expansão, mas já alcançou 799 cidades. Esse número representa um avanço significativo, mas ainda há muito a ser feito para que a tecnologia esteja disponível em todo o território nacional.
Entre as operadoras, a TIM lidera com cobertura em 495 municípios, seguida pela Vivo com 394, Claro com 268, Brisanet com 144 e Algar com 33. Essas empresas têm trabalhado para ampliar a presença do 5G, mas a cobertura ainda é limitada quando comparada ao 4G, que está presente em cerca de 5,5 mil cidades.
É importante lembrar que a cobertura em um município não significa que o sinal 5G está disponível em toda a sua extensão. Muitas vezes, o serviço está restrito a áreas específicas, como centros urbanos, e não atinge regiões mais afastadas ou rurais.
Para melhorar essa situação, as operadoras precisam continuar investindo em infraestrutura e expandindo suas redes, especialmente em áreas menos atendidas. Além disso, o cumprimento dos compromissos de cobertura estabelecidos no leilão do 5G será crucial para garantir que mais brasileiros tenham acesso à tecnologia até 2030.
Compromissos das Operadoras
Os compromissos das operadoras em relação ao 5G no Brasil são fundamentais para a expansão da tecnologia no país. Durante o leilão das frequências, as operadoras assumiram uma série de obrigações de cobertura que se estendem até 2030.
Esses compromissos incluem a ampliação da infraestrutura e a garantia de que o sinal 5G chegue a um número crescente de municípios.
Essas obrigações são essenciais para assegurar que a tecnologia não fique restrita apenas aos grandes centros urbanos, mas também alcance áreas rurais e menos desenvolvidas. As operadoras devem investir em novas antenas e equipamentos para aumentar a cobertura e melhorar a qualidade do serviço.
Além disso, o cumprimento desses compromissos é monitorado por órgãos reguladores, que garantem que as metas estabelecidas sejam atingidas. Isso é crucial para que o Brasil possa acompanhar o ritmo de outros países e oferecer aos seus cidadãos os benefícios do 5G, como maior velocidade de conexão e novas oportunidades de inovação.
O sucesso na implementação do 5G depende não apenas do investimento das operadoras, mas também de políticas públicas que incentivem o desenvolvimento da infraestrutura e a adoção da tecnologia em todo o país.
Fonte: https://tecnoblog.net/noticias/sinal-de-5g-avanca-pouco-e-so-aparece-em-11-do-tempo-no-brasil/