A um dia da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, atualmente em 11,25% ao ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou preocupações sobre um possível aumento. A entidade argumenta que tal elevação demonstraria que o Banco Central estaria ignorando fatores cruciais dos cenários econômicos, tanto nacionais quanto internacionais.
Em nota divulgada, a CNI classificou uma política monetária ainda mais restritiva como “insistir no erro”. Isso se deve à redução significativa do impulso fiscal sobre a atividade econômica, especialmente considerando o pacote apresentado pelo governo ao Congresso. A inflação acumulada em 12 meses é a maior desde setembro de 2023, o que pressiona o Banco Central.
Apostas do Mercado e Expectativas para a Selic
O mercado financeiro, por sua vez, aposta em um aumento no ritmo de alta da Selic. A maioria das instituições consultadas espera uma elevação de 0,75 ponto percentual, levando a taxa para 12%. Este cenário é o base para 26 das 39 instituições que participaram de uma pesquisa relâmpago realizada recentemente. Além disso, 11 instituições preveem uma alta ainda maior, de 1 ponto percentual, em seus cenários.
Essa expectativa ganhou força após a desancoragem das previsões de inflação no último boletim Focus e a persistência do câmbio em torno de R$ 6. A CNI, no entanto, acredita que o Banco Central deve considerar a desaceleração da economia brasileira, que já está em curso, e a tendência de cortes de juros nas principais economias globais.
Enquanto o setor financeiro mantém uma visão cética sobre os resultados do pacote fiscal, a CNI acredita que as medidas propostas irão melhorar a sintonia entre as políticas fiscal e monetária. A entidade também destacou que o pacote inclui medidas estruturais, como a revisão das regras de reajuste do salário mínimo e do abono salarial.
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Impactos da Inflação e Projeções Fiscais
Sobre a inflação, a CNI prevê que as propostas apresentadas vão impor um freio adicional no impulso fiscal sobre a economia. A expectativa é que as despesas federais registrem uma queda de 1,8% no segundo semestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023, desconsiderando o pagamento adicional de precatórios.
Além disso, a CNI estima que as despesas terão um crescimento real de 2,1% em 2025, um ritmo menor do que o previsto para 2024, que é de 4,1%. A entidade também observou que o limite inferior da meta fiscal de resultado primário deverá ser cumprido neste ano.
Para a CNI, a reação negativa do mercado ao pacote fiscal, que resultou em uma desvalorização da taxa de câmbio e alta nos juros futuros, será revertida. A reforma da renda que será enviada ao Congresso é vista como neutra do ponto de vista fiscal. A CNI enfatizou que decisões de política monetária não devem ser tomadas com base em efeitos temporários.
Consequências do Aumento da Selic
Elevar a taxa Selic, segundo a CNI, seria um movimento contrário ao esforço fiscal em andamento, pois aumentaria o custo da dívida pública. Cada ponto percentual a mais na Selic representa um acréscimo de R$ 50,3 bilhões na dívida bruta, conforme estimativas do próprio Banco Central.
Ricardo Alban, presidente da CNI, afirmou que seria “totalmente inoportuno” para o Banco Central aumentar a Selic neste momento. Ele argumentou que tal medida seria excessiva para controlar a inflação e traria restrições adicionais ao crescimento do país.
Além disso, a CNI acredita que condições climáticas mais favoráveis em 2025 devem contribuir para uma desaceleração significativa dos preços de alimentos e energia, que são atualmente fontes de pressão inflacionária.
Com a expectativa de uma decisão do Copom iminente, o cenário econômico continua a ser monitorado de perto por analistas e investidores. A CNI e o mercado financeiro estão em lados opostos quanto à necessidade de um aumento na Selic, refletindo a complexidade da situação econômica atual.
Via IstoÉ