Trilhas through Daybreak prova que jogos podem ser normais sobre pessoas trans

Veja como o jogo Trails through Daybreak aborda a normalização da representação trans de forma simples e natural.
Atualizado há 12 horas
Trails through Daybreak

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Em Trails through Daybreak, a representação de personagens trans é tratada com naturalidade, mostrando que os jogos podem abordar temas de diversidade de forma orgânica e relevante. O jogo se destaca por apresentar heróis diversos, incluindo minorias étnicas e personagens queer, que se unem para combater a opressão e a discriminação em um cenário multicultural. Essa abordagem inovadora e inclusiva tem gerado discussões positivas entre os fãs e críticos, consolidando a importância da representatividade nos jogos.

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A Naturalidade da Representação Trans em Trails through Daybreak

Uma das características mais notáveis de Trails through Daybreak é a forma como a identidade trans é integrada à narrativa. Em vez de transformar a questão em um grande evento, o jogo a trata com a mesma naturalidade que qualquer outro aspecto da vida dos personagens. Essa abordagem sutil permite que os jogadores se conectem com os personagens em um nível mais profundo, sem reduzir sua identidade a um único traço.

Um exemplo dessa naturalidade é a interação entre Van Arkride e um novo membro do grupo, Quatre. A simples pergunta de Van sobre os pronomes de Quatre, embora surpreendente para o próprio Quatre, demonstra uma tentativa respeitosa de entender a identidade de gênero do personagem. A reação dos outros membros do grupo, especialmente os mais jovens, que se mostram ofendidos com a pergunta, reflete a diversidade de perspectivas e a complexidade das discussões sobre gênero na sociedade.

A reação dos fãs de The Legend of Heroes à inclusão de um personagem queer também foi notável. A maioria dos jogadores aceitou a representação de forma positiva, demonstrando uma crescente abertura e aceitação em relação à diversidade nos jogos. Esse apoio da comunidade reforça a importância de continuar incluindo personagens diversos e autênticos em futuras produções.

Além disso, a forma como Trails through Daybreak aborda a diversidade étnica e cultural também merece destaque. Ao apresentar um elenco de personagens de diferentes origens e com diversas experiências de vida, o jogo oferece uma representação mais completa e realista da sociedade. Essa inclusão contribui para que mais jogadores se sintam representados e valorizados, fortalecendo a importância da diversidade nos jogos.

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Um Histórico de Inclusão na Série The Legend of Heroes

A série The Legend of Heroes sempre se destacou por sua atenção à diversidade racial e étnica em seus cenários. Desde o início, os jogos da série apresentavam contrapartidas ficcionais de países e culturas do mundo real, com suas próprias roupas, governos e arquiteturas. Essa abordagem permitiu que os jogadores explorassem diferentes perspectivas e aprendessem sobre outras culturas de forma envolvente e interativa.

A representação queer também esteve presente desde o início da série. O personagem Olivier, um bardo loiro alcoólatra e hipersexual, era conhecido por flertar com personagens de todos os gêneros e idades. Embora seu comportamento fosse frequentemente usado para alívio cômico, Olivier também adicionava uma camada de diversidade à narrativa, desafiando as normas tradicionais de gênero e sexualidade.

Ao longo dos anos, a série Trails continuou a evoluir em sua representação de personagens queer. A cena de crossdressing em um dos jogos, por exemplo, não se baseava no humor barato da transfobia, mas sim em como o personagem Joshua ficava mais bonito de vestido do que qualquer outra garota na peça. Além disso, uma história secundária em Trails in the Sky the 3rd sugeria que duas personagens secundárias, a prefeita Mabelle e sua empregada Lila, eram apaixonadas uma pela outra, normalizando a existência de pessoas queer no mundo do jogo.

Trails from Zero aprofundou ainda mais a normalização da presença de pessoas queer em Zemuria. O jogo introduziu Wazy Hemisphere, um garoto andrógino com longos cabelos verdes e um cropped top. Wazy era um líder de gangue que ajudava jovens sem um lugar na cidade grande, administrando um bar que não era apenas uma fachada. Sua relação com o protagonista, Lloyd, era cheia de nuances e humor, desafiando os estereótipos tradicionais de masculinidade.

A Evolução da Representação Queer na Série

A série Trails of Cold Steel também apresentou personagens queer, como Angelica Rogner, uma personagem que constantemente fazia investidas inapropriadas em seus colegas de classe. Embora seu comportamento fosse controverso, Angelica também representava uma tentativa de subverter as normas de gênero e sexualidade, mostrando que as mulheres também podem ser sexualmente assertivas.

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Ao longo dos vinte anos de história da série The Legend of Heroes, a representação de personagens queer evoluiu significativamente. O que antes era tratado como alívio cômico ou estereótipo se transformou em representações mais complexas e autênticas. Essa evolução reflete as mudanças na sociedade e a crescente conscientização sobre a importância da diversidade e inclusão.

Leona Renee, que trabalhou na localização de quase todos os jogos Trails na última década, observou essa mudança de direção da Falcom em Daybreak. Segundo ela, a intenção do desenvolvedor de criar uma história mais madura, juntamente com as mudanças na percepção pública da cultura queer, influenciaram a forma como os personagens são retratados.

Renee liderou a localização de Trails through Daybreak, incluindo a escolha do ator agênero John Patneaude para dar voz a Quatre. Segundo ela, a equipe estava ciente da identidade de Quatre e queria garantir que a representação fosse autêntica e respeitosa. O resultado é um personagem que não é definido apenas por sua identidade de gênero, mas sim por suas ações e sua jornada pessoal.

A Importância da Normalidade

Em Trails through Daybreak, a representação de Quatre como um personagem intersexo que escolhe ser um menino é um exemplo notável de como a identidade de gênero pode ser explorada de forma autêntica e respeitosa. O personagem usa bandagens para esconder o peito e evita cenas em onsen, demonstrando as complexidades e desafios enfrentados por pessoas trans em relação à sua imagem corporal.

Além disso, o jogo normaliza e valoriza os personagens queer em toda Zemuria. Personagens como Bermotti, um bartender extravagante com informações valiosas, são aliados importantes na luta contra a opressão. A forma como Van e os outros membros do grupo reagem ao flerte de Bermotti, sem homofobia ou repulsa, demonstra uma atitude de aceitação e respeito.

As histórias secundárias do jogo também exploram temas queer, como o blackmail de uma pessoa não assumida e um triângulo amoroso queer. Até mesmo os chefes do jogo, um mafioso corpulento e um assassino twinkish, têm uma relação um com o outro, mostrando que pessoas queer podem ser encontradas em todos os aspectos da sociedade.

Ao evitar estereótipos e apresentar personagens queer como indivíduos complexos e multifacetados, Trails through Daybreak oferece uma representação mais autêntica e inclusiva. Essa abordagem contribui para a normalização da diversidade e para a criação de um ambiente mais acolhedor e respeitoso para todos os jogadores.

Trails through Daybreak não se propõe a ser uma obra de arte sofisticada, mas sim um jogo divertido e envolvente que explora temas importantes de forma acessível. Ao incluir um elenco diversificado de personagens marginalizados lutando contra a opressão, o jogo oferece uma perspectiva fresca e relevante sobre o mundo em que vivemos.

Apesar de suas falhas e clichês, Trails through Daybreak consegue oferecer algo novo ao enfatizar os heróis e vilões em meio à corrupção e desigualdade de seu mundo. O jogo expõe as forças políticas que moldam os governos das nações e destaca a importância de lutar contra o preconceito e a discriminação. Ao fazer isso, Trails through Daybreak se torna mais do que apenas um jogo, mas sim uma ferramenta para promover a conscientização e a mudança social.

A jornada de The Legend of Heroes ao longo de duas décadas é um testemunho do poder dos jogos para refletir e influenciar a sociedade. Ao evoluir em sua representação de personagens queer e outros grupos marginalizados, a série demonstra um compromisso com a inclusão e a diversidade. Essa evolução não apenas torna os jogos mais relevantes e autênticos, mas também contribui para a criação de um mundo mais justo e equitativo.

Ao normalizar a representação de pessoas trans e outros grupos marginalizados, Trails through Daybreak mostra que é possível criar jogos que sejam divertidos, envolventes e socialmente responsáveis. Essa abordagem inovadora e inclusiva pode servir de inspiração para outros desenvolvedores e criadores de conteúdo, incentivando-os a criar mundos mais diversos e acolhedores para todos os jogadores.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Digital Trends

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.