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- Uma versão comercial do Grande Firewall da China está sendo exportada para países que desejam controlar a internet local.
- Você pode ser impactado por sistemas semelhantes se seu país implementar esse tipo de controle digital.
- Esse sistema permite a vigilância e censura em escala nacional, afetando diretamente a privacidade dos usuários.
- A tecnologia é usada atualmente em países como Cazaquistão, Paquistão, Etiópia e Mianmar, ampliando o alcance da censura digital globalmente.
Uma versão comercial do famoso Grande Firewall da China parece estar sendo exportada para nações que desejam controlar e censurar o acesso à internet em seus territórios. Essa informação vem de documentos vazados da Geedge Networks, uma empresa ligada à infraestrutura de vigilância online do gigante asiático.
A Wired revelou que a companhia, fundada em 2018, já ajudou a implementar sistemas de controle de informação na internet chinesa. Agora, ela desenvolveu um sistema de monitoramento avançado que funciona de modo similar ao de Pequim. Este serviço é oferecido e já foi instalado em alguns países.
O Grande Firewall da China e o Controle Digital
A Geedge Networks, anteriormente conhecida como Zhongdian Jizhi, tem laços com o conglomerado estatal China Electronics Corporation e com o cientista da computação Fang Binxing, o conhecido “pai” do Grande Firewall chinês. Esta conexão mostra a origem e a capacidade técnica por trás do sistema.
Os documentos vazados indicam que as capacidades técnicas da Geedge estão crescendo, com a possibilidade de adicionar novas funcionalidades. Isso significa que a ferramenta de vigilância pode se tornar ainda mais abrangente no futuro, expandindo seu alcance.
Como o Mecanismo de Vigilância Online Funciona?
O sistema de vigilância que a Geedge Networks oferece é baseado em uma ferramenta chamada Tiangou Secure Gateway (TSG). Operando em centros de dados, essa tecnologia tem a capacidade de processar todo o tráfego de internet de um país inteiro, conforme revelam os mais de 100 mil documentos expostos. Dentro de datacenters, essa tecnologia consegue processar todo o tráfego de internet, uma escala bastante ampla.
Veja como essa tecnologia funciona na prática:
- Cada pacote de tráfego que passa pelo sistema pode ser analisado, filtrado e bloqueado imediatamente. Isso permite a averiguação de usuários de forma geral ou individualizada.
- Em conexões sem criptografia, a tecnologia intercepta informações como conteúdos de site acessados, senhas e anexos de e-mails, entre outros dados confidenciais, em um cenário que lembra a proliferação de spyware comercial.
- Já no caso de conteúdos protegidos, o sistema aciona o protocolo Transport Layer Security, que busca identificar ameaças e malwares. Ele usa técnicas de inspeção profunda de pacotes e IA para coletar metadados. O objetivo é identificar tentativas de escapar da censura, como o uso de VPNs.
- Se não for possível distinguir o material criptografado, o TSG permite sinalizá-lo como suspeito. Nesses casos, um bloqueio temporário pode ser realizado para análise posterior.
A empresa também oferece o Cyber Narrator. Essa é uma interface para usuários sem conhecimento técnico que mostra, em tempo real, a localização de cada pessoa conectada à rede, usando dados do celular. Ele também identifica quem está usando soluções para tentar escapar da vigilância, listando aplicativos com prioridades de bloqueio em um dos registros vazados. As capacidades técnicas da Geedge estão aumentando, com a possibilidade de adicionar novos recursos, similar ao que ocorre em atualizações de sistemas.
Quais Países Utilizam a Ferramenta de Controle da Internet?
A versão comercial do Grande Firewall já estaria em operação em diversos países. Entre eles, o Cazaquistão, Paquistão, Etiópia e Mianmar foram identificados nos documentos. Há também um quinto território que não foi revelado.
Em Mianmar, uma captura de tela mostrou o sistema monitorando 81 milhões de conexões simultaneamente. O material vazado indica que o hardware da Geedge está presente em 26 datacenters e 13 provedores de internet do país asiático.
Apesar das evidências, as empresas envolvidas negam a utilização da plataforma de monitoramento. Inicialmente, a companhia usava equipamentos da Dell e da HP em seu sistema. Contudo, mudou para soluções chinesas devido à possibilidade de sanções dos Estados Unidos.
Marla Rivera, pesquisadora do IntersecLab, comentou sobre o mecanismo. Ela destacou que ele vai além da interceptação legal de conexões em países democráticos. Segundo ela, a ferramenta concede poderes indevidos às autoridades, o que é um ponto de preocupação.
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