A Vizinha Perfeita: detalhes essenciais não mostrados no documentário da Netflix

Conheça os detalhes importantes que ficaram de fora do documentário A Vizinha Perfeita, disponível na Netflix.
Publicado dia 25/10/2025
A Vizinha Perfeita: detalhes essenciais não mostrados no documentário da Netflix
(Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • O documentário A Vizinha Perfeita mostra o assassinato de Ajike Owens pela vizinha Susan Lorincz nos EUA em 2023.
    • Você pode entender melhor o caso ao conhecer informações omitidas que trazem contexto e profundidade à história.
    • O caso expõe tensões raciais e desafios legais como o uso da Stand Your Ground Law e impactos na comunidade local.
    • O desfecho judicial do caso revela a condenação e a sentença de 25 anos para a acusada, uma informação ausente no filme.
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O documentário A Vizinha Perfeita, lançado pela Netflix neste mês, tem gerado bastante conversa ao detalhar o assassinato de Ajike “AJ” Shantrell Owens, uma mãe negra que foi morta por sua vizinha branca, Susan Lorincz, em 2023. A produção utiliza imagens reais de câmeras policiais e gravações de segurança, mostrando um retrato direto de uma tragédia que expôs tensões raciais nos Estados Unidos. Contudo, alguns fatos importantes ficaram de fora, e conhecê-los pode ajudar a entender o caso ainda melhor.

Detalhes cruciais que o documentário A Vizinha Perfeita não mostrou

A história de Ajike “AJ” Shantrell Owens

O documentário foca em AJ como vítima, mas não aprofunda em quem ela era como pessoa. Mãe solo de quatro crianças, Ajike Owens trabalhava no McDonald’s e era uma figura querida em sua comunidade. Vizinhos a descreviam como uma mulher afetuosa e vibrante, que transformava a rua em um espaço de brincadeiras improvisado para as crianças do bairro. Ela sempre incentivava o esporte e a união entre todos, mostrando um forte senso comunitário.

Seu comprometimento com a vizinhança e com o bem-estar dos filhos era notável. A ausência de uma exploração mais profunda sobre sua vida e personalidade no documentário pode deixar uma lacuna na compreensão de sua importância para as pessoas ao seu redor. Ela não era apenas uma vítima, mas um pilar para muitos.

A tensão crescente antes da tragédia

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Antes do disparo fatal, o ambiente entre as vizinhas já estava carregado. Houve meses de conflitos e reclamações constantes. Susan Lorincz, a vizinha que viria a cometer o crime, frequentemente expressava incômodo com o barulho das crianças de AJ, chegando a usar ofensas raciais direcionadas a elas.

Testemunhas e relatos de outros moradores indicam que AJ tentava, ao máximo, evitar confrontos, pedindo calma aos filhos e buscando manter a paz na rua. O documentário faz algumas menções a essa dinâmica, mas apresenta essas informações de forma fragmentada, sem dar o panorama completo da escalada das tensões que precederam o evento trágico.

Como as provas foram obtidas para o documentário

Algo que o público da Netflix talvez não saiba é que as imagens e gravações presentes no documentário foram conseguidas através do Freedom of Information Act (Lei de Acesso à Informação dos EUA). A equipe da diretora Geeta Gandbhir travou uma longa batalha legal para ter acesso a esses registros.

Este processo sublinha o caráter investigativo da obra, ao mesmo tempo em que revela os desafios enfrentados para conseguir e expor os detalhes do caso. A luta para obter os materiais mostra o esforço por trás da verdade, além das barreiras burocráticas encontradas em casos como este.

O desfecho judicial do caso

Em agosto de 2024, Susan Lorincz foi condenada por homicídio culposo, que na legislação americana é conhecido como manslaughter, indicando a ausência de intenção de matar. Pouco tempo depois, em novembro do mesmo ano, ela recebeu uma pena de 25 anos de prisão.

O documentário da Netflix se encerra antes que essa sentença seja divulgada, o que pode levar muitos espectadores a acreditar que o caso ainda estava em aberto. Essa decisão foi uma escolha narrativa, mas resultou em uma lacuna significativa sobre o desfecho judicial completo do acontecimento.

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Para quem gosta de acompanhar casos de assassinato e investigações, o final da sentença judicial é sempre um ponto de grande interesse, oferecendo uma resolução para o que foi apresentado.

A polêmica em torno da Stand Your Ground Law

A defesa de Susan Lorincz tentou usar a Stand Your Ground Law, uma lei da Flórida que permite o uso de força letal em legítima defesa. Essa estratégia rapidamente reacendeu intensos debates sobre questões de racismo estrutural e desigualdade legal, temas que são mencionados de forma breve no filme, mas sem uma exploração histórica ou jurídica mais profunda.

A aplicação dessa lei tem sido objeto de muita discussão nos Estados Unidos, especialmente em casos envolvendo minorias raciais, onde frequentemente levanta questionamentos sobre vieses e injustiças no sistema de justiça. A falta de um aprofundamento nesse ponto pode ter deixado o espectador sem o contexto completo da complexidade da legislação.

Os laços que foram rompidos na vizinhança

A diretora Geeta Gandbhir mencionou ao Tudum que o bairro de AJ era conhecido por sua solidariedade e confiança entre os moradores. Essa característica tornou o crime ainda mais impactante e devastador para a comunidade. Muitos moradores relatam que a tragédia rompeu laços sociais e espalhou uma sensação de medo e insegurança.

O documentário sugere esse desarranjo, mas não consegue transmitir a totalidade do impacto na vida diária das pessoas, nem a profundidade da ferida deixada na coesão do bairro. A atmosfera de união foi substituída por desconfiança, algo difícil de reconstruir.

Vozes importantes que ficaram de fora

Existem diversos depoimentos de vizinhos que não foram incluídos na edição final do documentário. Phyllis Wills, por exemplo, descreveu AJ como “a alma do quarteirão”, uma pessoa que cuidava das crianças da rua com carinho, como se fossem seus próprios filhos.

Esses relatos adicionais poderiam ter reforçado a dimensão humana da vítima, que muitas vezes é ofuscada pela narrativa fria e factual das imagens de câmeras policiais. Apresentar mais dessas perspectivas teria humanizado ainda mais a história, mostrando o lado mais pessoal e a perda real.

O trauma das crianças envolvidas

Um dos aspectos mais dolorosos, e que foi minimamente explorado, é o impacto direto sobre os quatro filhos de AJ Owens. Eles testemunharam parte da confusão que levou à morte da mãe. Após a perda, as crianças foram morar com a avó, Pamela Dias.

Pamela Dias, por sua vez, tornou-se uma voz ativa, liderando campanhas contra a violência e o racismo em memória da filha. O documentário menciona a família, mas opta por não aprofundar no trauma infantil e nas consequências psicológicas para essas crianças, um ponto sensível e crucial para a história.

Documentários true crime e seus limites narrativos

A Vizinha Perfeita é um documentário impactante por exibir o horror dos acontecimentos sem filtros, usando imagens cruas e diretas. No entanto, suas omissões levantam uma discussão importante sobre como o formato de true crime lida com a complexidade humana de histórias reais.

A falta de detalhes sobre a vida de AJ Owens, transformando-a mais em um símbolo do que em uma pessoa completa, pode apagar as nuances de sua existência. Enquanto a intenção é chocar e informar, a escolha narrativa pode, inadvertidamente, simplificar a tragédia. A discussão sobre a forma como essas produções são feitas é sempre relevante, especialmente considerando o crescente interesse em séries e documentários desse gênero. Os fãs de entretenimento buscam cada vez mais por histórias completas e bem elaboradas.

O caso de AJ Owens, conforme retratado em A Vizinha Perfeita, continua sendo um tema de relevância no catálogo da Netflix, mantendo-se entre as obras mais assistidas do momento. Conhecer esses fatos adicionais oferece uma perspectiva mais completa sobre o que realmente aconteceu e o impacto de todo o evento.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.