Review Motorola Moto G50 5G: tem 5G, mas e o resto?

A Motorola anunciou recentemente o Motorola Moto 50 5G, supostamente o smartphone compatível com 5G mais barato do Brasil. É um smartphone intermediário com alguns problemas que o compromete. Mesmo com suporte a tecnologia 5G, que aliás nem funciona no Brasil, o resto do hardware dele pe bom, mas fica abaixo da concorrência com a mesma faixa de preço.

Design e construção

Ele traz um design de um celular intermediário, sendo inteiro de plástico e com bordas bem grandes envolta da tela.

A traseira é toda lisa e um pouco espelhada, atraindo marcas de dedos.

Um detalhe que gostei no design do Moto G50 5G são suas laterais planas que lembram bastante a lateral dos iPhones. Inclusive é na lateral que ele possui o leitor biométrico que também é de ligar e desligar, que é bem rápido por sinal. Também ali ficam os botões de volume e também um botão dedicado ao Google Assistente.

Como ele tem uma bateria grande de 5.000 mAh, isso fica bem evidente no peso de 206 gramas, que não incomoda  no uso diário, mas você percebe que é mais pesado que outros.

Ele tem entrada para fones de ouvido e, inclusive, os fones estão na caixa. Nunca pensei que isso seria um ponto positivo, pois sempre foi algo normal.

Moto G50 5G: Câmeras

Começando pelas economias da Motorola nesse modelo, vamos falar das câmeras.

O conjunto é bem básico, normalmente encontrado em aparelhos de linhas inferiores. Ele possui uma lente principal de 48 MP, uma secundária de 2 MP e um sensor de profundidade de 2 MP. Já a câmera frontal tem 13 MP.

Vamos falar da principal, de 48 MP.

Surpreendentemente, para o preço do aparelho, os resultados são bons. A Motorola parece que acertou a mão no software, gerando imagens com bom contraste e boa nitidez. Esse último é importante. Como o sensor não é dos melhores, as fabricantes normalmente exageram na nitidez via software, gerando imagens bonitas na tela do celular, mas cheias de ruídos quando ampliadas. No Moto G50 5G, a nitidez ficou equilibrada.

O contraste anda em parceria com a boa exposição, onde as sombras das imagens são preservadas e também o céu não fica estourado nas imagens com objetos contrastantes.

Durante a noite, ela conta o recurso Night Vision que dá uma melhorada nas fotos. Eu, particularmente, não gosto muito pois as imagens ficam artificiais, mas em determinadas situações ele ajuda bem.

No geral, as fotos ficam com uma boa exposição e nitidez, levando em conta as limitações de sensor e até de preço do aparelho.

O sensor macro, em um primeiro momento na tela do celular as fotos são até promissoras, porém um olhar mais atento e se notar que ele não será tão usável.

Primeiro que o foco é fixo, você terá que procurar exatamente a posição da foto. Depois de tirar a foto, embora se tudo estiver bem iluminado a imagem saia razoavelmente boa, os 2 MP de resolução não é a melhor das resoluções para redes sociais. Basta dar uma olhada nas fotos ampliadas abaixo para notar imagens com muito ruído e falta de definição. Sinceramente não entendo essa perda de tempo das fabricantes em colocar essas câmeras macro tão ruins.

A câmera frontal de 13 MP tem um bom desempenho. Porém, ao que parece, esse software tem dedo da Lenovo. Digo isso pois ela tem características de selfies de celulares chineses, onde a imagem ficam com cores esbranquiçadas, com um pouco de falta de saturação. Mas não é tão ruim assim, e além disso qualquer app de edição consegue melhorar a saturação.

Outro detalhe que dá para notar nas imagens abaixo, é o fato que o software exagera um pouco na nitidez, gerando imagens com elevado nível de ruídos, em prol de melhor definição da pele (notem os poros da minha pele em evidência!). Isso também é contornável, bastando elevar o valor do Blur que tem nas opções do app na hora de tirar uma foto.

Hardware e bateria

O Moto G50 5G tem um hardware de um intermediário de entrada. O processador é o Dimensity 700, vem com 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento.

Sobre o processador, ele é um dos mais simples com suporte a conexão 5G, inclusive a gambiarra do 5G DSS usado no Brasil por todas as operadoras em algumas pouquíssimas localidades. Por outro lado, é um chip moderno e por isso equipa muitos dos intermediários mais básicos com 5G do mercado.

No geral, ele tem um bom desempenho para uso no cotidiano. Para a maioria dos usuários que geralmente usam o navegador e redes sociais, ele vai bem. Ele não travou em nenhum momento nos principais apps: Facebook, Chrome, Instagram, Netflix e Youtube, foi tudo bem.

Na parte de jogos ele também roda qualquer jogo, porém, com restrições gráficas. Em jogos com gráficos mais complexos como Call of Duty Mobile, Genshin Impact e até no Asphalt 9 que nem é tão pesado, os gráficos vão para a qualidade baixa e é normal congelamentos durante a jogatina. Em jogos mais básicos tudo é fluido.

O ponto positivo fica na bateria. Ela tem 5.000 mAh e dura facilmente um dia para a maioria dos usuários. Dependendo do usuário vai até dois dias com uso mais moderado.

Nos nossos testes, por exemplo, depois de um filme completo de mais de duas horas no HBO Max (que gasta mais bateria que o Netflix), duas horas usando o Instagram e ainda 30 minutos jogando jogos pesados, a bateria ainda estava em 45%. Excelente marca.

Software

Sofrendo com a decisão da Motorola de deixar as atualizações em segundo plano, ele vem com o Android 11 e receberá somente o 12. Porém, sabe lá Deus quando, pois a Motorola não dá mais data para atualizações. Ou seja, acredite se quiser.

No geral é aquela interface de sempre, segue o Android puro e não tem muitas funcionalidades diferentes. Somente as tradicionais da marca há anos: chacoalhar para ligar a lanterna, balançar para a câmera e deita para não atender ligações.

Para mudar um pouco, os celulares da Motorola agora trazem a opção de mudar levemente temas e ícones, nada muito profundo.

Tela e Som

Se tem uma aspecto onde a Motorola pisou na bola foi a tela. Além das bordas enormes e do Notch em forma de gota já usual, a qualidade deixa a desejar.

Ela mede 6,5 polegadas, porém tem resolução de apenas HD+ (1600 x 740 pixles). Então, se você olhar bem de perto na tela será possível ver serrilhado nas imagens, mas só se forçar mesmo.

Além disso, a tela é de LCD IPS e o brilho não é muito alto. Isso é bem evidente ao usar ele em um dia ensolarado, onde será difícil enxergar todas as informações na tela. Olhar a tela em diferentes ângulos também não é das melhores experiências, pois em determinada inclinação a tela não fica muito visível.

O lado positivo é que ela conta com taxa de atualização de 90 Hz, o que torna a navegação mais fluída. Outro ponto positivo é que a calibração do contraste é boa, as cores são fortes e o preto não é acinzentado.

Ele só tem um alto-falante na parte inferior e o som é bem abafado e não é muito alto.

Conclusão

Custando R$ 1.799 (preço sugerido no site da Motorola), fica muito difícil indicar o Motorola Moto G50 5G.

O grande chamariz fica por conta da tecnologia 5G que, como sabemos, ainda não existe no Brasil. Mas, se mesmo assim você pretende esperar o 5G com o mesmo celular que terá o hardware defasado, há opções melhores na mesma faixa de preço.

O Realme 8 5G tem o mesmo processador e câmeras semelhantes, porém tem 8 GB de RAM e tela melhor e olhem só: já é possível achar mais barato. Tem ainda o Galaxy A32 5G que é melhor em praticamente tudo e custa o mesmo preço. Detalhe: o celular da Samsung tem garantia de atualizações até o Android 13, fora as de segurança que irão além disso.

O Moto G50 5G terá seu preço cortado muito provavelmente em breve. Quando ele estiver abaixo dos R$ 1.500, ai sim será uma boa opção para usuários não tão exigentes.