No ano passado, a Samsung em parceria com a Xiaomi anunciou o sensor ISOCELL Bright HMX de 108 MP. Logo depois a Xiaomi anunciou o Mi Note 10 com ele, e rapidamente ele se destacou ficando em primeiro lugar no ranking do DxOMark. Mas ontem, a Samsung lançou o Galaxy S20 Ultra que também tem uma câmera de 108 MP. Até então, muitos acharam que seria o mesmo sensor, porém é um novo chamado ISOCELL Bright HM1. Mas, o que mudou? Coletamos as informações disponíveis até agora.
Em primeiro lugar, já adiantamos que o sensor Bright HM1 é uma atualização do HMX, o próprio nome sugere isso. Eles compartilham a maioria das especificações:
- 108 milhões de pixels;
- Pixel gigante de 0,8 µm;
- Tamanho do sensor: 1/1,33″
- Tecnologia Samsung Isocell Plus, que reduz em muito a perda óptica e a reflexão da luz;
- Smart ISO que regula o ISO através de AI (Inteligência artificial), ajudando na qualidade das fotos em ambientes pouco iluminados, quando em modo automático;
- Super-PD, que é uma tecnologia de detecção de fase (PDAF) para foco automático.
Isso por si só, já os tornam bem semelhantes.
O que mudou no sensor do Samsung Galaxy S20 Ultra
A grande evolução foi na tecnologia aplicada para simular o tamanho do pixel, para ficar próximo de câmeras “de verdade”. O ISOCELL Bright HMX usa a tecnologia Tretacell, que combina 4 pixels em uma única matriz 2 × 2, tornando o sensor bem maior. No caso do ISOCELL Bright HM1 (S5KHMX1), a Samsung usa a tecnologia Nonacell, que ao invés de 4 pixels, usa 9 pixels formando uma configuração 3 × 3, simulando 2,4 micrômetros de pixel. Isso melhora muito a qualidade das imagens formadas com pouca luz. O tamanho do pixel simulado é mais que 2x maior que o do Mi Note 10.
Até agora, essa foi a única mudança que encontramos. Porém, podem haver mais. A questão é que o novo sensor ainda não está no site da Samsung, o mais novo listado (S5KHMX) é ainda o usado no Mi Note 10. Esse site da Samsung é muito interessante, pois até dá para comparar os modelos.
Mas o S20 Ultra tem tudo para ser melhor, pois a mudança principal que impacta na qualidade não é o sensor em si.
Processador muda tudo
Já imaginou uma Ferrari com um motor de fusca? Esse é o Mi Note 10. Exageros a parte, a Xiaomi colocou o melhor sensor mobile do mundo em um smartphone com processador intermediário.
Apenas para entender, o processamento das fotos de um smartphone é feito pelo chipset, mais especificamente em um processador de imagem embutido. Quanto mais potente o processador, melhor e maior capacidade de processamento de imagens ele possui. Estamos falando de imagens de 108 MP! Isso exige muito do processador, isso é tão real que não existem câmeras DSLR com um sensor com essa quantidade de pixels, pois isso impactaria muito no processamento das imagens das câmeras.
Dai a Xiaomi vem e coloca esse sensor ultra-potente para ter suas imagens processadas em um processador limitado.
O Mi Note 10 tem o chipset Qualcomm Snapdragon 730G e seu processador de imagem é o Qualcomm Spectra 350. Já o Galaxy S20 Ultra (versão Snapdragon) tem o Qualcomm Spectra 480, a versão com Exynos tem o da própria Samsung, que é equivalente.
O Spectra 350 tem boas configurações e conta com o ISP (Image Signal Processor) da Qualcomm, que anteriormente era exclusividade da linha 800 e é da capacidades de topo de linha para esse intermediário. Porém, o Spectra 480 conta com o novo CV-ISP (Computer Vision Image Signal Processor).
Apenas para efeito de comparação, ele processa 3x mais rápido as imagens do que a versão anterior do Snapdragon 855, que por si só já é muito mais rápido que o Snapdragon 730G! E a regra é clara: quanto mais pixels, mais processamento se exige. E como estamos falando da maior quantidade de pixels do mundo em um sensor, o mínimo era ter o melhor processador.
Devido a esse simples fato, usuários do Xiaomi Mi Note 10, embora tenham uma câmera excepcionalmente boa, enfrentam lentidão na hora de tirar foto, justamente por excesso de informação para o seu processador.
Apenas para citar um exemplo, o ISOCELL Bright HMX consegue fazer vídeos em 4K com 60 fps e vídeos em 8K com 30 fps, assim como o HM1 faz no Galaxy S20. Porém, devido a limitação do processador, o Mi Note 10 faz no máximo vídeos em 4K com 30 fps, nem com 60 fps ele tem capacidade.
E não estamos falando só de velocidade de processamento, mas também em qualidade. Com maior poder de processamento, você tem um HDR melhor, um sistema de redução de ruído digital melhor, melhorias no ISO, no desfoque de fundo e muito mais.
Ou seja, além de um sensor ligeiramente melhor, o Galaxy S20 Ultra possui um processador muito melhor, as fotos são tiradas rapidamente sem que o usuário perceba e vídeos em 8K.
Amanhã a Xiaomi irá anunciar o Xiaomi Mi 10 que, provavelmente, virá com o mesmo sensor Bright HMX do Mi Note, afinal a Samsung não entregaria o melhor de bandeja. Mas, com o processador Snapdragon 865, provavelmente ele terá um desempenho bem próximo do Galaxy S20 e a única diferença será o Tetracell para o Novacell.