O assunto da semana é a briga dos EUA contra a Huawei, estamos acompanhando o desenrolar da situação aqui no Tekimobile. Mas vocês sabem porque os EUA temem tanto a Huawei? Tentaremos explicar.
Depois da proibição da Huawei usar o Android comercial, muitos ficaram preocupados com o que irá acontecer com a chinesa. Mas o fato é que o principal problema não é com os smartphones, mas sim com as tecnologias de telecomunicações que a Huawei tem, sendo a maior do mundo.
Veja abaixo um guia simples explicando a situação.
Basicamente tudo envolve espionagem. A Huawei é acusada de várias coisas ligadas ao assunto, desde infiltração em agências internacionais de espionagem, suspeita de roubo de tecnologia de emrpresas americanas e até de acordos secretos com o Irã, inimigos dos EUA.
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Huawei domina o 5G, mas não é seguro
A Huawei é líder mundial no fornecimento de tecnologia e equipamentos para redes 5G, que em breve conectará praticamente todos equipamentos elétricos e eletrônicos no mundo. Essa conexão preocupa os EUA.
Dominando a tecnologia, a Huawei praticamente está implantando sozinha o 5G na maioria dos países do mundo com suas antenas e equipamentos. Segundo critícos americanos da área, a Huawei usa esses equipamentos para espionar os países concorrentes. Seus adversários sugerem que a empresa poderá espionar as mensagens que circulam pelas redes ou até mesmo desligá-las, causando uma quantidade enorme de interrupções.
Desligar a internet dos países seria algo grave, sendo possível roubar informações secretas. Sabemos que o próprio EUA faz isso, mas uma coisa é espionar e outra é ser espionado.
O governo americano focou principalmente nos membros da aliança conhecida como “Five Eyes” (Cinco Olhos, em inglês) – formada pelo Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, além dos EUA – cujas agências de espionagem têm uma relação bastante próxima e compartilham uma enorme quantidade de informações sigilosas, muitas vezes através da internet, ai mora o perigo.
Os EUA ameaçaram parar de compartilhar dados com qualquer membro da rede de nações de língua inglesa que instalar a infraestrutura 5G da Huawei. Embora o Reino Unido já tenha afirmado que irá usar equipamentos da Huawei.
“Se um país adotar e colocar em alguns de seus sistemas críticos de informação, não vamos poder compartilhar informações com eles”, alertou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
A Huawei nega veemente que age como um espião para o governo chinês, mas críticos chamam a atenção para as leis chinesas, que tornam impossível para as empresas se recusarem a ajudar na coleta de informações.
A companhia tem apelado também para a questão financeira, alertando que a proibição “servirá apenas para limitar os EUA a alternativas inferiores, porém mais caras – aka Nokia e Ericsson, deixando os EUA atrasados na implantação do 5G e, consequentemente, prejudicando os interesses das empresas e consumidores americanos”.
EUA: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!
Como dito anteriormente, EUA é mestre em espionar outro país. O Brasil mesmo já foi vitima de espionagem americana. Na realidade, ainda existem fortes indícios que continuam a fazer isso.
Edward Snowden, ex-analista da Agência Nacional de Segurança Americana (NSA, na sigla em inglês), anos atrás entregou que as agências americanas de espionagem invadiam constantemente data centers de grandes empresas como Google para acessar informações. Algumas até forneciam informações.
Fora as acusações de interceptar ligações, conexões e até ter agentes infiltrados em governos de outros países.
Sendo assim, é bem fácil entender que um país que espiona todos os outros, não quer ver outro país fazendo o mesmo, se tornando seu rival.
Roubo de tecnologia alheia
Os EUA também acusam a Huawei de roubar tecnologia de outros países e empresas onde a mesma é parceira.
Um exemplo disso foi um acontecimento com a e alemã T-Mobile. A empresa descobriu que um engenheiro da Huawei roubou um braço robótico de dentro de suas instações.
Mais tarde, o engenheiro chinês se justificou dizendo que o braço caiu acidentalmente dentro de sua bolsa (?).
A briga entre as duas gigantes foi resolvida de forma “amigável” posteriormente.
Porém, após a resolução da questão, surgiram alguns e-mails que colocaram dúvidas sobre a justificativa do engenheiro e que, talvez, ele tenha sido instruído por executivos da Huawei a fazer isso, inclusive pela filha do fundador da empresa, Meng Wanzhou.
Parceria proíbida com o Irã
Desde 1979 que os EUA impulseram sanções contra o Irã, mas em 1995 eles aumentaram ainda mais as mesmas incluindo empresas que negociam com o país. Basicamente é assim: se uma empresa tem negócios com o Irã, automaticamente não pode ter negócios com os EUA.
Os EUA acusam a Huawei de manter, ao mesmo tempo, negócios com o Irã e com eles. A filha do fundador da Huawei, mais uma vez, está envolvida. Ela é acusada de pessoalmente negocias com o Irã.
A suspeita é que ela fazia parte de um esquema para driblar sanções dos EUA contra Teerã por meio de uma empresa chamada Skycom. Meng chegou a ser presa no Canadá mas depois liberada sobre fiança. Ela pode pegar até 30 anos de prisão se for extraditada para os EUA e condenada.
Envolvimento com Tráfico de armas?
Uma investigação do FBI contra a Huawei mostra que a empresa chinesa violou um regulamento internacional de tráfico de armas. Isso veio a tona devido ao modo que a empresa lidou com uma amostra de vidro revestido de diamante, quase indestrutível, produzido no EUA.
Amostra do vidro. Imagem: Extremetech
A Huawei solicitou uma amostra do vidro para a fabricante, uma empresa chamada Akhan Semiconductor Inc. Depois de um tempo devolveu o mesmo totalmente avariado. Segundo as investigações, a empresa teria submetido o vidro a uma análise, para talvez descobrir o processo de fabricação.
Vidros revestidos de diamantes são usados na fabricação de armas a laser, sendo assim seria proibida a análise da mesma segundo o regulamento.
Tudo isso leva os EUA a terem cautela, ou podemos dizer até medo da Huawei. O problema é maior, pois os EUA teme a China, segunda maior economia do mundo e que continua a crescer e, provavelmente, em algum momento se tornará mais forte que os EUA.
No fim das contas, é tudo uma questão de politíca; de dominação do mercado mundial. Obviamente os EUA não querem deixar de ser a potência dominante do mundo atual.