As imagens compartilhadas on-line têm um grande impacto na forma como viajamos. A fotógrafa de documentários Sara Melotti disse o seguinte:
Todos nós estamos indo para os mesmos lugares, tentando obter versões semelhantes dessa mesma cena, porque sabemos que isso nos trará mais curtidas … vamos aos lugares do Instagram! Que frase triste, não é ?!
Por mais triste que seja, essas fotos podem revelar muito sobre nossas escolhas de viagem, como a equipe de IA do Facebook descobriu recentemente.
Os pesquisadores analisaram a influência das fotos on-line e das políticas de conservação nos padrões de viagem, aplicando algoritmos a milhares de imagens de Cuzco, Peru.
A região contém uma vasta gama de locais históricos, incluindo a cidadela de Machu Pichu, a maior atração turística do país. Mas seus antigos tesouros incas não foram construídos para milhões de viajantes, o que levou as autoridades peruanas a introduzir uma série de iniciativas de conservação que restringem os movimentos turísticos.
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Os pesquisadores avaliaram seu impacto estudando 57.804 fotos do Flickr tiradas em 12 locais diferentes em Cuzco. As imagens foram identificadas geograficamente e receberam carimbos de data e hora que variam de 2004 a 2019 para ajudar a IA a descobrir como as escolhas de viagem na região mudaram ao longo do tempo.
A equipe analisou o conjunto de dados com algoritmos de visão computacional e aprendizado de máquina para entender como os turistas se deslocam pela região.
A atração mais popular foi, sem surpresa, Machu Pichu, seguida pela antiga capital inca de Cuzco, o principal ponto de entrada da região. Os menos populares foram as ruínas de Pikillacta e Tipón, o que é compreensível dado a seus locais remotos.
Os turistas passaram o maior tempo em Cuzco, o único centro de transporte da região e a localização da maioria de seus hotéis e pousadas. As transições mais frequentes entre os locais foram de Tambomachay para Puca Pucara – que fica a apenas três minutos a pé – e em direção a Machu Picchu.
Mudando os movimentos turísticos
Os pesquisadores analisaram como as restrições ao número de visitantes e movimentos afetaram as fotos. Os resultados sugerem que as iniciativas de conservação estão funcionando – mas também tornando as fotos turísticas mais genéricas.
A introdução de rotas predefinidas através de atrações do patrimônio aumentou a homogeneidade da foto nas grandes atrações de Cuzco. Em locais menores, onde os movimentos turísticos são irrestritos, as fotos permanecem mais variadas.
Em seguida, a equipe examinou como os turistas fotografam essas atrações. Todos os sites apresentavam uma abundância de paisagens de montanha, alpaca e arquitetura de pedra.
Imagens de peruanos vestindo trajes tradicionais foram encontradas principalmente em Cuzco, Chinchero e Pisac. Todos esses locais abrigam grandes mercados ao ar livre para compras de lembranças, enquanto Cuzco também tem muitos festivais e desfiles onde os grupos de dança tradicional se apresentam. A arquitetura colonial também era um assunto popular para os fotógrafos, principalmente em Cuzco e Chinchero, onde as igrejas coloniais são uma grande atração turística.
Fotos históricas “inspiram” as fotos dos turistas