Do medo à estratégia: o novo papel do CISO na redução de riscos empresariais

Conheça como o papel do CISO evoluiu para reduzir riscos e proteger receita e reputação das empresas.
Atualizado há 5 horas
Do medo à estratégia: o novo papel do CISO na redução de riscos empresariais
(Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • A cibersegurança deixou de ser apenas um problema técnico para ser uma estratégia essencial de negócios.
    • Você pode entender como o papel do CISO passou a focar no gerenciamento de risco para proteger a receita e reputação da empresa.
    • Essa mudança impacta diretamente a forma como as empresas investem e gerenciam a segurança de suas operações.
    • O CISO atua agora como facilitador da inovação e da sustentabilidade empresarial, unificando decisões estratégicas.
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A cibersegurança evoluiu, deixando de ser apenas um problema técnico para se tornar uma estratégia essencial para a sobrevivência dos negócios. O CISO, agora, precisa ir além do alerta de ameaças, focando em como o gerenciamento de risco impacta diretamente a receita e a reputação. É uma mudança de mentalidade, onde a segurança impulsiona a inovação e a sustentabilidade.

A Virada da Cibersegurança: Do Alarme à Estratégia

Por muito tempo, o setor de cibersegurança funcionou com base no medo. A ideia de um “hacker no porão” ou de um “vírus devastador” era usada para justificar investimentos e alertar sobre perigos que, muitas vezes, pareciam invisíveis aos olhos de quem não era da área técnica. Essa abordagem funcionava bem quando a tecnologia era algo mais restrito, limitada a alguns servidores em um centro de dados.

Contudo, o cenário mudou bastante. Com a ampla digitalização dos negócios, a adoção da nuvem como padrão e a proliferação de identidades digitais por todos os lados, a segurança se tornou um pilar central. A segurança digital não é mais um item opcional, mas uma questão vital para a continuidade do negócio, para a receita da empresa e para a preservação de sua reputação no mercado.

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Nesse novo contexto, o papel do CISO (Chief Information Security Officer) mudou completamente. Ele não pode mais se basear em histórias de catástrofe para conseguir investimentos ou atenção. A função agora é outra: o CISO não “vende” medo, mas sim a capacidade de reduzir riscos. A conversa, então, deixa de ser puramente técnica, abandonando termos como “temos mil CVEs” ou “precisamos de ZTNA, CTEM e IAM“.

O foco se volta para o risco real e o que pode ser entregue ao conselho administrativo em uma linguagem simples e que leve a ações concretas. A alta direção das empresas entende o valor da segurança em termos monetários. Perguntas como “quanto custa uma hora de paralisação do negócio?” ou “qual seria o dano à reputação da companhia?” são as que realmente importam e direcionam as decisões.

Alinhando Segurança com o Negócio

Apenas com um entendimento claro dos riscos, o CEO consegue decidir quais deles está disposto a assumir e quais ele precisa eliminar da lista de preocupações da empresa. Essa decisão não é responsabilidade exclusiva do CISO, mas sim do conselho, que tem uma visão abrangente e contextualizada de toda a organização. Mostrar uma lista de vulnerabilidades (CVEs) não resolve os problemas financeiros nem aprova orçamentos para segurança.

O que realmente libera investimentos é apresentar, de forma transparente, como um risco específico pode impactar a receita, a margem de lucro, a continuidade das operações e a privacidade de clientes e colaboradores. É fundamental conseguir diferenciar qual vulnerabilidade exige uma solução imediata, em segundos, e qual pode aguardar alguns dias para ser tratada. Essa priorização é a chave para uma estratégia de segurança eficaz.

É aqui que entra o gerenciamento de exposição, que traz consigo o contexto necessário. Ao conectar informações como “o quê” (qual é a falha), “onde” (qual ativo ou processo é afetado), “quem” (qual identidade ou credencial está envolvida) e “quanto” (o impacto financeiro), a tarefa de priorizar deixa de ser uma disputa de argumentos soltos. Torna-se um caminho claro de ações verdadeiras e eficientes, focadas no que realmente importa para a empresa.

As empresas hoje utilizam, em média, 83 ferramentas de cibersegurança, segundo o Relatório da IBM, “Capturing the cybersecurity dividend“, de janeiro de 2025. Em ambientes distribuídos, com a nuvem, identidades por toda parte e apps novos a cada semana, a solução não é encontrar mais ferramentas, mas sim organizar e otimizar os recursos já existentes. O gerenciamento de exposição integra tudo isso, unindo vulnerabilidades, identidades, superfície de ataque externa, infraestrutura em nuvem e até sistemas de tecnologia operacional (OT) em uma visão única e padronizada. Isso resulta em um escore corporativo de risco que todos conseguem entender, como “seu risco, numa escala de 0 a 10, é 9. Você está disposto a correr este risco?”.

O CISO como Habilitador da Inovação

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Com essa métrica padronizada, a empresa deixa de agir de forma reativa, apenas “apagando incêndios”, e passa a se concentrar na prevenção. Isso permite remover riscos estruturais de maneira contínua e controlada. É um movimento cultural que precisa envolver toda a organização, e não apenas a equipe de segurança. Quando cada departamento avalia os riscos de um jeito diferente, a decisão acaba favorecendo quem fala mais alto, e o negócio perde como um todo.

Unificar os líderes de diferentes áreas, como RH, Operações e Financeiro, em torno da cibersegurança fortalece a postura da empresa. Compartilhando o mesmo painel de informações e as mesmas bases de dados, a confiança contínua na segurança se traduz em orçamentos mais previsíveis, menos incidentes, decisões mais objetivas, maior confiança do conselho e solidez para todos os acionistas. Essa colaboração interna é vital para o sucesso das iniciativas de segurança.

Ao seguir este caminho, o CISO se transforma em um facilitador da inovação, impulsionando a vantagem competitiva da empresa. O seu papel não é frear a tecnologia, mas sim governar o seu uso de forma segura. Inventariar onde a tecnologia está presente, gerenciar credenciais e permissões, aplicar políticas claras e, principalmente, comunicar a redução de risco para todos os níveis hierárquicos da companhia, são atitudes que mostram um bom caminho a ser seguido. Afinal, risco zero é uma realidade que não existe no mundo dos negócios.

O bom CISO já está mudando a pergunta de “quantas vulnerabilidades temos?” para “quanto risco conseguimos remover?”. Esse novo foco exige a definição de metas claras e relatórios unificados e simplificados. Tais relatórios devem impactar o público-alvo, facilitando as tomadas de decisão importantes. É preciso lembrar que o medo paralisa, mas o foco no negócio orienta as ações. No fim das contas, uma segurança eficaz é a arte de gerenciar riscos de forma inteligente e estratégica.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.