▲
- A OpenAI lançará um navegador com IA que integra a navegação na interface conversacional.
- O controle do fluxo de tráfego na internet passa a ser uma estratégia central na nova era digital.
- Com o controle de dados, a OpenAI pode criar um oligopólio de conteúdo e influência digital.
- Usuários podem ter acesso a respostas automatizadas que dispensam visitas aos sites originais.
O lançamento do navegador da OpenAI representa uma mudança significativa na forma como acessamos e interagimos com a internet. Mais do que uma simples inovação técnica, essa novidade sinaliza uma revolução no modelo de troca de valor, eliminando barreiras tradicionais como paywalls e cliques para obter informações. Com a inteligência artificial atingindo o centro da experiência, o controle dos dados e do tráfego passa a ser uma questão crucial para o futuro digital.
Uma nova dinâmica de poder disfarçada de conveniência
Nas próximas semanas, a OpenAI planeja lançar seu browser com IA, que promete oferecer uma experiência de navegação integrada na interface conversacional. O que inicialmente parece um avanço na usabilidade, na verdade, aponta para uma reconfiguração no controle do fluxo de tráfego na internet. Dados do Press Gazette indicam que a pesquisa por zero clique no Google subiu de 56% em maio de 2024 para 69% em maio de 2025. A OpenAI quer não apenas participar dessa mudança, mas reescrever suas regras.
Ao optar por um navegador próprio, construído sobre o Chromium — plataforma open-source do Google que desafia o próprio Chrome — a OpenAI sinaliza sua intenção de controlar todo o ciclo de interação com os dados, da consulta à entrega do resultado. Mais do que facilitar o acesso, essa estratégia desvia o fluxo de tráfego para o sistema próprio, tornando o paywall e as negociações tradicionais cada vez mais irrelevantes. Nesse movimento, objetos como o sistema de pay per crawl do Cloudflare tentam limitar os efeitos dessa transformação, permitindo que publicadores cobrem pelo acesso de bots, por exemplo. Contudo, a lógica está se invertendo: agora, quem interpreta e agrega valor fica com uma fatia maior do que quem produz o conteúdo.
Este movimento simultaneamente revela uma estratégia brilhante e futurista — ao desbancar o modelo do tráfego, a OpenAI redefine o modo de relação entre conteúdo, usuário e valor. O controle do meio onde a troca de informação acontece passa a ser decisivo. Isso marca o início de um novo ciclo de Kondratiev, no qual a IA não só substitui antigas infraestruturas, mas captura e concentra toda a riqueza gerada por elas, consolidando um oligopólio de fato.
Redefinindo a experiência e o valor na era da IA
Dados recentes revelam que consultas sobre notícias no ChatGPT cresceram 212% desde janeiro de 2024, enquanto as buscas no Google caíram 5%. A integração do agente web Operator na navegação permite que o navegador realize tarefas em nome do usuário, como preencher formulários, fazer reservas e comprar passagens, tudo sem sair da interface. Essa automatização transforma o conteúdo premium, que antes dependia exclusivamente da visita, em combustível para sistemas que entregam respostas com valor sem necessidade de visitar o site original, criando um novo tipo de relação entre usuário e informação.
Leia também:
No cenário mundial, essa mudança traz uma questão preocupante para os publicadores tradicionais, especialmente na América Latina, onde muitas vezes há menor presença institucional e negociações com grandes plataformas de tecnologia. Sem um modelo de negócio baseado na visita, o conteúdo acaba servindo apenas de suporte para sistemas que sintetizam, interpretam e entregam informações, deixando uma parte do tráfego original cada vez mais escassa. Assim, a OpenAI constrói um novo oligopólio, onde o papel da publicação é cada vez mais secundário na cadeia de valor.
Quem controla a infraestrutura, controla o jogo
A disputa por talentos no setor de tecnologia fica evidente na contratação de ex-vice-presidentes do Google Chrome por parte da OpenAI, além do interesse em adquirir seu próprio navegador — uma estratégia que pode ser facilitada se a Alphabet for forçada a vender o produto. A Meta também reage, contratando nomes importantes como o brasileiro Mat Velloso, ex-DeepMind, com salários que ultrapassam US$ 100 milhões, reforçando que o verdadeiro controle do jogo não é tecnologia pura, mas quem define os meios de troca na nova era.
Para os publishers na América Latina, essa transformação traz riscos de uma desintermediação silenciosa. Com o navegador da OpenAI operando em um universo onde o tráfego tradicional e as visitas perdem espaço, a autonomia de pequenas e médias instituições fica ameaçada, reforçando a necessidade de novas estratégias de preservação de sua presença digital diante dessa já iniciada disrupção.
auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano. —>
tecmundo.com.br —>