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- Pesquisa da USP sugere que humanos podem ter sido responsáveis pela extinção de preguiças gigantes na Era do Gelo.
- O estudo analisou a evolução e diversificação das preguiças ao longo de milhões de anos.
- Você pode entender como atividades humanas impactaram espécies no passado e refletir sobre o presente.
- A descoberta reforça a importância da conservação ambiental para evitar extinções futuras.
O que levou à extinção de preguiças gigantes na Era do Gelo? Uma nova pesquisa da USP investiga o papel dos humanos como superpredadores nesse desaparecimento. O estudo analisou a evolução desses animais desde seu surgimento, revelando transformações surpreendentes em tamanho e hábitos ao longo de milhões de anos. Entenda como a chegada do Homo sapiens pode ter sido o golpe final para esses gigantes gentis.
Afinal, qual o tamanho original das preguiças?
As preguiças que conhecemos hoje são pequenas e vivem nas árvores, mas nem sempre foi assim. Uma nova análise revelou que as preguiças começaram sua jornada evolutiva no chão e com um porte considerável, pesando pelo menos 70 kg. A partir daí, o grupo se diversificou e algumas linhagens atingiram tamanhos gigantescos, com mais de uma tonelada, de forma independente. Algumas espécies também se adaptaram à vida nas árvores.
O sucesso evolutivo das preguiças foi tão grande que o desaparecimento da maioria delas na Era do Gelo só pode ser explicado pelo surgimento de um novo superpredador: o Homo sapiens. Essa conclusão, que pode parecer estranha à primeira vista, foi publicada em um artigo na revista Science.
O estudo foi realizado por uma equipe internacional, incluindo os pesquisadores brasileiros Daniel Casali e Max Langer, da USP de Ribeirão Preto. O trabalho consistiu em montar uma grande árvore genealógica com quase 70 gêneros de preguiças. “Gênero” é um grupo de seres vivos mais inclusivo do que uma espécie. Por exemplo, leões, tigres e onças são de espécies diferentes, mas todos pertencem ao gênero Panthera.
Os pesquisadores analisaram diferenças anatômicas e genéticas, usando até DNA de preguiças existentes, e a idade de cada animal. Assim, eles conseguiram estimar as relações de parentesco e as transformações pelas quais cada subgrupo de preguiças passou ao longo do tempo, desde 35 milhões de anos atrás até os dias atuais.
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Onde tudo começou?
Há cerca de 35 milhões de anos, o grupo das preguiças, chamado tecnicamente de Folivora (“comedores de folhas” em latim), surgiu na América do Sul. Naquela época, a América do Sul era um continente isolado dos demais. A fauna sul-americana, evoluindo isoladamente por milhões de anos, desenvolveu grupos de mamíferos muito peculiares, como os Xenarthra, que incluem preguiças, tamanduás e tatus.
É possível imaginar que a ancestral de todas as preguiças seria um animal parecido com o tamanduá-bandeira atual, porém maior e menos especializado. “Ou seja, não teria um focinho super longo nem garras tão desenvolvidas, e teria dentes”, explicou Casali à Folha. O tamanho desse ancestral é incerto, variando de 70 kg a 350 kg (tamanduás-bandeira não passam de 50 kg).
“Acreditamos que a dieta dessa protopreguiça seria herbívora seletiva, como a dos animais que comem folhas das árvores”, acrescenta ele. Mas o animal viveria no chão, não nas árvores. Com o tempo, os descendentes da matriarca das preguiças foram se diversificando, mudando sua anatomia e tamanho de acordo com seus estilos de vida. Alguns continuaram terrestres, enquanto outros se tornaram semiarbóreos ou totalmente arbóreos. “Quanto mais viviam nas árvores, mais seus ossos ficavam delgados, leves e compridos”, explica Casali.
O estilo de vida dos tamanduás atuais ajuda a entender essas diferenças. O tamanduá-bandeira é totalmente terrestre, o tamanduá-mirim é semiarbóreo e o tamanduaí é totalmente arbóreo. Os dados mostram que o tamanho das preguiças ficou relativamente estável até cerca de 17 milhões a 14 milhões de anos atrás, um período quente em que elas ficaram menores para aproveitar o aumento das florestas tropicais. Depois disso, o clima começou a esfriar, com mais áreas de vegetação aberta na América do Sul. Isso favoreceu o surgimento de espécies maiores que colonizaram habitats como o cerrado, os pampas e a Patagônia.
Extinção de preguiças: o mistério das preguiças pequenas
As preguiças grandes também se mantiveram na América do Norte e Central quando uma ponte de terra conectou a América do Sul a essas regiões, há cerca de 3 milhões de anos. Já o surgimento das preguiças pequenas e que vivem em árvores – dos gêneros Bradypus e Choloepus – é um mistério. “Não temos registros fósseis para os gêneros atuais ou parentes próximos identificáveis pela morfologia”, diz o pesquisador da USP.
Dados genéticos e anatômicos indicam que a divergência entre elas e as demais preguiças é antiga, de pelo menos 25 milhões de anos. “Já está claro que ambas se tornaram superespecializadas para a vida nas árvores de forma convergente”, afirma Casali. Ou seja, apesar do estilo de vida parecido, o parentesco entre elas é distante. Depois de milhões de anos de evolução e diversificação, mesmo com mudanças climáticas, quase todas as preguiças, principalmente as grandes, desapareceram quando os humanos chegaram à América.
Esse fato, junto com evidências de que os animais eram caçados por humanos – como a descoberta de colares feitos com ossos de preguiças no Brasil – sugere que a presença humana contribuiu para a extinção delas. Quer saber mais sobre o assunto? Explore outros artigos da Folha de S.Paulo sobre ciência e descubra novas perspectivas sobre a vida na Terra.
Além disso, se você se interessa por paleontologia e descobertas científicas, não deixe de conferir outros artigos sobre pesquisas da USP e como elas contribuem para o nosso entendimento da história natural.
A relação entre a extinção de preguiças gigantes e a chegada dos humanos ao continente americano levanta questões importantes sobre o impacto das atividades humanas no meio ambiente. Para aprofundar seus conhecimentos sobre esse tema, explore também artigos sobre questões ambientais e como a ciência busca soluções para um futuro mais sustentável.
O Impacto da Presença Humana na Extinção
A extinção das preguiças gigantes, especialmente as de grande porte, coincide com a chegada dos seres humanos ao continente americano. A descoberta de ossos de preguiças com marcas de abate e o uso de partes de seus corpos em artefatos pelos antigos habitantes sugerem uma forte ligação entre a presença humana e o desaparecimento desses animais.
O impacto humano, no entanto, não se limita à caça direta. A alteração de habitats, a competição por recursos e a introdução de novas doenças também podem ter contribuído para o declínio das populações de preguiças gigantes. A complexidade dessas interações torna difícil determinar a causa exata da extinção, mas a evidência aponta para um papel significativo dos seres humanos nesse processo.
Para entender melhor como a interação entre humanos e animais pode levar à extinção, é importante analisar estudos sobre a vida selvagem e como a preservação de espécies ameaçadas se tornou um desafio crucial no século XXI. Além disso, conhecer as iniciativas de conservação e os esforços de cientistas e ambientalistas pode inspirar ações para proteger a biodiversidade do planeta.
Além disso, vale a pena explorar os estudos sobre as descobertas científicas mais recentes relacionadas à evolução e extinção de outras espécies, compreendendo como diferentes fatores podem levar ao desaparecimento de animais e plantas. O conhecimento adquirido pode ajudar a prever e mitigar futuros eventos de extinção.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Folha de S.Paulo