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- Estudo revela que narrativas pessoais podem indicar transtornos mentais em jovens brasileiros.
- Entender como a forma de contar histórias pode ajudar a identificar riscos de saúde mental é relevante para todos.
- A pesquisa pode ter impacto na detecção precoce de problemas como depressão e ansiedade entre os jovens.
- A diversidade nos padrões de fala sugere formas de intervenção para melhorar a saúde mental.
Como contamos nossas histórias pode revelar sinais de transtornos mentais. Um estudo brasileiro indica que a forma como narramos eventos pode estar ligada a diagnósticos de depressão, ansiedade e até psicose. Pesquisadores de diversas instituições analisaram falas de jovens e associaram padrões de linguagem a condições psiquiátricas. Vamos entender como essa análise foi feita e o que ela pode revelar.
IA e Saúde Mental: Análise de Narrativas
Pesquisadores de cinco instituições brasileiras (UFRN, UFRJ, UFPR, UFBA e Hospital das Clínicas da USP) realizaram um estudo interessante. Eles coletaram falas de jovens entre 18 e 35 anos em São Paulo e, posteriormente, relacionaram essas falas com o diagnóstico psiquiátrico de cada participante. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico Psychiatry Research.
O primeiro passo foi selecionar os voluntários. De um grupo de 4.501 pessoas, 174 apresentaram sinais leves de sofrimento psíquico. Destes, 71 foram selecionados para a pesquisa, divididos em dois grupos: 42 jovens com risco clínico de desenvolver transtornos mentais e 29 no grupo controle.
Os pesquisadores utilizaram um protocolo chamado Happy Thoughts. Nele, os voluntários criavam histórias curtas baseadas em três imagens positivas: um bebê, um filhote de cachorro e um doce. As narrativas eram gravadas e transcritas. Um algoritmo transformava cada história em um grafo, onde as palavras eram pontos conectados por linhas, criando um mapa da estrutura da fala.
Uma história com palavras diferentes e conexões variadas resulta em um mapa amplo e rico. Já narrativas com palavras repetidas e conexões similares criam um padrão mais fechado e previsível. Essa análise visual permite identificar padrões que podem estar associados a diferentes estados de saúde mental.
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Desfechos Clínicos e Padrões de Linguagem
Após dois anos e meio, os pesquisadores analisaram o desfecho clínico dos voluntários. Dos 42 que estavam no grupo de risco, 15 permaneceram bem, sem desenvolver transtornos mentais. No entanto, 23 foram diagnosticados com depressão ou ansiedade, e 4 desenvolveram quadros de psicose. Essa análise longitudinal permitiu traçar paralelos entre os padrões de linguagem iniciais e o desenvolvimento de transtornos.
Com o uso de Inteligência Artificial, os pesquisadores identificaram que os participantes que não desenvolveram transtornos mentais apresentaram mapas de fala mais variados e ricos, com diversas conexões entre as palavras. Por outro lado, os jovens que desenvolveram ansiedade e depressão tinham falas mais repetitivas e previsíveis.
Além disso, aqueles que desenvolveram transtornos mentais tendiam a usar termos associados à tristeza e ao medo, mesmo ao descrever cenas positivas. Esse padrão, somado à estrutura da fala, pode indicar ruminação, que é a tendência de ficar preso em pensamentos negativos. Para lidar com esses problemas, uma das soluções é como lidar com conteúdo indisponível, buscando alternativas e distrações.
A escolaridade dos participantes também teve influência nos resultados. Pessoas com menos anos de estudo apresentaram sintomas mais graves de irritabilidade, empobrecimento de ideias e isolamento social. Esses fatores demonstram a complexidade da relação entre linguagem, saúde mental e contexto social.
O Potencial da Análise da Fala na Saúde Mental
A análise da fala surge como um método simples e de baixo custo para prever possíveis desfechos psiquiátricos. A neurocientista Natália Mota, da UFRJ, acredita que esse método pode ser implementado em escolas e unidades de saúde para atendimentos iniciais. A ideia não é substituir os psiquiatras, mas ampliar o rastreamento de sinais de alerta de transtornos mentais.
Natália Mota é cientista-chefe da Mobile Brain, uma startup que desenvolve ferramentas voltadas à saúde mental e educação com base na neurociência. Seus produtos analisam a estrutura narrativa da fala para identificar sinais de dificuldades cognitivas e sofrimento psíquico. A startup busca transformar a pesquisa em soluções práticas para o dia a dia das pessoas.
A iniciativa da Mobile Brain é um exemplo de como a tecnologia e a neurociência podem caminhar juntas para melhorar a saúde mental. Ao analisar padrões de fala, é possível identificar sinais precoces de transtornos e oferecer suporte adequado para jovens em risco. Essa abordagem inovadora pode revolucionar a forma como lidamos com a saúde mental no Brasil.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Super