Pesquisadores usam histórias para identificar transtornos mentais em jovens

Pesquisadores analisam narrativas para prever transtornos mentais em jovens, revelando conexões entre linguagem e saúde.
Atualizado há 23 horas
Pesquisadores usam histórias para identificar transtornos mentais em jovens
Pesquisadores conectam linguagem a transtornos mentais em jovens através de narrativas. (Imagem/Reprodução: Super)
Resumo da notícia
    • Estudo revela que narrativas pessoais podem indicar transtornos mentais em jovens brasileiros.
    • Entender como a forma de contar histórias pode ajudar a identificar riscos de saúde mental é relevante para todos.
    • A pesquisa pode ter impacto na detecção precoce de problemas como depressão e ansiedade entre os jovens.
    • A diversidade nos padrões de fala sugere formas de intervenção para melhorar a saúde mental.
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Como contamos nossas histórias pode revelar sinais de transtornos mentais. Um estudo brasileiro indica que a forma como narramos eventos pode estar ligada a diagnósticos de depressão, ansiedade e até psicose. Pesquisadores de diversas instituições analisaram falas de jovens e associaram padrões de linguagem a condições psiquiátricas. Vamos entender como essa análise foi feita e o que ela pode revelar.

IA e Saúde Mental: Análise de Narrativas

Pesquisadores de cinco instituições brasileiras (UFRN, UFRJ, UFPR, UFBA e Hospital das Clínicas da USP) realizaram um estudo interessante. Eles coletaram falas de jovens entre 18 e 35 anos em São Paulo e, posteriormente, relacionaram essas falas com o diagnóstico psiquiátrico de cada participante. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico Psychiatry Research.

O primeiro passo foi selecionar os voluntários. De um grupo de 4.501 pessoas, 174 apresentaram sinais leves de sofrimento psíquico. Destes, 71 foram selecionados para a pesquisa, divididos em dois grupos: 42 jovens com risco clínico de desenvolver transtornos mentais e 29 no grupo controle.

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Os pesquisadores utilizaram um protocolo chamado Happy Thoughts. Nele, os voluntários criavam histórias curtas baseadas em três imagens positivas: um bebê, um filhote de cachorro e um doce. As narrativas eram gravadas e transcritas. Um algoritmo transformava cada história em um grafo, onde as palavras eram pontos conectados por linhas, criando um mapa da estrutura da fala.

Uma história com palavras diferentes e conexões variadas resulta em um mapa amplo e rico. Já narrativas com palavras repetidas e conexões similares criam um padrão mais fechado e previsível. Essa análise visual permite identificar padrões que podem estar associados a diferentes estados de saúde mental.

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Desfechos Clínicos e Padrões de Linguagem

Após dois anos e meio, os pesquisadores analisaram o desfecho clínico dos voluntários. Dos 42 que estavam no grupo de risco, 15 permaneceram bem, sem desenvolver transtornos mentais. No entanto, 23 foram diagnosticados com depressão ou ansiedade, e 4 desenvolveram quadros de psicose. Essa análise longitudinal permitiu traçar paralelos entre os padrões de linguagem iniciais e o desenvolvimento de transtornos.

Com o uso de Inteligência Artificial, os pesquisadores identificaram que os participantes que não desenvolveram transtornos mentais apresentaram mapas de fala mais variados e ricos, com diversas conexões entre as palavras. Por outro lado, os jovens que desenvolveram ansiedade e depressão tinham falas mais repetitivas e previsíveis.

Além disso, aqueles que desenvolveram transtornos mentais tendiam a usar termos associados à tristeza e ao medo, mesmo ao descrever cenas positivas. Esse padrão, somado à estrutura da fala, pode indicar ruminação, que é a tendência de ficar preso em pensamentos negativos. Para lidar com esses problemas, uma das soluções é como lidar com conteúdo indisponível, buscando alternativas e distrações.

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A escolaridade dos participantes também teve influência nos resultados. Pessoas com menos anos de estudo apresentaram sintomas mais graves de irritabilidade, empobrecimento de ideias e isolamento social. Esses fatores demonstram a complexidade da relação entre linguagem, saúde mental e contexto social.

O Potencial da Análise da Fala na Saúde Mental

A análise da fala surge como um método simples e de baixo custo para prever possíveis desfechos psiquiátricos. A neurocientista Natália Mota, da UFRJ, acredita que esse método pode ser implementado em escolas e unidades de saúde para atendimentos iniciais. A ideia não é substituir os psiquiatras, mas ampliar o rastreamento de sinais de alerta de transtornos mentais.

Natália Mota é cientista-chefe da Mobile Brain, uma startup que desenvolve ferramentas voltadas à saúde mental e educação com base na neurociência. Seus produtos analisam a estrutura narrativa da fala para identificar sinais de dificuldades cognitivas e sofrimento psíquico. A startup busca transformar a pesquisa em soluções práticas para o dia a dia das pessoas.

A iniciativa da Mobile Brain é um exemplo de como a tecnologia e a neurociência podem caminhar juntas para melhorar a saúde mental. Ao analisar padrões de fala, é possível identificar sinais precoces de transtornos e oferecer suporte adequado para jovens em risco. Essa abordagem inovadora pode revolucionar a forma como lidamos com a saúde mental no Brasil.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Super

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.