Possibilidade de bloqueio do GPS pelos EUA: como funciona e quais seriam as consequências

Especialistas afirmam que bloquear o GPS no Brasil é difícil e teria consequências globais; saiba como o sistema funciona e os riscos envolvidos.
Atualizado há 6 horas atrás
Possibilidade de bloqueio do GPS pelos EUA: como funciona e quais seriam as consequências
Bloquear o GPS no Brasil é desafiador e pode impactar o mundo todo. (Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • O sistema de navegação por satélite do GPS depende de uma rede global de satélites dos EUA e de outros países.
    • Bloquear o sinal do GPS em um país afetaria também outros locais próximos, incluindo os EUA.
    • Apesar de possível, o bloqueio total é improvável devido às implicações internacionais.
    • Há técnicas de interferência, como jamming e spoofing, que podem prejudicar a precisão do sistema.
    • Múltiplas constelações de satélites reduzem os efeitos de um possível bloqueio do GPS pelos EUA.
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Com a possibilidade de os Estados Unidos bloquearem o sinal do GPS no Brasil, muitas dúvidas surgem sobre o impacto dessa ação na vida cotidiana. Apesar de toda a especulação, especialistas afirmam que essa possibilidade é remota, pois implicaria em uma interferência que afetaria outros países e até mesmo os próprios EUA. Entender como funciona o sistema de navegação por satélite ajuda a compreender a real viabilidade de um bloqueio e suas consequências.

Como funciona o sistema de navegação por satélite

O GPS, criado pelo Departamento de Defesa dos EUA, foi inicialmente desenvolvido para fins militares, em meio à corrida espacial contra a União Soviética. Atualmente, o sistema possui 31 satélites distribuídos em seis planos orbitais, cobrindo todo o planeta. Esses satélites transmitem sinais de rádio com a posição e o horário exato, baseados em relógios atômicos.

Quando o receptor capta esses sinais, ele compara o horário de chegada com a emissão, identificando a distância entre o satélite e o dispositivo. A partir de pelo menos quatro satélites diferentes, o sistema consegue determinar a localização com alta precisão, por meio de triangulação. Essa tecnologia é compatível com outros sistemas globais, como o GLONASS (Rússia), Galileo (UE), e BeiDou (China).

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O sistema mais utilizado por usuários comuns é a Standard Positioning Service (SPS), enquanto forças militares usam uma versão aprimorada, a Precise Positioning Service (PPS). Além disso, vários dispositivos funcionam com sistemas alternativos, como o GPS portátil para trilhas, que aproveitam diferentes constelações de satélites.

É possível desligar o GPS no Brasil?

De acordo com especialistas ouvidos pela BBC, é tecnicamente possível restringir o sinal do GPS em um país, mas a execução teria repercussões além das fronteiras brasileiras. Como o sistema depende de uma rede de satélites que atuam globalmente, bloquear o sinal em um único território acabaria afetando outros países próximos, inclusive os Estados Unidos.

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O profissional Eduard Tude explica que, embora fosse possível criar um código que bloqueasse sinais específicos, a prática é praticamente inviável no curto prazo. Barrar o GPS no Brasil, por exemplo, exigiria uma mudança na forma como o sinal é transmitido, algo difícil de implementar sem impacto internacional.

Por outro lado, já há relatos de interferências locais, que acontecem em regiões de conflito ou interesse estratégico. Técnicas como o jamming, que neutraliza o sinal enviando ondas de rádio, já foram usadas por alguns países para dificultar a navegação adversária, como na guerra envolvendo a Ucrânia, onde ataques com drones e mísseis afetaram sistemas civis de navegação.

O uso de dispositivos de interferência, por exemplo, pode gerar erros na localização dos usuários, prejudicando atividades como transporte, navegação marítima ou operações financeiras que dependem de precisão. Alguns especialistas consideram que táticas como o spoofing, que envia sinais falsos ao receptor, também complicariam o funcionamento normal do sistema.

Impactos de um possível bloqueio do GPS

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Se os Estados Unidos decidissem restringir o sinal do GPS no Brasil, muitos setores essenciais poderiam sentir os efeitos, como a aviação, o transporte marítimo, telecomunicações e logística. Apesar disso, o país não ficaria totalmente no escuro, já que a maior parte dos dispositivos atualmente utiliza múltiplas constelações de satélites.

Segundo especialistas, a dependência do sistema americano vem diminuindo com o avanço de alternativas como o BeiDou, Galileo, GLONASS, NavIC da Índia e QZSS do Japão. Dispositivos modernos, incluindo celulares, aviões e navios, já estão preparados para trabalhar com esses diferentes sistemas de navegação, o que reduz o impacto de um possível bloqueio.

Por essa razão, o impacto na navegação seria amenizado, mas não excluído. Ainda assim, a utilização de metodologias como o jamming ou o spoofing pode causar transtornos pontuais e ações estratégicas em regiões de conflito ou controle de sinais, dificultando a precisão nas atividades diárias.

Documentos apontam que um bloqueio total ou parcial do GPS pelos EUA é considerado inviável no curto prazo, pois poderia prejudicar operações estratégicas e abrir precedentes para conflitos diplomáticos. Assim, o uso de múltiplas plataformas de satélites, além da redução da dependência do sistema americano, garante uma maior resistência na navegação global.

Via tecmundo.com.br.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.