Por que algumas pessoas ainda resistem ao uso da inteligência artificial?

Descubra os motivos pelos quais algumas pessoas se recusam a usar inteligência artificial e como isso impacta o mercado e o meio ambiente.
Atualizado há 9 horas
Por que algumas pessoas ainda resistem ao uso da inteligência artificial?
A resistência à IA reflete preocupações que afetam o mercado e o meio ambiente. (Imagem/Reprodução: G1)
Resumo da notícia
    • Algumas pessoas resistem ao uso da inteligência artificial devido a preocupações com o impacto ambiental e a perda de habilidades humanas.
    • O objetivo da notícia é mostrar os argumentos de quem evita a IA e como isso reflete em suas escolhas profissionais e pessoais.
    • O impacto inclui a discussão sobre a desumanização de processos e o custo energético elevado associado à IA.
    • A resistência também levanta questões sobre a sustentabilidade e o futuro do trabalho em um mundo cada vez mais automatizado.
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Preocupadas com o impacto ambiental e a possível perda de habilidades humanas, algumas pessoas ainda resistem à crescente influência das ferramentas de inteligência artificial. Para Sabine Zetteler, por exemplo, não faz sentido consumir conteúdo gerado por IA. Ela questiona a alegria e o propósito em substituir o trabalho humano pela tecnologia, mesmo que isso signifique maior lucratividade.

Sabine Zetteler, que lidera uma agência de comunicação em Londres, expressa forte resistência ao uso da inteligência artificial. Para ela, consumir conteúdo gerado por IA não tem valor. “Por que eu me daria ao trabalho de ler algo que alguém não se deu ao trabalho de escrever?”, questiona, refletindo seu pensamento sobre o assunto.

Zetteler levanta questionamentos sobre a crescente substituição de atividades humanas por tecnologias de IA. “Qual o sentido de enviar algo que você não escreveu, ler um jornal escrito por robôs, ouvir uma música criada por IA, ou ganhar um pouco mais de dinheiro substituindo um funcionário que tem quatro filhos pela tecnologia?”, indaga.

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“Onde está a alegria, amor ou até mesmo aspiração por algo melhor, nem que seja só para mim, como fundadora? Isso não significa nada para mim”, completa, demonstrando sua preocupação com a desumanização de processos.

A resistência de Zetteler acompanha o movimento de outras pessoas que se mostram preocupadas com a “invasão” da inteligência artificial, que ganhou força com o lançamento do ChatGPT no final de 2022. Desde então, essa ferramenta, assim como suas concorrentes, tem se tornado extremamente popular.

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Segundo dados do Semrush, o ChatGPT recebe mais de cinco bilhões de visitas por mês. No entanto, essa popularidade vem acompanhada de um alto custo energético, já que treinar e manter sistemas de inteligência artificial como o ChatGPT exige uma grande quantidade de energia.

Embora seja difícil quantificar a eletricidade usada pela IA, um relatório do banco Goldman Sachs estimou que uma pesquisa feita no ChatGPT usa aproximadamente 10 vezes mais energia do que uma pesquisa feita no Google.

Impacto Ambiental e a Resistência à IA

Para Florence Achery, proprietária de um espaço de Yoga em Londres, o impacto ambiental é um dos principais motivos para se manter distante da inteligência artificial. “Minha reação inicial foi que a IA é algo sem alma e contradiz totalmente o meu negócio, que é sobre conexão humana”, disse Achery.

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“Mas depois eu descobri que o impacto ambiental é terrível com a quantidade de consumo energético necessário para manter os centros de dados funcionando. Eu não acho que as pessoas têm ciência disso”, acrescenta, ressaltando a falta de conhecimento sobre as consequências ambientais da IA.

Apesar de Zetteler reconhecer o potencial da inteligência artificial para o bem social, como auxiliar pessoas com deficiência visual, ela expressa preocupação com o impacto mais amplo na sociedade. “Eu fico feliz que a IA exista para pessoas cegas, pois ela consegue traduzir artigos e isso é muito benéfico. Mas, no geral, eu não acredito que teremos um benefício a longo prazo.”

Questionada sobre o impacto da IA em sua empresa, especialmente com concorrentes utilizando essas ferramentas, Zetteler compara a situação com outras escolhas de negócios. “Assim como todo mundo, eu poderia economizar dinheiro mandando pessoas da minha agência para Milão em voos da EasyJet (companhia aérea de baixo custo) em vez de trem”, afirma.

“Se o sucesso se mede pela margem de lucro, eu diria que o meu negócio é pouco bem-sucedido. Mas e se o sucesso for medido pelo quanto você contribui para a sociedade e consegue colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz?”, finaliza, enfatizando seus valores.

A Preocupação com a Perda de Habilidades Humanas

Sierra Hansen, que trabalha com relações institucionais em Seattle, também se recusa a usar inteligência artificial, preocupada com o impacto desses sistemas na capacidade humana de resolver problemas. “É o nosso cérebro que organiza a nossa rotina, e não um sistema de IA que te diz como gerenciar a programação da semana”, destaca.

“Nosso papel como seres humanos é usar o pensamento crítico. Se você está pedindo ao ChatGPT para executar tarefas simples, você não está resolvendo problemas por conta própria. Ele está ‘pensando’ por você. Se eu quiser ouvir música, eu não preciso que a IA crie um álbum perfeito de punk rock para mim”, completa Hansen.

Nem todos, no entanto, podem se dar ao luxo de evitar a inteligência artificial. Jackie Adams (nome fictício), que trabalha com marketing digital, resistiu inicialmente ao uso da IA devido ao impacto ambiental e à percepção de que seria uma atitude preguiçosa.

“Eu soube da quantidade de energia necessária para manter os centros de dados e o tanto de terra que eles ocupam, e aquilo não pareceu certo para mim. Eu não entendia porque nós precisávamos disso”, disse Adams. Contudo, após ver colegas utilizando IA para otimizar tarefas, Adams foi forçada a seguir o mesmo caminho.

Há cerca de um ano, três de suas colegas de trabalho começaram a usar IA para realizar tarefas como copywriting e geração de ideias. Seis meses depois, Adams foi obrigada a fazer o mesmo, depois de ser avisada que precisava reduzir seu orçamento.

“Ficou fora do meu controle”, disse. Ela acredita que se tivesse resistido, poderia prejudicar a própria carreira. “Comecei a usar mais depois que vi descrições de vagas de emprego pedindo por experiência com IA. Eu percebi que se eu não implementasse isso nos meus dias de trabalho, eu ficaria para trás.”

Hoje, segundo Adams, ela não vê mais o uso de IA como preguiça, mas sim como uma ferramenta para aprimorar seu trabalho, utilizando-a para refinar o copywriting e editar fotos.

James Brusseau, professor de filosofia e especialista em ética da inteligência artificial na Pace University, em Nova York, acredita que o momento de resistir à IA já passou. “Se quisermos saber porque uma decisão foi tomada, nós vamos precisar de humanos. Se isso não importar, então provavelmente vamos usar IA”, disse.

“Assim, teremos juízes humanos para casos criminais e médicos humanos para decidir quem deve receber um transplante. Mas previsões do tempo vão desaparecer logo, e a anestesiologia também”, complementa o professor.

Adams, mesmo utilizando a IA no trabalho, ainda se preocupa com a crescente influência dessa tecnologia. “Mesmo quando você faz uma pesquisa no Google, já aparece uma resposta feita por IA, e alguns emails já vem com um resumo no topo. Sinto como se não tivéssemos mais controle. Como eu desligo tudo isso? Está virando uma bola de neve.”

Essa discussão sobre a resistência à inteligência artificial nos lembra de outras tecnologias que transformaram nosso dia a dia. Assim como a IA, os dispositivos móveis se tornaram indispensáveis. Hoje em dia, é possível encontrar uma variedade enorme de opções, desde modelos mais básicos até os smartphones com as melhores câmeras.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

Via G1

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.