Que fim levou a Trip: a história da companhia aérea regional brasileira

Entenda o que aconteceu com a Trip, que foi referência em aviação regional no Brasil por mais de uma década.
Publicado dia 18/10/2025
Que fim levou a Trip: a história da companhia aérea regional brasileira
(Imagem/Reprodução: Tecmundo)
Resumo da notícia
    • A Trip, companhia aérea regional brasileira fundada em 1998, destacou-se por atender cidades menos abrangidas por grandes concorrentes.
    • Você pode entender como a fusão com a Azul em 2012 acabou incorporando a Trip ao mercado nacional de aviação.
    • A fusão resultou em ampliação da participação da Azul, consolidando-a como uma das maiores aéreas do Brasil.
    • A história da Trip demonstra como empresas regionais podem crescer e se integrar a grupos maiores para se adaptar ao mercado.
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O Brasil já viu muitas companhias aéreas grandes surgirem e desaparecerem, mesmo aquelas que brilhavam em voos internacionais, como a Varig e a Vasp, que deixaram um legado no setor. Mas o país também se destacou por suas companhias regionais, que atendiam cidades menores.

Nesse cenário, a Trip se destacou por um sucesso notável, embora breve. Mesmo quem não morava em uma cidade atendida por seus voos pode não conhecer a marca, mas a empresa foi uma referência por mais de dez anos. Hoje, sua história se entrelaça com um dos grandes nomes da aviação nacional. Descubra ou relembre a trajetória da Trip.

O início da Trip

A história da Trip, uma companhia aérea que marcou a aviação regional brasileira, começou com o empresário José Mario Caprioli. Seu grupo já possuía negócios no transporte rodoviário, dando uma base sólida para o novo empreendimento. A empresa foi oficialmente criada em Campinas, no estado de São Paulo, em 24 de março de 1998, iniciando suas operações poucos meses depois.

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O nome Trip tinha um duplo sentido que refletia sua essência. Além de significar “viagem” ou “passeio” em inglês, era também uma sigla, que representava Transportes Regionais do Interior Paulista. Essa nomenclatura já indicava o foco principal da companhia desde o seu nascimento.

Um avião da Trip em um aeroporto regional.
Rotas regionais e pouco visadas pelas concorrentes foram as armas da Trip. (Imagem: Reprodução/Passageiro de Primeira)

Desde o começo, a Trip se posicionou como uma empresa de atuação regional. Isso significava que ela mirava principalmente capitais que estavam fora do eixo mais movimentado pelas grandes concorrentes. Além disso, a companhia se dedicava a cidades de médio porte, muitas vezes com aeroportos que tinham pouca ou nenhuma atenção de outras empresas aéreas. Esse foco estratégico foi fundamental para seu crescimento.

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Com o tempo, a estrutura de controle da companhia se expandiu. Além do grupo original de José Mario Caprioli, a Trip passou a ter outros parceiros estratégicos. O Grupo Águia Branca, por exemplo, adquiriu 50% do capital da empresa em 2006. Dois anos depois, em 2008, a norte-americana SkyWest Airlines também adquiriu 20% de participação, mostrando o interesse internacional no modelo de negócio da Trip.

Expansão e alcance da Trip

As primeiras aeronaves da Trip eram modelos EMB-120 da Embraer, com capacidade para até 30 passageiros. Essa escolha estava alinhada à sua estratégia de atender a rotas que demandavam aviões menores e mais adequados para aeroportos regionais. A flexibilidade dessas aeronaves permitiu à empresa operar em locais menos acessíveis para a concorrência.

Um dos primeiros grandes êxitos comerciais da Trip foi a rota que ligava Natal a Fernando de Noronha e Recife, consolidando sua presença no Nordeste. Apenas no segundo ano de operação, a companhia começou a expandir seus serviços para o estado de São Paulo. Gradualmente, a Trip foi montando uma frota diversificada, que incluía aeronaves da francesa ATR, além da contínua parceria com a brasileira Embraer, conhecida por sua excelência. Essa estratégia de parcerias foi crucial para o desenvolvimento da empresa.

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A companhia se destacou por sua forte atuação em diversas cidades importantes do Brasil. Entre elas, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Guarulhos, Cuiabá, Manaus e Brasília eram pontos-chave. A partir desses centros, a Trip oferecia voos para cidades menores, tanto nesses estados quanto em outras regiões, ampliando sua capilaridade e conectividade.

Mesmo após a crise de 2001, que impactou a aviação global devido aos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos, a Trip continuou sua trajetória de expansão. Vários marcos foram alcançados, reforçando sua posição no mercado regional e transformando-a na maior companhia aérea desse segmento na América do Sul. Houve um otimismo generalizado, muito parecido com o que vemos em outras indústrias, como quando a Intel registra otimismo do setor com processo 18A.

  • Em 2005, a Trip expandiu sua atuação na região Norte do Brasil, estabelecendo uma parceria estratégica com a Rico Linhas Aéreas.
  • A maior movimentação da empresa no mercado ocorreu em 2007, com a aquisição da concorrente Total. Com essa compra, a Trip passou a atender 62 cidades, tornando-se a maior companhia aérea regional da América do Sul.
  • Nesse mesmo período, a Trip fez um investimento significativo ao adquirir suas primeiras aeronaves diretamente da fábrica, dois modernos modelos ATR 72-500.
  • O ano de 2008 foi de grande crescimento, com a abertura de mais voos no Amazonas e no Pará. Além disso, a companhia adquiriu jatos Embraer 175, que eram maiores e mais potentes.
  • Em 2009, a companhia superou a marca de 70 destinos atendidos, um feito notável para uma empresa de voos regionais.
  • Em 2010, o Grupo Caprioli optou por vender suas empresas de ônibus, direcionando o capital obtido para um investimento ainda maior na Trip, mostrando o compromisso com o setor aéreo.
  • Para ampliar seus serviços, em 2011 foi criada a marca Trip Cargo, focada no transporte de mercadorias para cidades do interior, diversificando as operações da empresa.

O ano de 2011 também foi importante por outro motivo. Em meio aos planos de formação do grupo Latam, a TAM anunciou sua intenção de adquirir uma participação na Trip. As duas companhias já mantinham acordos de voos conjuntos há bastante tempo, mas, por diferentes razões, essa negociação específica não foi adiante, e um caminho diferente foi traçado para a Trip.

O que aconteceu com a Trip: o fim de uma era

No final de maio de 2012, a Trip anunciou uma grande mudança: uma fusão com a Azul Linhas Aéreas. Essa união resultou na formação de uma nova holding chamada Azul Trip. A negociação foi estratégica, pois as duas empresas competiam em diversas rotas, e a fusão representava uma oportunidade de consolidação no mercado. É uma estratégia de mercado que empresas buscam para se manterem fortes, assim como a Samsung, que confirmaria a continuidade do Galaxy S26 Plus e mudaria a versão Edge.

Como parte do acordo de fusão, a Azul obteve mais de 66% da participação na nova holding, enquanto a Trip manteve o restante. José Mário Caprioli, fundador da Trip, assumiu a presidência executiva da nova empresa, demonstrando a intenção de integrar as operações e estratégias de ambas as companhias para fortalecer sua posição no mercado brasileiro.

Apesar da formação da holding Azul Trip, o nome da marca Trip foi rapidamente deixado de lado na identidade visual da nova empresa. No entanto, houve uma pequena homenagem: uma das letras na logo da Azul mudou de tom de cor, fazendo uma referência sutil ao símbolo da antiga parceira. Com o passar do tempo e novas reformulações de design, essa menção visual também foi descontinuada.

A Trip continuou a existir por mais alguns meses após a fusão, mas operando sob um regime de compartilhamento de voos, conhecido como codeshare. Isso significava que voos vendidos por uma companhia podiam ser operados pela outra. Em 2014, a marca Trip já havia sido oficialmente incorporada e, na prática, deixado de existir como uma entidade separada dentro da estrutura da Azul Linhas Aéreas. Foi um processo de integração completo.

Um avião da Azul com a logo que homenageia a Trip.
Um avião da Azul ainda com a logo que homenageia a Trip. (Imagem: Divulgação/Azul)

No momento da fusão, as duas companhias, Azul e Trip, operavam juntas cerca de 800 voos diários. Essa união impulsionou a participação da Azul no mercado brasileiro, elevando-a para 15% do total. Com isso, a empresa se consolidou como uma das três maiores companhias de aviação do país, atrás apenas da então TAM e da Gol. Esse movimento demonstrou a dinâmica do mercado, onde mudanças rápidas podem impactar a participação, como a NVIDIA que revelou uma queda em sua participação no mercado de IA na China.

A trajetória da Trip é um exemplo claro de como as empresas podem surgir, crescer rapidamente em nichos específicos e, posteriormente, serem integradas a grupos maiores, adaptando-se às dinâmicas do mercado de aviação. A marca deixou sua contribuição para a conectividade regional do Brasil, e sua história continua viva através da Azul.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.