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- Investimentos em EdTech caíram de US$17,3 bilhões para US$3 bilhões, enquanto a IA recebeu US$51,4 bilhões, sem melhorar a aprendizagem.
- Plataformas priorizam métricas de engajamento em vez de qualidade, resultando em ferramentas pouco eficazes.
- Estudantes abandonam aplicativos por falta de progresso real, e a confiança na tecnologia educacional diminui.
- A inclusão de professores no desenvolvimento de ferramentas é essencial para garantir eficácia e resultados reais.
Com a queda drástica nos investimentos em educação online, que passaram de US$17,3 bilhões na pandemia para US$3 bilhões em 2024, enquanto a aposta em inteligência artificial atinge US$51,4 bilhões no mesmo período, surge um problema bilionário: plataformas EdTech correm para implementar IA sem avaliar se isso melhora a aprendizagem. O resultado são ferramentas chamativas, mas que pouco agregam para estudantes e educadores.
Prioridades desalinhadas atrapalham o avanço da tecnologia educacional
Boa parte do dilema não está na inteligência artificial em si, mas na prioridade errada. Muitos serviços priorizam métricas de engajamento em vez da qualidade do ensino, apostando em “soluções rápidas” que parecem interessantes, porém sem base em métodos comprovados de aprendizado. Apps gamificados para ensinar idiomas exemplificam essa situação. Embora prendam a atenção, geralmente apenas reforçam hábitos de uso e não fluência real.
Usuários acabam dominando os padrões do jogo, e não a comunicação em outro idioma. Segundo levantamento com estudantes de aplicativos de idiomas, cerca de 30% deles abandonaram essas ferramentas porque não perceberam progresso efetivo. Quanto mais EdTech ignora as técnicas pedagógicas, maior o risco de perder confiança, reduzir sua adesão e prejudicar resultados a longo prazo.
Além disso, ferramentas que priorizam apenas métricas digitais podem afastar estudantes interessados em abordagens mais completas. Muitas vezes, apostar apenas em recursos chamativos resulta em plataformas que dificilmente preparam o usuário para contextos práticos, como conversas profissionais ou viagens ao exterior, ampliando a frustração daquele que procura qualificação real.
Se a indústria mantiver o foco no espetáculo tecnológico sem base educacional sólida, plataformas continuarão entregando números de engajamento superficiais, enquanto alunos enfrentam dificuldades reais para evoluir. Esse ciclo reforça desconfiança sobre o valor da tecnologia no desenvolvimento de competências essenciais.
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Por que EdTech sem educadores agrava o cenário
Uma das principais falhas das tecnologias educacionais está em deixar de incluir professores em suas etapas de criação. Educadores entendem profundamente os processos de aprendizagem, mas acabam sendo consultados somente no fim ou nem participam. Isso gera produtos atraentes visualmente, mas desconectados da realidade pedagógica.
Ferramentas como assistentes de tarefas baseados em IA, por exemplo, respondem dúvidas rapidamente, porém sem o contexto ou a profundidade necessária que só um docente pode oferecer. Além disso, há riscos de fornecer respostas incorretas ou superficiais. Sem revisão especializada, esses recursos podem propagar erros e atrapalhar mais do que ajudar no entendimento do aluno.
Na Wall Street English, por exemplo, a criação de soluções com IA envolve a colaboração diária de professores que testam, ajustam e direcionam o desenvolvimento tecnológico. Isso permite que as novidades apoiem, e não substituam, o trabalho pedagógico. A ausência desse cuidado transforma a IA em uma vitrine vazia, gerando mais frustração do que aprendizado real.
Incluir professores no processo aumenta a eficácia, pois eles conseguem avaliar os pontos certos onde IA pode, de fato, personalizar planos de ensino, corrigir erros com sensibilidade e incentivar reflexão crítica. Sem essa conexão humana, softwares acabam apenas automatizando tarefas repetitivas, em vez de fomentar habilidades essenciais como criatividade e resolução de problemas.
IA consciente e com um propósito claro na educação
O avanço da IA não é inimigo da aprendizagem. Pelo contrário, pode liberar tempo dos professores em funções administrativas, oferecer feedback instantâneo, detectar falhas no entendimento e personalizar o ritmo das aulas. O importante é usar esses dados e automações para complementar o ensino, mantendo a experiência centrada no desenvolvimento humano.
Quando a tecnologia é lançada sem planejamento, acaba se tornando complexa, frustrando usuários e sendo abandonada rapidamente. Se a solução digital não tiver um benefício claro e mensurável, é melhor nem ser introduzida na rotina. A missão essencial da IA educativa é permitir que estudantes desenvolvam interesse, autonomia e senso crítico.
Como já ressaltado por Steve Wozniak, o foco deve estar em aprimorar o pensamento, não substituí-lo. IA educativa de valor reforça curiosidade, criatividade e colaboração, sem sufocar a troca humana que está no centro do ensino. Ferramentas que respeitam essa dinâmica têm potencial para melhorar e não limitar a experiência de aprendizagem.
O desafio está em equilibrar automação e personalização respeitosa com a prática pedagógica. Modelos lançados às pressas, sem ouvir a comunidade escolar, dificilmente cumprem essa função. Por isso, inovar só tem sentido quando atende a uma necessidade educacional real, e não a tendências digitais momentâneas.
Mudanças no setor e oportunidades para o futuro
Mesmo com a redução do capital em EdTech, o setor da educação como um todo permanece gigante e crescente, estimado para chegar a US$10 trilhões até 2030, especialmente em áreas como educação infantil e capacitação profissional. Só o mercado de ensino de inglês deve passar de US$90 bilhões até 2031, com alta média de 10,6% ao ano, impulsionado por urbanização e modelos híbridos de ensino.
Assim, apesar do corte recente nas apostas financeiras para plataformas digitais, o ensino ainda oferece espaço abundante para inovação eficaz e contextualizada. A demanda cresce junto com a digitalização da economia global, exigindo talentos qualificados em múltiplas línguas, novas tecnologias e soft skills aprimoradas.
O segredo para aproveitar essas oportunidades não está em seguir a moda da IA, mas em desenvolver tecnologias que de fato entreguem aprendizado validado, com resultados perceptíveis. EdTechs que colocarem educadores e alunos no centro tendem a ganhar destaque, sustentando seu modelo com provas de eficácia, não só engajamento momentâneo.
Sem esse equilíbrio, a chance é repetir investimentos bilionários que pouco mudam na prática. Para que isso não aconteça, professores e pesquisadores precisam fazer parte da co-criação das ferramentas, desde o planejamento até o uso, garantindo um ciclo mais saudável de inovação — um que priorize o ser humano, e não apenas indicadores digitais.
Uma mudança constante no mercado educacional inclui também a adoção de abordagens híbridas personalizadas para atender diferentes demandas. Nesse cenário, inovações precisarão dialogar com competências socioemocionais, pensamento crítico e capacidades técnicas, ampliando os horizontes da formação profissional e pessoal.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.