O governo Trump está intensificando uma ofensiva para tentar convencer o presidente Jair Bolsonaro para ele baixar um decreto proibindo que a Huawei e outros fabricantes chineses, forneçam equipamento para redes 5G, que serão implantadas no Brasil durante os próximos anos.
Os EUA estão tentando fazer lobby em vários países para que, assim como eles, proíbam que empresas de telecom usem equipamentos da chinesa Huawei. Desde o ano passado, os EUA colocaram a Huawei em uma lista negra, onde empresas americanas sequer podem negociar com a chinesa.
A Huawei, inclusive, deixou de usar o Android comercial do Google, sendo obrigada usar a versão aberta do sistema, que não possui a loja Google Play ou qualquer outro app do Google, ou outra empresa americana.
Os EUA vem avisando o Brasil sobre o assunto desde o ano passado, porém, eles estão intensificando as conversas com Bolsonaro já que ficou evidente que na portaria aprovada pela Anatel recentemente, que definiu diretrizes para a concorrência das empresas que poderão fornecer equipamentos; onde não há nenhuma menção sobre algum tipo de bloqueio a empresas chinesas.
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Os americanos estão tentando convencer o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que cuida da segurança cibernética do Brasil.
Nas conversas, deixaram claro que os equipamentos chineses representam um risco para vazamento de dados sensíveis, principalmente na área de defesa.
EUA não convenceu o Reino Unido
Os EUA vem de derrota em suas tentativas de convencer outros. Recentemente, o Reino Unido, historicamente o maior parceiro dos EUA, não deu ouvidos e deram sinal verde para empresas usarem equipamentos 5G da Huawei e outras chinesas. Mesmo que o decreto tenha limitado a 35% a participação das empresas chinesas no fornecimento, os EUA foram derrotados.
Ao GSI os EUA afirmaram que com o 5G, o risco de espionagem por parte das chinesas será bem maior, já que essa tecnologia irá conectar praticamente tudo; desde centrais de comunicação, celulares, máquinas, equipamentos, etc. Ficando assim mais fácil o acesso às informações.
Procurada, a embaixada dos EUA afirmou que repassa informações ao governo brasileiro nas discussões envolvendo o 5G, alertando para os riscos de incorporação de componentes de fornecedores não confiáveis, para eles é claro.
Via assessoria, o gabinete afirmou a Folha que não houve encontros com representantes dos EUA ou da China. Embora os americanos não ameacem romper a parceria estratégica firmada entre Brasil e EUA diretamente, a Folha apurou que eles afirmam que, no cenário em que Huawei forneça aparelhos de 5G, ficaria inviável levar adiante a parceria na área de defesa.
Operadoras de telefonia são contra o lobby americano
Vale destacar que o Brasil preza muita as parcerias com a China. Na Esplanada, técnicos dos ministérios da Ciência e da Economia estão atuando na Casa Civil, no GSI, no Ministério de Defesa e nos comandos das Forças Armadas para neutralizar o lobby dos Estados Unidos.
Atualmente no Brasil, a Huawei é disparada a maior fornecedora de equipamentos para as teles, tanto que muitos dizem que um eventual veto por parte do governo, acabaria na justiça. Para elas, cabe as empresas o poder de decisão de comprar, ou não, seus equipamentos.
Vale lembrar que essa briga não tem nada a ver com o Brasil. A briga entre EUA e China tem como pano de fundo a guerra comercial que as duas maiores potências ecônomicas atuais estão travando. Se trata de uma busca de aliados.
Os EUA estão preocupados com a expansão da China, por meio de suas empresas. Segundo eles, as empresas chinesas irão coletar dados dos países que atuam, inclusive de governos, alimentando assim a construção de suas redes de inteligência artificial, que seria a próxima fronteira tecnológica que levaria a economia mundial a um nível mais avançado, quem vencer essa batalha, ganharia tudo.
Via Folha