Aquecimento global pode ampliar disseminação de fungos mortais no mundo

O aumento das temperaturas globais pode intensificar a disseminação de fungos perigosos, aumentando riscos de infecções graves. Saiba mais.
Atualizado há 1 dia atrás
Aquecimento global pode ampliar disseminação de fungos mortais no mundo
O aquecimento global pode agravar a disseminação de fungos perigosos e infecções. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • O aquecimento global está facilitando a disseminação de fungos mortais, como o Aspergillus, para novas regiões.
    • Alertar sobre os riscos à saúde humana causados por infecções fúngicas potencializadas pelas mudanças climáticas.
    • Milhões de pessoas podem ser afetadas, especialmente aquelas com sistemas imunológicos comprometidos.
    • A falta de tratamentos eficazes e a resistência a medicamentos agravam o cenário.
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O aumento das temperaturas globais pode intensificar a disseminação de fungos mortais, ampliando o risco de infecções que afetam milhões de pessoas anualmente. Pesquisas recentes alertam sobre como as mudanças climáticas estão impulsionando ameaças graves de doenças, com a família Aspergillus expandindo seu alcance para regiões mais ao norte da Europa, Ásia e Américas. Essa expansão destaca o perigo dos fungos, que já são responsáveis por cerca de 5% das mortes em todo o mundo.

O aquecimento global está permitindo que diversos patógenos se espalhem geograficamente, e os fungos representam um risco particular devido à dificuldade em detectar seus esporos, à falta de tratamentos eficazes e à crescente resistência aos medicamentos disponíveis.

Ameaça fúngica global e o papel do aquecimento global

Norman van Rhijn, da Universidade de Manchester, especializado em infecções fúngicas, adverte que o mundo está se aproximando de um ponto crítico na proliferação de patógenos fúngicos. Esses organismos podem habitar desde terras áridas até ambientes úmidos e quentes dentro das residências.

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Van Rhijn ressalta a importância de se preparar para mudanças significativas na distribuição de espécies e nos tipos de infecções nos próximos 50 anos, com um impacto potencial em centenas de milhares de vidas. A série de televisão pós-apocalíptica The Last of Us, que retrata um fungo fictício dizimando a humanidade, ajudou a alertar o público sobre essa ameaça, embora o perigo real ainda seja subestimado.

A micologia, área da ciência que estuda os fungos, enfrenta muitos desafios devido à vasta quantidade de espécies desconhecidas. Um relatório de 2023 dos Jardins Botânicos Reais de Kew, no Reino Unido, revelou que mais de 90% das espécies de fungos permanecem desconhecidas pela ciência, tornando-os menos compreendidos do que os reinos vegetal e animal.

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De acordo com estudos, cerca de 3,8 milhões de pessoas morrem anualmente devido a infecções fúngicas invasivas, sendo o patógeno a principal causa de óbito em 2,5 milhões desses casos. A aspergilose, uma doença pulmonar causada por esporos de Aspergillus, é um dos principais perigos, podendo se disseminar para outros órgãos, incluindo o cérebro. Muitas vezes, as infecções não são detectadas precocemente devido à falta de familiaridade dos médicos com os sintomas, que podem ser confundidos com outras condições.

_Aspergillus_: Benefícios e Perigos

O Aspergillus, nome dado no século 18 devido à sua semelhança com um dispositivo usado para aspergir água benta, possui tanto benefícios quanto riscos para a humanidade. Algumas espécies são utilizadas em processos industriais e na fermentação de alimentos como molho de soja e saquê, enquanto outras representam perigos potenciais para a saúde.

Apesar de a maioria das pessoas não adoecer ao inalar esporos de Aspergillus, a taxa de mortalidade pode ser alta caso a infecção se estabeleça. Indivíduos com sistemas imunológicos enfraquecidos, como aqueles com asma, fibrose cística ou submetidos a quimioterapia, são particularmente vulneráveis.

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A espécie Aspergillus fumigatus foi identificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos quatro patógenos fúngicos críticos que representam o maior risco para a saúde humana.

Pesquisas recentes, financiadas pela Wellcome, indicam que o A. fumigatus poderá expandir seu alcance em até 77% até 2100 se o uso de combustíveis fósseis permanecer elevado. Essa expansão poderá atingir áreas próximas ao polo Norte, expondo cerca de 9 milhões de pessoas na Europa à infecção.

Elaine Bignell, da Universidade de Exeter, destaca que o A. fumigatus pode crescer rapidamente em altas temperaturas, o que pode ter facilitado sua adaptação para sobreviver e prosperar no corpo humano, cuja temperatura é de aproximadamente 37°C. Essa adaptação pode ter dado ao fungo a vantagem necessária para colonizar os pulmões humanos.

Expansão de _Aspergillus flavus_ e seus impactos

Outra espécie estudada, o Aspergillus flavus, comum em plantações, poderá expandir seu território em 16% até 2100. Essa expansão poderá levá-lo a novas áreas no norte da China, Rússia, Escandinávia e Alasca, enquanto algumas regiões africanas e o Brasil poderão se tornar inabitáveis para essa espécie. O desaparecimento do Aspergillus dessas áreas pode ter efeitos mistos, uma vez que ele desempenha um papel crucial na reciclagem de produtos químicos importantes para a vida.

Darius Armstrong-James, do Imperial College London, expressa preocupação com a possível disseminação geográfica do A. flavus, mencionando surtos de doenças causadas por essa espécie em países como a Dinamarca. Além disso, o A. flavus produz aflatoxinas, substâncias químicas que podem causar câncer e danos ao fígado. Temperaturas elevadas e altos níveis de CO₂ podem aumentar a produção dessas toxinas, contaminando plantações.

Armstrong-James ressalta as sérias ameaças representadas pelo A. flavus tanto para a saúde humana quanto para a segurança alimentar, alertando sobre a possibilidade de a espécie desenvolver resistência a fungicidas. O desenvolvimento de novos medicamentos antifúngicos tem sido prejudicado pela falta de investimento, devido aos altos custos e incertezas sobre a rentabilidade.

Impacto das mudanças climáticas e a necessidade de vigilância

A pesquisa sobre Aspergillus se junta a outros estudos que indicam que eventos climáticos extremos, como incêndios florestais, podem impulsionar a disseminação de fungos perigosos.

De acordo com Brittany Bustamante, da Universidade da Califórnia, Berkeley, secas seguidas de chuvas fortes podem perturbar o solo e liberar esporos no ar, aumentando o risco de infecções como a aspergilose. A UC Berkeley está conduzindo um projeto para analisar dados de saúde de 100 milhões de pacientes nos EUA, buscando identificar fatores que influenciam a incidência e a gravidade das infecções fúngicas.

Os pesquisadores já descobriram que patógenos fúngicos como o Coccidioides, causador da febre do Vale, estão se espalhando mais amplamente após secas e outras mudanças climáticas. O Coccidioides, que vive em solos de regiões quentes e secas, já expandiu seu habitat do sudoeste dos EUA para o estado de Washington.

Desde 2020, os dados sugerem que os maiores aumentos na aspergilose ocorreram em indivíduos latinos e em áreas rurais. As razões para isso não são claras, mas podem estar relacionadas a casos graves de Covid-19 e dificuldades de acesso a sistemas de saúde sobrecarregados.

Bustamante enfatiza que, devido ao potencial das mudanças climáticas para impulsionar futuros surtos de doenças respiratórias, infecções fúngicas secundárias como a aspergilose provavelmente continuarão sendo uma séria preocupação de saúde pública. As pessoas em maior risco tendem a ser aquelas que já enfrentam desvantagens sociais e maior exposição a riscos ambientais, como a poluição.

Diante desse cenário, é crucial monitorar de perto a disseminação de fungos mortais e investir em medidas de prevenção e tratamento para proteger a saúde pública. Além disso, é fundamental adotar medidas para mitigar as mudanças climáticas e reduzir o impacto desses eventos extremos na saúde humana. Você pode aprender mais sobre segurança cibernética com este manual de segurança cibernética, disponível gratuitamente.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Folha de S.Paulo

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.