▲
- Uma pesquisa descobriu que a bactéria causadora da hanseníase já circulava nas Américas há cerca de mil anos, antes da chegada dos europeus.
- Essa descoberta desafia a ideia de que a maioria das doenças infecciosas nas Américas foi trazida do Velho Mundo.
- A descoberta pode alterar a compreensão sobre a origem e disseminação de doenças no continente, impactando estudos históricos e médicos.
- A pesquisa também sugere que a hanseníase pode ter afetado populações indígenas de forma mais ampla do que se imaginava.
A hanseníase, conhecida historicamente como lepra, tem raízes mais profundas nas Américas do que se pensava. Uma pesquisa recente revelou que a bactéria causadora da doença já circulava no continente há cerca de mil anos, bem antes da chegada dos europeus. Essa descoberta muda a nossa compreensão sobre a origem e disseminação de doenças infecciosas nas Américas e desafia a ideia de que a maioria dessas doenças foi trazida do Velho Mundo.
Descoberta surpreendente sobre a hanseníase nas Américas
Cientistas identificaram o DNA do micróbio em antigos indígenas que viviam tanto no Canadá quanto na Argentina, indicando que a bactéria tinha uma distribuição bem ampla no passado. Essa informação é crucial, pois a maior parte das doenças infecciosas que afetaram a saúde pública nas Américas tem origem europeia, asiática ou africana. Essas doenças causaram um impacto devastador nas populações indígenas, que não possuíam imunidade natural contra esses patógenos.
Essa descoberta coloca a hanseníase em um novo patamar, equiparando-a à sífilis, outra doença que, aparentemente, surgiu nas Américas. Um estudo publicado na revista Science detalha essa pesquisa, coordenada por Nicolás Rascovan, do Instituto Pasteur na França, com a participação de uma equipe internacional, incluindo os brasileiros Claudio Salgado, Patricia Rosa e Amanda Brum Fontes.
Até os anos 2000, acreditava-se que o Mycobacterium leprae era o único micro-organismo causador da doença em humanos. Acreditava-se que ele surgiu na África Oriental ou no Oriente Médio e se espalhou pelo mundo antes da Era das Navegações.
Impacto da bactéria e tratamento moderno
A hanseníase afeta as células da pele e do sistema nervoso, causando insensibilidade à dor, o que pode levar a lesões sérias nos membros a longo prazo. A ação da bactéria é lenta, levando anos ou décadas para se manifestar, e a transmissão ocorre pelo contato próximo com secreções respiratórias de pessoas doentes. Felizmente, o tratamento com antibióticos permite a cura completa da doença.
Leia também:
Em 2008, foi identificada uma segunda espécie do patógeno, o Mycobacterium lepromatosis, que causa sintomas similares e é mais comum nas Américas. Casos dessa espécie aparecem com mais frequência no México, mas também há registros no Brasil, nos Estados Unidos e no Canadá. A bactéria também foi encontrada em esquilos-vermelhos no Reino Unido e na Irlanda.
Para entender melhor a evolução dessa bactéria, os pesquisadores analisaram mais de 400 amostras, encontrando o DNA do micróbio em 34 delas, principalmente de pacientes da América do Norte e Central. O próximo passo foi analisar o genoma dessas amostras, uma tarefa difícil, pois a bactéria não pode ser cultivada em laboratório.
Atualização do Always On Display e a análise do DNA antigo
Os pesquisadores usaram várias técnicas para contornar esse problema e identificaram pelo menos duas grandes linhagens de M. lepromatosis afetando pessoas atualmente. Simultaneamente, eles analisaram dados de DNA de quase 400 pessoas que viveram nas Américas antes da chegada dos europeus em busca de sinais da bactéria.
Estudos de DNA antigo geralmente revelam o genoma de micro-organismos presentes no corpo da pessoa, e transformações específicas na estrutura molecular do DNA indicam que o material genético microbiano também é antigo, e não uma contaminação recente. Foi assim que eles detectaram a presença do patógeno em um indígena canadense e em dois argentinos.
A análise genômica sugere que o ancestral comum de todos os ramos da árvore genealógica da M. lepromatosis viveu há cerca de 10 mil anos. Acredita-se que houve diversos processos de difusão do patógeno ao longo do continente americano durante milênios, embora a região de origem ainda seja desconhecida. Para saber mais sobre o que é um tablet, e quais são os principais modelos disponíveis no mercado, você pode conferir essa notícia.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Folha de S.Paulo