Decreto proíbe cursos online de Medicina, Direito e outras áreas no Brasil

Governo brasileiro proíbe cursos online de Medicina, Direito e outras áreas; entenda as mudanças e impactos para estudantes.
Atualizado há 5 horas atrás
Decreto proíbe cursos online de Medicina, Direito e outras áreas no Brasil
Governo proíbe cursos online em Medicina e Direito; entenda as consequências para alunos. (Imagem/Reprodução: Tiinside)
Resumo da notícia
    • O decreto proíbe cursos online de Medicina, Direito, Enfermagem, Psicologia e Odontologia, exigindo formato presencial.
    • O objetivo é valorizar a interação e a qualidade do ensino, garantindo infraestrutura adequada e qualificação docente.
    • Estudantes dessas áreas precisarão se adaptar ao formato presencial, o que pode aumentar custos e reduzir acessibilidade.
    • Instituições terão dois anos para se adequar às novas regras, que também incluem avaliações presenciais obrigatórias.
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Cursos de medicina, direito, odontologia, enfermagem e psicologia agora só podem ser oferecidos no formato presencial. Essa é a principal mudança trazida pelo decreto da Nova política de EAD, assinado pelo presidente Lula em Brasília. A medida também define que os demais cursos da área de saúde e licenciaturas devem ser oferecidos de forma presencial ou semipresencial (híbrido), com o objetivo de valorizar a interação e a qualidade do ensino.

O Ministério da Educação (MEC) informou que o foco do novo regulamento é “o estudante e a valorização dos professores”. O objetivo é garantir infraestrutura adequada nos polos, qualificação do corpo docente e valorização da interação para uma formação completa, independentemente da distância física.

O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou que o novo marco regulatório traz regras mais claras para garantir a qualidade da oferta. As instituições de ensino superior terão um prazo de dois anos para se adaptar às novas regras.

Principais Novidades da Nova Política de EAD

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As mudanças implementadas visam melhorar a qualidade e a experiência do aprendizado a distância. O ministro Camilo Santana detalhou as principais novidades que devem ser implementadas pelas instituições de ensino superior:

Os polos de EAD serão reconhecidos como espaços de apoio acadêmico, devendo atender a requisitos mínimos de infraestrutura física e tecnológica, como salas de coordenação, ambientes de estudo, laboratórios e acesso à internet. Não será permitido o compartilhamento de polos entre diferentes instituições de ensino superior.

O decreto também cria o cargo de mediador pedagógico, com formação compatível com o curso e vínculo formal com a instituição de ensino. O número desses profissionais deverá ser informado anualmente no Censo da Educação Superior. A função do mediador pedagógico será diferente da do tutor, que se limitava a tarefas administrativas.

Além disso, o decreto determina a realização de pelo menos uma avaliação presencial por disciplina, que deverá representar a maior parte da nota final, inclusive em cursos EAD.

Formatos de Aulas na Nova Política de EAD

O decreto permite a modalidade semipresencial para cursos superiores, como os de licenciatura e da área da saúde, com limites para a carga horária virtual. Os três formatos contemplados pelo novo marco regulatório são:

  1. Presenciais: predominância de carga horária presencial física, com limite de até 30% de EAD.

  2. Semipresenciais: atividades presenciais (estágio, extensão, práticas laboratoriais) e virtuais ao vivo (síncronas) mediadas, além de carga horária a distância.

  3. A distância: predominância de carga horária a distância, com um mínimo de 20% de atividades presenciais e/ou online (síncronas) mediadas e provas presenciais.

O controle de frequência dos estudantes será obrigatório em todos os formatos.

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Em junho de 2024, o MEC suspendeu a criação de novos cursos de graduação a distância, novas vagas e polos até 10 de março de 2025, buscando reformular os referenciais de qualidade da EAD e criar este novo marco regulatório.

EAD em Números

O MEC destaca que, entre 2018 e 2023, os cursos a distância cresceram 232% no país. Em 2023, o número de ingressantes em cursos EAD foi o dobro dos ingressantes nos cursos presenciais. De acordo com o Censo da Educação Superior 2023, a oferta de vagas na modalidade EAD foi de 77,2% (19.181.871), enquanto as presenciais representaram 22,8% (5.505.259).

Na rede pública de ensino superior, a maior parte dos ingressos ocorreu nas graduações presenciais: 85% (481.578). Os outros 15% (87.511) são alunos de cursos à distância. Na rede privada, a situação se inverte: 73% (3.226.891) dos ingressos em cursos de ensino superior foram na modalidade EAD, enquanto 27% (1.198.012) ingressaram em cursos presenciais.

Dos 5.570 municípios do Brasil, 3.392 deles têm estudantes matriculados em cursos de EAD, representando 93% da população brasileira, segundo dados da Agência Brasil. Se você se interessa pelo tema, pode ser interessante saber mais sobre como a IA está transformando a gestão de pessoas.

Repercussão da Nova Política de EAD

Francisco Borges, mestre em Educação e consultor de gestão e políticas públicas da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), critica a medida. Segundo ele, o decreto pode limitar o acesso à educação para uma parcela da população, aumentando os preços e diminuindo a capilaridade, especialmente para estudantes de áreas remotas. “Hoje, em qualquer cidade com mais de 10 mil habitantes existe oferta de EAD, e ela chega inclusive nas aldeias indígenas e nas comunidades quilombolas, onde o presencial não chega”, avalia.

Borges também questiona o limite de 70 alunos por turma em aulas ao vivo, argumentando que os avanços tecnológicos das plataformas digitais já permitem uma interação eficiente mesmo com turmas maiores. “Qual a diferença entre uma aula online com 70 pessoas ou com 100 ou 120, se o chat é mediado por Inteligência Artificial, com respostas imediatas e filtradas? O MEC, a meu ver, não incentiva o bom uso da tecnologia a favor da educação”, completa.

Dados do último Censo da Educação Superior mostram que, entre 2012 e 2023, a oferta de cursos de graduação à distância no Brasil cresceu 700%. O atual Ministro da Educação, Camilo Santana, frequentemente mostra preocupação com esse aumento, questionando principalmente a qualidade dos cursos online. Por outro lado, Francisco Borges defende que não há qualquer indício que aponte para isso, ressaltando o papel da Educação à Distância para a inclusão social.

O consultor da Fundação FAT defende que a EAD democratizou o acesso à educação. “Estamos falando de um cenário que democratizou o acesso à educação. Por muito tempo, o ensino superior presencial se apresentava como uma alternativa inviável para uma realidade social em consolidação”, explica. Ele ainda ressalta que a maioria dos estudantes no ensino superior é formada por adultos trabalhadores, para quem o deslocamento diário para a unidade de ensino é um grande obstáculo.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.

Via TI Inside

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.