Macacos-prego adolescentes sequestram filhotes de bugios por tédio na Ilha Jicarón

Macacos-prego adolescentes na Ilha Jicarón sequestram filhotes de bugios, comportamento raro que intriga pesquisadores. Saiba mais sobre o caso.
Atualizado há 7 horas atrás
Macacos-prego adolescentes sequestram filhotes de bugios por tédio na Ilha Jicarón
Macacos-prego sequestram filhotes de bugios na Ilha Jicarón, comportamento surpreendente. (Imagem/Reprodução: Super)
Resumo da notícia
    • Macacos-prego adolescentes na Ilha Jicarón sequestram filhotes de bugios, um comportamento incomum e intrigante.
    • O objetivo da notícia é informar sobre um fenômeno raro no comportamento animal, estudado por cientistas.
    • O impacto inclui a discussão sobre como o ambiente influencia o comportamento dos animais e a sobrevivência dos filhotes.
    • O caso também levanta questões sobre a disseminação de comportamentos sem benefícios aparentes entre espécies.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os macacos prego adolescentes da Ilha Jicarón, no Panamá, estão causando um alvoroço incomum. Em vez de se comportarem como macacos típicos, eles foram flagrados sequestrando filhotes de bugios, também conhecidos como macacos-uivadores. Essa brincadeira de roubo interespecies tem intrigado cientistas, que buscam entender os motivos por trás desse comportamento bizarro, desde a busca por adrenalina até o puro tédio.

A Ilha Jicarón, um paraíso intocado no sul do Panamá, é um território onde a natureza prospera sem a interferência humana. Em 2017, pesquisadores decidiram transformar a ilha em um palco para um verdadeiro reality show da vida selvagem, instalando câmeras para monitorar o dia a dia dos macacos-prego. O que eles não esperavam era que a programação se tornaria tão… peculiar.

De repente, os vídeos revelaram uma série de sequestros nada convencionais. Jovens macacos-prego machos começaram a raptar filhotes de bugios, os macacos-uivadores, e ninguém sabia explicar o porquê.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Entre 2022 e 2023, pelo menos 11 filhotes de bugios foram sequestrados. O líder dessa “gangue” era Joker, um macaco-prego apelidado em homenagem ao vilão do Batman por causa de uma cicatriz em sua boca e, aparentemente, por seus atos questionáveis. Em janeiro de 2022, Joker foi visto carregando um filhote de bugio nas costas.

Joker e seu refém permaneceram juntos por um tempo, e os pesquisadores chegaram a cogitar se tratar de uma adoção. Afinal, um caso semelhante já havia sido registrado no Brasil, quando uma macaca-prego fêmea adotou e amamentou um filhote de sagui órfão.

Leia também:

Mas essa teoria logo caiu por terra. Joker era macho e, em nenhum dos vídeos, ele demonstrava qualquer cuidado com o filhote sequestrado. Além disso, as gravações capturavam os gritos desesperados dos bugios à procura de seus filhotes, e os próprios filhotes clamavam por suas mães. Os pesquisadores acreditam que os pequenos bugios morreram de fome, sem os cuidados necessários.

A Coringada Continua

Nos meses seguintes, Joker realmente mostrou seu lado “Coringa”. Ele foi flagrado com outros três filhotes de bugios em momentos diferentes. Logo depois, os pesquisadores perceberam que outros quatro macacos-prego machos também estavam carregando filhotes de bugios vivos nas costas ou na barriga.

No total, a “quadrilha” sequestrou 11 filhotes de bugios, e a taxa de sobrevivência parece ter sido nula. “Os macacos-prego não machucavam os bebês, mas não conseguiam fornecer o leite de que eles precisavam para sobreviver”, explica Zoë Goldsborough, pesquisadora do estudo, em um comunicado do Instituto Max Planck de Comportamento Animal. As descobertas foram publicadas na revista Current Biology.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Os macacos-prego carregavam os filhotes por dias, com pouca interação: sem brincadeiras, agressão mínima e pouco interesse. Uma situação triste para os bugios.

O efeito manada surpreendeu os pesquisadores. Para Patrícia Izar, bióloga da Universidade de São Paulo e responsável pela identificação do caso de adoção entre macaco-prego e sagui, “essa observação é particularmente intrigante porque são raros os exemplos de disseminação social de tais comportamentos sem benefícios aparentes de aptidão em animais que não sejam humanos”, disse à National Geographic.

A questão é que roubar filhotes é uma brincadeira comum entre esses macacos, mas que geralmente acontece dentro da própria espécie. Os machos comemoram quando conseguem pegar um bebê de suas mães – são verdadeiros “capetinhas” que adoram pregar peças – e ficam com o bebê até que ele comece a chorar e acabe com a diversão. Nesse momento, eles simplesmente abandonam o macaquinho por aí.

Felizmente, as mães geralmente estão por perto para resgatar seus filhotes. Além disso, pesquisadores acreditam que os bebês com os quais os sequestradores desenvolvem um relacionamento próximo no início, muitas vezes crescem e se tornam aliados com quem eles podem se aventurar em outros grupos para acasalar, uma espécie de síndrome de Estocolmo.

O Inédito Roubo Interespécies

“[O roubo interespécies] nunca foi observado em nenhum outro lugar, nem nesta ilha nem em nenhuma outra população de macacos-prego”, afirma Goldsborough em comunicado.

“Para mim, parece menos que eles querem ficar com os filhotes de bugios por estarem muito interessados neles e em interagir com eles, mas sim que os carregam como um ‘acessório’ e estão interessados no comportamento de carregar os filhotes”, explicou a autora para o site ScienceAlert. Ela ainda sugere que é possível que os outros macacos tenham querido copiar a tendência lançada por Joker.

A Teoria do Tédio dos Macacos Prego Adolescentes

Outra hipótese defendida pelos autores é que os sequestros são resultados de um problema maior: o tédio. No continente, os macacos-prego precisam se preocupar com predadores. Já na Ilha Jicarón, com poucas ameaças e comida à vontade, os jovens primatas talvez estejam apenas entediados.

“Acreditamos que as condições na ilha, especialmente a ausência de predadores terrestres e a potencial maior quantidade de tempo livre, são muito propícias à inovação e disseminação de comportamentos”, explicou Goldsborough ao ScienceAlert. “Animais que vivem em ilhas sem predadores – ou em zoológicos, onde também estão seguros e bem alimentados – costumam ser mais inovadores e melhores no uso de ferramentas”, disse a pesquisadora à Nat Geo. Vale lembrar que os bichinhos são conhecidos por usarem pedras para resolver problemas.

Em muitos casos, o que os animais entediados fazem pode ser inútil ou até irritante, diz Brendan Barrett, também autor da pesquisa, à Nat Geo. “Já vi macacos-prego limpando porcos-espinhos e dando tapinhas no traseiro de vacas. Eles mexem com tudo. Estão constantemente testando e interagindo com o mundo.”

Barrett e Goldsborough esperam que esse comportamento desapareça logo, ou que os bugios se adaptem para proteger melhor seus filhotes. Além disso, eles dizem que enxergam muito do comportamento humano nas descobertas da pesquisa: “[O estudo] é como um espelho que reflete sobre nós mesmos”, disse Barrett para a CNN, “aparentemente fazendo coisas para outras espécies que podem prejudicá-las e parecem atrozes, sem nenhum propósito real.”

O estudo sobre os macacos prego adolescentes da Ilha Jicarón levanta questões importantes sobre comportamento animal e a influência do ambiente. Resta saber se essa moda passageira irá desaparecer ou se os bugios encontrarão uma forma de se proteger.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Superinteressante

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.