Macacos-prego sequestram filhotes de bugios em ilha no Panamá

Pesquisadores descobrem comportamento inusitado de macacos-prego sequestrando filhotes de bugios em ilha no Panamá. Entenda o caso.
Atualizado há 14 horas atrás
Macacos-prego sequestram filhotes de bugios em ilha no Panamá
Macacos-prego sequestram filhotes de bugios no Panamá em comportamento inesperado. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • Macacos-prego foram observados sequestrando filhotes de bugios em uma ilha no Panamá, comportamento raro e intrigante.
    • O estudo visa entender as motivações por trás desse comportamento e seu impacto na dinâmica entre as espécies.
    • Essa descoberta pode revelar novos aspectos sobre a inteligência e o comportamento social dos primatas.
    • O fenômeno também levanta questões sobre como o ambiente isolado da ilha influencia o comportamento dos macacos.
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Já imaginou que macacos pudessem ter atitudes de “vilões” de desenho animado? Na ilha de Jicarón, no Panamá, macacos-prego estão dando o que falar ao sequestrarem filhotes de bugios. Essa história, que parece roteiro de filme, chamou a atenção de pesquisadores e levantou várias questões sobre o comportamento desses primatas. Vamos entender melhor essa situação inusitada e o que ela revela sobre a vida selvagem.

O Início da Descoberta

A ecologista Zoë Goldsborough, do Instituto Max Planck de Comportamento Animal na Alemanha, foi quem notou algo estranho. Em 2022, ao analisar imagens de câmeras na ilha de Jicarón, ela se deparou com um filhote de bugio agarrado nas costas de um macaco-prego-de-cara-branca. Essa cena, incomum devido à falta de convivência entre as espécies, intrigou a pesquisadora e seus colegas.

A investigação revelou um comportamento surpreendente: jovens macacos-prego machos estavam sequestrando filhotes de bugios e os mantendo por dias. O resultado? Os pequenos bugios acabavam morrendo de desidratação ou fome. A descoberta foi publicada na revista Current Biology, chocando a comunidade científica.

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Brendan Barrett, antropólogo evolucionista e orientador de doutorado de Goldsborough, comparou a situação a um filme de terror. “Olhar para as imagens sem saber o que iria acontecer era como assistir a um filme de terror que estava sendo escrito”, disse ele. Os pesquisadores, que geralmente estudam o uso de ferramentas de pedra pelos macacos-prego, viram-se diante de um fenômeno bem diferente.

De janeiro de 2022 a julho de 2023, os pesquisadores registraram 11 casos de filhotes de bugios sequestrados por cinco macacos-prego machos. Um dos “líderes” desse comportamento foi apelidado de Coringa, devido a uma cicatriz no canto da boca. Outros jovens macacos pareciam imitar as ações de Coringa meses depois.

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As Motivações por Trás dos Sequestros

Apesar das mortes dos filhotes, os especialistas não acreditam que os macacos-prego sequestradores tinham a intenção de machucar os bebês. Barrett fez uma comparação interessante: “Os macacos-prego são como crianças que capturam vaga-lumes em potes e não os libertam antes que morram.”

Macacos-prego já foram observados em comportamentos agressivos com outras espécies, incluindo o assédio a bugios em outros locais. Susan Perry, antropóloga da Universidade da Califórnia, Los Angeles, relatou ter visto macacos-prego torturando filhotes de quati antes de comê-los na Costa Rica. Ela também mencionou um grupo de macacos jogando um filhote de jupará como se fosse uma bola.

Os bugios, por outro lado, passam a maior parte do tempo digerindo folhas e emitindo seus chamados de sedução. Nas imagens coletadas pelos pesquisadores, Coringa aparece carregando um filhote de bugio em sua barriga ou costas, de forma semelhante a uma pessoa carregando um chihuahua em uma bolsa. No entanto, os macacos-prego não interagiam com os filhotes roubados, não brincavam nem faziam catação neles.

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Algumas cenas são ainda mais perturbadoras. Em um vídeo, um grupo de macacos-prego impede que um filhote de bugio escape, enquanto bugios adultos observam e vocalizam. As limitações das câmeras remotas impediram os pesquisadores de acompanhar os macacos até o local dos sequestros, mas eles confirmaram a morte de quatro filhotes e suspeitam que o mesmo ocorreu com os demais.

A Relação com o Uso de Ferramentas

Barrett e Meg Crofoot, também antropóloga do Instituto Max Planck, foram os primeiros a documentar o uso de ferramentas de pedra por essa população de macacos-prego. Desde 2017, eles acompanham o grupo continuamente. Esses animais descobriram como usar pedras para quebrar moluscos, caracóis e outros alimentos com cascas duras.

Os cientistas sugerem que pode haver uma ligação entre o uso de ferramentas e os sequestros. Por viverem em uma ilha remota, sem predadores e com comida abundante, os macacos-prego podem ter mais tempo livre. Essa teoria sugere que os sequestros seriam uma forma de inovação cultural, inventada por macacos entediados.

“Eles podem simplesmente ter muito tempo livre”, disse Crofoot. Essa ociosidade, combinada com a inteligência para usar ferramentas, pode levar a comportamentos novos e inusitados. Inclusive, você pode conferir mais sobre ferramentas de IA que podem ser usadas para entender melhor esse tipo de comportamento.

Charlotte Burn, especialista em bem-estar e comportamento animal do Royal Veterinary College em Londres, que não participou do estudo, ressaltou a necessidade de mais evidências para confirmar a teoria do tédio. A equipe planeja analisar mais imagens das câmeras para entender melhor o que desencadeia esse comportamento. Além disso, eles querem estudar o status social de Coringa antes de ele iniciar a “moda” dos sequestros.

Próximos Passos na Pesquisa

Entender se os sequestros de bugios ajudaram Coringa a se destacar no grupo de macacos-prego é crucial. Também é importante investigar se a solidão pode ter influenciado esse comportamento. “Se ele é um pária, então é mais um mistério por que os outros estão copiando”, disse Burn. “Talvez eles também estejam sentindo falta do que quer que ele estivesse sentindo falta.” Para aqueles que querem se aprofundar, existem manuais e cursos que podem auxiliar na análise de dados e comportamentos.

Os pesquisadores esperam que, ao estudar esses comportamentos incomuns, possam lançar luz sobre a complexidade da vida social e cultural dos macacos-prego. Afinal, a vida selvagem sempre nos surpreende com suas peculiaridades e reviravoltas.

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Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Folha de São Paulo

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.