Open Gateway alcança mais de 90% de cobertura na América Latina, segundo GSMA

Projeto da GSMA já está presente em 90% dos acessos na América Latina, unificando APIs de rede. Saiba como isso afeta você.
Atualizado há 5 horas atrás
Open Gateway alcança mais de 90% de cobertura na América Latina, segundo GSMA
Projeto da GSMA unifica APIs na América Latina, impactando 90% dos acessos. (Imagem/Reprodução: Mobiletime)
Resumo da notícia
    • O Open Gateway, projeto da GSMA, já cobre mais de 90% dos acessos na América Latina.
    • O objetivo é padronizar e democratizar o uso de APIs de rede para desenvolvedores e operadoras.
    • Você pode ter acesso a serviços mais seguros e integrados, como verificação de identidade via SIM.
    • A iniciativa também impulsiona a inovação no ecossistema digital da região.
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As operadoras de telefonia móvel estão cada vez mais focadas em se consolidar como peças-chave no universo digital. Uma das principais iniciativas para alcançar esse objetivo é o Open Gateway na América Latina, um projeto global da GSMA que busca unificar e democratizar o acesso às capacidades de rede por meio de APIs. Alejandro Adamowicz, diretor de Tecnologia e Estratégia da GSMA, explica o funcionamento desse modelo, as APIs mais populares, o papel das operadoras e os desafios e oportunidades dessa transformação na região.

Como surgiu o Open Gateway na América Latina?

Alejandro Adamowicz explica que a ideia do Open Gateway surgiu em 2022, como uma resposta estratégica das operadoras que formam o núcleo da GSMA. Essas empresas buscavam novas fontes de receita e formas mais ativas de participar da cadeia de valor do ecossistema digital, aproveitando o impulso gerado pela pandemia. O lançamento formal da iniciativa ocorreu no Mobile World Congress de 2023, em Barcelona.

O objetivo principal do Open Gateway é monetizar as funcionalidades de rede por meio de APIs, conectando-as de forma padronizada e aberta aos desenvolvedores e plataformas de nuvem. A ideia é que uma funcionalidade de rede desenvolvida na Colômbia seja idêntica àquela desenvolvida no Paquistão, universalizando o uso dos recursos de rede.

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Qualquer operadora que adote o Open Gateway pode, em colaboração com desenvolvedores de todo o mundo, combinar a capacidade da rede com a da nuvem para criar novos serviços. O conceito central do Open Gateway é, portanto, escalar e universalizar o acesso a esses recursos.

A adesão das operadoras latino-americanas

Globalmente, o Open Gateway já conta com a adesão de 73 grupos de operadoras, totalizando 284 redes. Mais de 78% dos usuários em todo o mundo já estão cobertos por pelo menos uma API do Open Gateway. Na América Latina, esse número ultrapassa os 90%, demonstrando o grande potencial da iniciativa na região e superando a média global em termos de cobertura.

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Atualmente, existem 48 APIs disponíveis em uma biblioteca chamada Cámara, um repositório com o código que os desenvolvedores utilizam para criar serviços. Na América Latina, o projeto já foi lançado em quatro países: Brasil, Argentina, Chile e Peru, seguindo essa ordem cronológica. Em breve, o México também receberá o lançamento, consolidando a presença do Open Gateway nos maiores mercados da região. Há um plano para expandir a iniciativa para os demais países da América Latina.

As operadoras latino-americanas demonstraram grande entusiasmo inicial com o Open Gateway. A estratégia dessas empresas é gerar novas receitas e participar de forma mais ativa e lucrativa do ecossistema digital, algo ainda mais relevante em um contexto de maior pressão financeira sobre as operadoras na região.

Além dos países onde as APIs já foram lançadas, há avanços significativos em outros mercados como Uruguai, Paraguai, Equador e Colômbia. Em breve, algum país da América Central também deverá se juntar à lista.

O papel das operadoras e o apoio da GSMA

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O Open Gateway conta com um comitê de liderança formado por operadoras, e a GSMA coordena o processo para garantir transparência e equilíbrio entre as opiniões das empresas. A participação é totalmente voluntária, tanto na criação quanto no uso das APIs.

Nem todas as operadoras estão criando novas APIs, já que essa é uma decisão voluntária. Existe um comitê técnico que avalia as propostas, e as operadoras podem sugerir ideias. Se uma proposta é aprovada, o desenvolvimento se torna global e a API não tem um dono específico, pertencendo a todo o ecossistema.

O uso da API por cada operadora também é voluntário. A única exigência da GSMA é a assinatura de um memorando de entendimento, que representa o compromisso de lançar ao menos uma API baseada no padrão. Isso porque o conceito de API não é novo, existindo há mais de 30 anos, e muitas operadoras já possuíam suas próprias APIs com funcionalidades semelhantes às do Open Gateway. A grande diferença agora é a padronização.

Um exemplo disso é o SIM Swap, uma das APIs mais populares na América Latina, que já existia em países como Colômbia, México, Argentina e Peru. No entanto, cada operadora tinha sua própria versão, dificultando a implementação, pois cada cliente precisava se integrar de forma diferente com cada operadora. O Open Gateway propõe um modelo padronizado, onde o desenvolvimento é feito uma vez e o acesso é garantido a todas as operadoras. Essa é uma das grandes vantagens do projeto e o motivo de tanto interesse. Em resumo, há um comitê que avalia as novas APIs e, posteriormente, as operadoras decidem quais lançar comercialmente.

As APIs de maior sucesso na América Latina

A API de maior sucesso na América Latina é a SIM Swap, impulsionada pela crescente demanda por cibersegurança, especialmente por parte de aplicativos financeiros, como os bancários. Com o aumento dos roubos de celulares na região, os criminosos tentam se passar pelas vítimas para acessar contas bancárias e redes sociais. A SIM Swap permite que as instituições interessadas em proteger seus clientes consultem o operador em tempo real e verifiquem a identidade do usuário.

Essa API não resolve todos os problemas de cibersegurança, mas é a mais demandada quando se trata de substituição de identidade via SIM, não apenas na América Latina, mas em quase todas as regiões. Em seguida, destacam-se a Device Location, que permite saber a localização do telefone com diferentes níveis de precisão, e a Number Verification, que valida se o número usado em uma transação realmente corresponde ao do usuário. Antes, essa verificação era feita com senhas temporárias (OTP), mas essa API oferece uma verificação muito mais segura.

Espera-se que, à medida que as operadoras desenvolvam mais APIs e ganhem confiança, o mercado e os clientes corporativos comecem a demandar mais soluções. Quanto mais específicas forem as APIs, mais específicos serão seus usos. Dessa forma, garante-se que os recursos de rede estejam disponíveis para todo o ecossistema. Muitas APIs também estão relacionadas ao desenvolvimento do 5G, que traz diversas novas funcionalidades de rede. A API permite que essas capacidades sejam usadas de forma simples por qualquer dispositivo. Quer saber mais sobre segurança? Descubra como Trump sanciona lei que criminaliza pornografia de vingança e deepfakes nos EUA.

Desafios e oportunidades do Open Gateway

Embora a iniciativa tenha sido muito bem recebida, o principal desafio agora é a busca por clientes. Nos países onde as APIs já foram lançadas, elas estão disponíveis e prontas para serem comercializadas. A GSMA pode apoiar com a divulgação, mas, como associação, não pode se envolver em questões comerciais. Agora que as operadoras têm as APIs em funcionamento, cabe a elas buscar clientes, gerar demanda e fechar negócios. A GSMA pode participar de reuniões para explicar os benefícios, mas a parte comercial é de responsabilidade das operadoras.

Essa iniciativa está intrinsecamente ligada à transformação do modelo de negócio das operadoras, aproximando-as mais do modelo das tech companies, como criadoras de conteúdo. Qualquer mudança que gere mais negócios e maior sustentabilidade para as operadoras é vista como positiva. Mudanças em termos de competitividade também são bem-vindas, pois representam mais valor e mais competição, resultando em mais opções para os usuários e mais incentivo à inovação.

Além do lançamento no México, que já está confirmado para breve, outros mercados estão no radar para este ano ou para os próximos, como Uruguai, Paraguai, Equador e Colômbia, embora este último esteja um pouco mais atrasado. A Colômbia continua sendo um mercado-chave na região, mas o lançamento depende das prioridades das operadoras. Muitas vezes, os mesmos times atuam em vários países e priorizam com base na estratégia e nas oportunidades de cada mercado. As operadoras estão buscando novas formas de investimentos para alavancar seus negócios.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Mobile Time

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.