Você precisa de um smartphone? Essa é uma pergunte que você deve se fazer. Já publicamos um artigo ajudando os usuários a escolherem qual o smartphone ideal para cada um. Porém, uma das questões levantadas é se realmente o usuário precisa de um smartphone. Isso é bem relevante, principalmente de um blog que fala justamente sobre smartphones. Ao longo de 7 anos trabalhando com internet e falando sobre celulares, posso dizer que vi de perto a evolução de um simples aparelho de comunicação de voz para um computador de mão potente, e caro. Mas em meio ao mundo que gira em torno de redes sociais, eles acabaram se tornando o meio mais fácil de estar sempre conectado. Graças a isso, fica mais fácil nos esquecermos que existe mundo lá fora . Sendo assim, repito novamente: Você precisa de um smartphone?
Normalmente nos perguntamos: Qual o preço? Qual a cor? Qual o meu amigo tem? e esquecemos do principal, que é a nossa necessidade. A tecnologia sempre avançou a passos largos, não é de agora, sempre foi assim. Porém, se nos colocássemos em uma corrida contra o tempo perceberíamos rapidamente que sempre, sempre estaremos atrás dela, é impossível acompanhá-la. Há inúmeros artigos na internet que comprovam que não importa quão moderno e eficiente alguns aparelhos sejam, as vezes para um usuário comum esse “avanço” dá tanto trabalho, e demanda tanto tempo que ele preferem viver sem eles. Quem ai não tem um parente já idoso, ou não, que mal sabem ligar um computador, mas não sente a menor falta disso em sua vida? eu conheço muitos. Isso prova, que nem sempre um smartphone é essencial para nossa existência. São tantos modelos sendo lançados, um melhor que o outro. Mas será que vale mesmo a pena para um usuário comum comprar um smartphone top de linha?
Vejam, em nenhum momento estou dizendo que smartphones são inúteis, se pensasse assim não estaria agora vos escrevendo. A questão é que a pressão da mídia é tão grande para que sempre tenhamos o melhor, que a maioria das pessoas são induzidas a comprar mais e mais. As propagandas estão sempre nos dizendo que o modelo mais novo é melhor, como se o celular que você comprou a 2 anos atrás – para fazer ligações – fosse totalmente inútil e não tem serventia nenhuma, um verdadeiro lixo. Mas a realidade não é essa, caso fosse realizada uma pesquisa mostrando como os usuários utilizam um smartphone, a resposta seria uma: Ele é uma necessidade para poucos, porém para a grande maioria não passa de um luxo.
Imagine algumas atividades que há poucos anos eram totalmente comuns na vida de muitos, a lista poderia ser muito maior, mas são alguns exemplos:
- Assistir tele jornal para se manter informado;
- Pesquisar livros de receitas para cozinhar;
- Ouvir o rádio para saber o trânsito;
- Ir a loja para comprar algum utensilio simples;
- Ir ao banco para consultar seu saldo;
- Ir a biblioteca pegar um livro;
- Ir a locadora alugar um filme…
Bastante coisa não é? Talvez levasse um dia inteiro para fazer tudo. Hoje, praticamente tudo isso pode ser feito através de um smartphone em poucos minutos, mas você deve estar pensando: ainda bem! De certo modo é realmente bom, mas já parou para pensar o quão ruim essa facilidade se torna quando chega ao ponto de condicionar as pessoas a querer tudo de forma imediata, sem esforço? Tudo vira mecânico, as pessoas praticamente não pensam para fazer algo, simplesmente fazem! Nos tornamos verdadeiros idiotas graças a eles. O vídeo abaixo mostra isso. (Nada contra o iPhone :D).
Quem já não se sentiu “pelado” com a falta do celular? Tem até uma propaganda de um carro que recentemente ironizou a questão. Recentemente brinquei com a minha esposa: “Já reparou que quando saio para trabalhar e esqueço o celular, volto para casa imediatamente para pegar? Mas várias vezes esqueci a carteira com os documento e não voltei, correndo o risco de um guarda de trânsito me parar e eu sem documento algum!”. Isso porque não trabalho efetivamente com um celular, provavelmente ninguém me ligaria até a hora do almoço quando voltaria para casa.
Tudo virou um vício descontrolado. O pior é que muita gente acha isso normal e engraçado. Porém isso é triste. Ao usar um smartphone durante uma interação social, você não está dando a outra pessoa 100% de sua atenção. Você vai sair como rude, sem educação ou mesmo anti-social. Este vídeo expressa a questão perfeitamente:
Algumas pessoas literalmente surtam quando a bateria do celular acaba ou a conexão com a internet cai. Estar conectado 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano seria atingir o nirvana para muitas pessoas.
É importante estarmos cientes que quanto mais tempo ficamos focados e fechados no mundo virtual, mas perdemos o que acontece no mundo exterior. É de muita importância para nossa vida perceber que existe um mundo a nossa volta e precisamos admirá-lo. Há coisas simples que devemos valorizar, como conversar com alguém sem ser interrompido por uma notificação ou apreciar uma refeição sem se preocupar em tirar foto e compartilhar. Acreditem: ninguém quer saber o que você tá comendo.
Para se ter uma ideia, smartphones estão prejudicando até na relação dos pais com filhos pequenos. Um estudo feito pela Pediatrics diz que os smartphones estão fazendo maus pais. Os pesquisadores entraram disfarçadamente em 15 restaurantes de fast-food para acompanharem 55 pais que estavam com um ou mais filhos. Eles começaram a notar o uso dos smartphone por parte dos pais, o resultado foi assustador. Quarenta dos pais usaram seus smartphones em algum momento da refeição. O pior foi que cerca de um terço estavam envolvidos com um dispositivo ao longo de toda a refeição.
Os pesquisadores notaram que os pais ao usarem seus smartphones, tendem a ignorar os seus filhos ou agir duramente com o comportamento dos filhos, ou seja, ficam mais irritados e sem paciência. Algumas crianças pareciam não se incomodar com a falta de atenção dos pais, enquanto outros ficaram claramente incomodados. Além disso, por causa dos telefones, a interação entre pais e filhos foram praticamente nulas.
Já notaram como pessoas mais velhas, antes das redes sociais, possuem muitas histórias – ou estórias – para contar? Por quanta coisas bobas que elas passaram no dia a dia? Coisas que para os mais jovens são “inimagináveis” de acontecer? Agora reflita: que histórias da sua vida você vai contar para seus netos? Contar para eles como foi compartilhado aquele seu videozinho no Vine não vai empolgar ninguém.
Se perguntarem para você qual foi a última vez que compartilhou a foto de um amigo virtual, sem dúvidas você lembraria, correto? Agora lhe pergunto: qual foi a última vez que você parou para reparar o céu azul intenso de um dia ensolarado? Ou quando foi a última Lua cheia que você viu?
Estamos sempre compartilhando links interessantes e engraçados e ao mesmo tempo deixamos de perceber coisas interessante que as pessoas nos dizem, pois estamos ocupados demais para dar atenção a conversas verdadeiras. Embora as pessoas ao redor também estão tendo essa mesma atitude, isso é um circulo vicioso. Estamos sempre alimentando nossas vidas sociais e ao mesmo tempo sacrificando a vida real.
Não estou dizendo para abandonarmos a internet e os smartphones, só estou enfatizando a importância do equilíbrio. Já parou para reparar a quantidade de informações que você absorveu durante um dia na internet, ou lendo seus feeds – ainda existe – no celular? Conhecimento nunca é demais, porém tente ler aquilo que realmente ache interessante ou útil, você não precisa saber o que acontece todos os dias. Não somos uma daquelas máquinas de filmes de ficção que o único objetivo é absorver “o conhecimento humado”.
Tente por alguns dias a reparar mais no que está acontecendo ao seu redor, fora da vida virtual. A realidade é ainda mais importante. Depois de um tempo irão perceber que as verdadeiras prioridades como espiritualidade (caso tenha uma), família e trabalho são as coisas mais importantes da vida, não o que aconteceu no último segundo nas redes sociais.
Como disse Mahatma Gandhi: “A felicidade não está em viver, mas em saber viver“. E acreditem, ninguém aprende a viver em frente um computador ou celular.