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- 40% das espécies de anfíbios estão ameaçadas de extinção, incluindo o axolote.
- Você pode ajudar a preservar esses animais essenciais para o equilíbrio ecológico.
- A extinção dos anfíbios pode aumentar o uso de pesticidas e afetar a produção de alimentos.
- O fungo quitrídio é uma das principais ameaças, já tendo extinguido 90 espécies.
Você sabia que o simpático axolote, aquele bichinho que estampa a nota de 50 pesos mexicanos, está criticamente ameaçado de extinção? E ele não está sozinho! A situação dos anfíbios no mundo é alarmante: cerca de 40% das espécies, incluindo sapos, rãs, salamandras e cobras-cegas, correm o risco de desaparecer. Entenda o que está acontecendo e por que isso pode gerar um enorme desastre ecológico.
O Drama Silencioso dos Anfíbios
O axolote, um tipo de salamandra que virou símbolo do México, é conhecido por suas brânquias externas que parecem uma coroa e pelo “sorriso” que exibe ao abrir a boca. No México, é comum encontrar canecas e pelúcias desse animal, que é tão popular quanto lembrancinhas do Chaves ou da Frida Kahlo.
Milhares de axolotes vivem em cativeiro, seja como animais de estimação ou em centros de pesquisa. Essa espécie possui uma incrível capacidade regenerativa, conseguindo recuperar membros amputados e até partes vitais do corpo, como coração, cérebro e nervos. Cientistas do mundo todo estudam esse mecanismo para desenvolver aplicações médicas.
Originários dos lagos ao redor da Cidade do México, especialmente em Xochimilco, os axolotes estão sumindo de seu habitat natural. De acordo com a Lista Vermelha da IUCN, restam apenas 50 a 1.000 indivíduos selvagens, o que classifica a espécie como “criticamente ameaçada”, um passo antes da extinção.
Os axolotes fazem parte dos anfíbios, um grupo de animais que existe há mais de 300 milhões de anos. Essa classe é dividida em três grupos principais: salamandras, cecílias (cobras-cegas) e anuros (sapos, rãs e pererecas). Infelizmente, os axolotes não são os únicos anfíbios em perigo.
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Um estudo de 2023 publicado na revista Nature estimou que 40,7% das espécies de anfíbios estão ameaçadas. Essa é a maior taxa de risco entre os vertebrados e persiste há décadas. Nos anos 1980, 37,9% dos anfíbios já estavam em perigo. A perda de habitat e as mudanças climáticas são fatores importantes, mas as doenças também têm um grande impacto. Uma delas, causada por um fungo, é considerada um dos patógenos mais letais do mundo, sendo responsável pelo declínio de 501 espécies e pelo extermínio de 90 delas.
A História e a Extinção dos anfíbios
Há 400 milhões de anos, no Período Devoniano, a Terra era dividida em supercontinentes e o nível dos oceanos era mais alto. Em terra, insetos e artrópodes viviam em florestas de samambaias, enquanto nos oceanos, os peixes prosperavam. Entre eles, destacavam-se os Sarcopterygii, com nadadeiras articuladas que funcionavam como pernas, permitindo que rastejassem no fundo do mar.
Os Sarcopterygii são os ancestrais de todos os tetrápodes, os vertebrados de quatro membros. Alguns desenvolveram pulmões e pele permeável, o que lhes permitiu respirar fora d’água. Esse processo evolutivo se consolidou no período Carbonífero, a “era dos anfíbios”. A transição para a terra firme foi uma vantagem evolutiva, já que a competição por comida na água era alta e havia muitos predadores.
Esses primeiros anfíbios eram diferentes dos atuais. Os Temnospondyli, por exemplo, possuíam garras e uma pele com placas ósseas que lembravam armaduras. O Prionosuchus, o maior anfíbio da história, chegava a 5 metros de comprimento, parecido com um crocodilo, e vivia no Nordeste brasileiro.
Acredita-se que sapos e salamandras evoluíram dos Temnospondyli, enquanto as cobras-cegas podem ter surgido de outra linhagem. Com o tempo, os anfíbios perderam espaço para os répteis, e as espécies maiores foram extintas, sobrando as menores. Essa mudança se mostrou vantajosa durante o evento de extinção dos dinossauros, há 66 milhões de anos.
O meteoro que causou a extinção dos dinossauros transformou o planeta em um cenário pós-apocalíptico. Nesse contexto, animais grandes não prosperaram, pois precisavam de muita comida e tinham gestações longas. Quase todos os animais com mais de 25 kg foram extintos.
Os sapos se adaptaram bem à nova realidade. Um estudo de 2017 mostrou que a maioria das espécies atuais de anfíbios se estabeleceu logo após o impacto do meteoro. Além de seu tamanho, os anuros também resistem a ambientes mais secos do que as salamandras, e seus ovos eclodem em apenas três semanas, o que acelerou a recuperação das populações. Atualmente, existem 7.843 espécies conhecidas de anuros, sendo o Brasil o país com a maior diversidade, com 1,2 mil espécies.
A Pele Lisa e o Perigo Moderno na Extinção dos anfíbios
O ciclo de vida da maioria dos anuros se divide em duas fases: aquática (na forma de girinos) e terrestre (já adultos, com pulmões desenvolvidos). A característica comum a todos os anfíbios é a ausência de anexos epidérmicos, ou seja, pele lisa, sem penas, pelos ou escamas.
Essa pele lisa permitiu que os anfíbios conquistassem a terra, mas também se tornou seu ponto fraco. Em 1989, durante o primeiro Congresso Mundial de Herpetologia, pesquisadores notaram um declínio nas populações de anfíbios em várias partes do mundo, que já era monitorado desde os anos 1970. Foi então que a comunidade científica percebeu que se tratava de um fenômeno global e iniciou uma pesquisa para descobrir a causa.
A resposta veio dez anos depois: a quitridiomicose, uma doença causada por dois fungos aquáticos: o Batrachochytrium dendrobatidis (Bd), ou quitrídio, e o Bsal, que ataca apenas salamandras. Os esporos desses fungos possuem flagelos que facilitam sua locomoção e podem ser transportados pela chuva, neblina e por animais infectados.
O quitrídio se instala na pele dos anfíbios, desregulando a entrada de oxigênio e sais minerais, o que leva à insuficiência cardíaca. O Bsal é ainda mais agressivo, causando úlceras e lesões. Uma pesquisa de 2018 indicou que a linhagem do quitrídio provavelmente se originou na Península da Coreia, onde algumas espécies de anfíbios já estavam adaptadas ao parasita. No entanto, no século 20, uma variante se espalhou pelo mundo, infectando espécies sem imunidade prévia.
Essa disseminação global ocorreu devido ao aumento do comércio de anfíbios, principalmente para alimentação. Em alguns países da Ásia, sapos e rãs são ingredientes de sopas e guisados. Na França, a rã é preparada à provençal, refogada com alho, ervas e manteiga.
Estima-se que o mundo consuma 3 bilhões de sapos e rãs por ano. Esse mercado é pouco regulamentado, explorando espécies ameaçadas e colocando outras em risco, além de contribuir para a proliferação do ranavírus, que afeta peixes e répteis. A União Europeia é a maior importadora de carne de rã, comprando 40,7 mil toneladas entre 2010 e 2019, principalmente da Indonésia, o maior exportador mundial.
O Mercado de Rãs e os Riscos na Extinção dos anfíbios
Na Europa, a carne de rã chega congelada, uma exigência sanitária mais rigorosa que a dos EUA, que prefere os animais vivos, aumentando o risco de transmissão de doenças. Apesar disso, estudos apontam falhas na fiscalização do mercado europeu. Uma pesquisa de 2017 revelou que a maioria das amostras de carne de rã-gigante-de-java era de outra espécie.
Parte da carne consumida na Europa é proveniente da caça na natureza, mas a maior parte vem de ranários, criadouros de rãs para abate. No Brasil, o primeiro ranário surgiu em 1935, no Rio de Janeiro, mas a produção só cresceu nos anos 1980, quando Índia e Bangladesh proibiram as exportações. O Brasil chegou a ser o segundo maior criador do mundo, mas hoje a produção é mais modesta, com 151 fazendas que produzem 400 toneladas por ano. A principal espécie criada é a rã-touro americana, introduzida no país nos anos 1930. Recentemente, a Samsung anunciou o Galaxy S25 Edge, um smartphone ultrafino, mostrando que a inovação pode estar em diversos setores.
Todos os produtores devem se registrar no Ibama como aquicultores, e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estabelece diretrizes para a produção sustentável. No entanto, a fiscalização é insuficiente. Segundo Luís Felipe Toledo, professor da Unicamp, o quitrídio está presente em todos os ranários do Brasil. A rã-touro é imune ao fungo, mas serve como vetor para as espécies locais, pois frequentemente escapa das fazendas e invade ecossistemas. A situação é tão grave que, seguindo a lei, seria necessário sacrificar todas as rãs em cativeiro e colocar os ranários em quarentena.
Apesar disso, fomentar a produção sustentável poderia ser uma solução. Existem projetos, principalmente a nível estadual, nos quais pesquisadores e órgãos públicos capacitam produtores e monitoram o surgimento de doenças nos anfíbios na natureza. Contudo, a conservação plena ainda é um objetivo distante. Não há um cadastro único dos ranários brasileiros, e as rãs são mencionadas apenas uma vez no Plano Nacional de Desenvolvimento da Aquicultura do Mapa.
Essa negligência é um problema, pois os anfíbios desempenham um papel fundamental na natureza, estando no meio da cadeia alimentar. Sem eles, seus predadores ficam sem comida, e o número de insetos, que são seu principal alimento, aumenta. Isso poderia levar ao aumento do uso de pesticidas, encarecendo a produção de alimentos e elevando os preços no mercado. No mundo da tecnologia, a Nvidia pode aumentar os preços de placas de vídeo, impactando o mercado global.
Apesar de letal, o quitrídio pode ser combatido com antifúngicos, vírus e calor. Estudos mostram que alguns sapos estão aprendendo a lidar com o Bd, migrando para habitats mais quentes. Recentemente, 18 axolotes criados em cativeiro foram introduzidos com sucesso na natureza. Esses animais resilientes, que superaram extinções em massa, podem encontrar uma maneira de escapar da situação crítica em que a humanidade os colocou, mas é nosso dever ajudá-los nesse processo.
Primeira: Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificiado, mas escrito e revisado por um humano.
Segunda: Via Superinteressante