Cientista revela que suposta volta de lobo extinto foi um engano

Descubra por que a suposta ressurreição do lobo-terrível foi desmentida e como isso afeta a ciência da desextinção.
Atualizado há 4 horas atrás
Cientista revela que suposta volta de lobo extinto foi um engano
Ressurreição do lobo-terrível desmentida: impactos na ciência da desextinção. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • A cientista-chefe da Colossal Biosciences admitiu que os animais apresentados como lobos-terríveis são, na verdade, lobos-cinzentos geneticamente modificados.
    • Entenda como essa revelação impacta a credibilidade da pesquisa em desextinção e a comunicação científica.
    • A polêmica levanta dúvidas sobre a viabilidade de trazer espécies extintas de volta e os riscos envolvidos.
    • O caso destaca a importância da transparência e precisão na divulgação de descobertas científicas.
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Começa o texto aqui:

A saga da ressurreição do lobo-terrível teve uma reviravolta! A Colossal Biosciences, empresa americana de biotecnologia, havia anunciado com grande alarde a volta da extinção do Aenocyon dirus. A notícia, que prometia ser um marco na história da ciência, gerou debates e expectativas. Mas agora, a própria cientista-chefe da empresa admitiu que a história não era bem assim. Entenda o que realmente aconteceu e como essa admissão impacta a discussão sobre desextinção.

O que rolou?

Em abril, a Colossal Biosciences surpreendeu o mundo com a notícia de que havia trazido de volta o lobo-terrível, uma espécie extinta há cerca de 10 mil anos. O anúncio, amplamente divulgado, afirmava que essa seria a primeira vez na história que uma espécie voltava da extinção. Mas a comunidade científica recebeu a notícia com ceticismo.

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Vários cientistas questionaram a veracidade da informação, levantando dúvidas sobre as reais características dos animais apresentados pela empresa. A polêmica ganhou destaque, inclusive com reportagens da BBC News Brasil. Agora, Beth Shapiro, cientista-chefe da Colossal Biosciences, jogou um balde de água fria nas expectativas.

A confissão da cientista

Em entrevista à revista de ciência New Scientist, Beth Shapiro admitiu que os animais apresentados como “lobos-terríveis” são, na verdade, lobos-cinzentos (Canis lupus) que passaram por modificações genéticas. Ou seja, não houve uma volta de lobo extinto, mas sim uma alteração em lobos já existentes.

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“Não é possível trazer de volta algo idêntico a uma espécie que já existiu. Nossos animais são lobos-cinzentos com 20 alterações genéticas clonadas”, explicou Shapiro à New Scientist. Ela ainda acrescentou que a empresa sempre deixou claro que se tratavam de lobos-cinzentos modificados, mas que o termo “lobos-terríveis” acabou gerando confusão.

Repercussão na comunidade científica

A admissão de Shapiro causou reações diversas na comunidade científica. Richard Grenyer, biologista e conservacionista da Universidade de Oxford, criticou a mudança de discurso da Colossal Biosciences, afirmando que o novo posicionamento é bem diferente do que a empresa havia dito antes.

“Acho que há uma séria inconsistência entre o conteúdo da declaração [de Shapiro] e as ações e o material publicitário — incluindo o conteúdo padrão do site, não apenas o briefing de imprensa sobre o lobo gigante — da empresa”, disse Grenyer à New Scientist.

Afinal, o que foi feito?

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Para entender melhor a polêmica, é importante relembrar o que a Colossal Biosciences anunciou em abril. A empresa afirmou ter utilizado amostras de DNA de lobos-terríveis encontrados em fósseis para identificar as diferenças genéticas entre essa espécie extinta e o lobo-cinzento, seu parente vivo mais próximo.

Com base nessas informações, os cientistas realizaram edições genéticas em células de lobo-cinzento, utilizando técnicas como o Crispr, para que os animais apresentassem características semelhantes às do lobo-terrível, como pelo branco, maior porte e vocalizações típicas.

Os filhotes resultantes desse processo, batizados de Rômulo, Remo e Khaleesi, foram apresentados como a prova de que a desextinção era possível. Mas, como revelou Shapiro, a realidade é que esses animais são lobos-cinzentos geneticamente modificados, e não lobos-terríveis propriamente ditos.

O debate sobre a desextinção

Ainda em abril, o zoólogo Philip Seddon, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, já havia alertado que estes animais seriam, na verdade, “lobos-cinzentos [Canis lupus], geneticamente modificados”. A questão central é que o DNA antigo do lobo pré-histórico, extraído de restos fossilizados, estaria muito degradado para ser copiado ou clonado biologicamente.

Como explicou o paleogeneticista Nic Rawlence, também da Universidade de Otago, o DNA antigo é como se fosse colocado em um forno a 500 graus, saindo fragmentado e danificado. É possível reconstruí-lo, mas não o suficiente para criar um clone perfeito. Assim, a Colossal Biosciences utilizou o DNA antigo como um guia para editar o DNA de um lobo-cinzento, criando um híbrido com algumas características do lobo-terrível.

As implicações da admissão

A admissão de Beth Shapiro levanta questões importantes sobre o futuro da desextinção e o papel da ciência na conservação da vida selvagem. Se a Colossal Biosciences não conseguiu trazer de volta o lobo-terrível em sua totalidade, será que a desextinção é realmente possível? E quais são os riscos e benefícios de tentar recriar espécies extintas?

Além disso, a polêmica em torno do lobo-terrível serve como um alerta sobre a importância da comunicação transparente e precisa na ciência. A divulgação de informações exageradas ou imprecisas pode gerar expectativas irreais e comprometer a credibilidade da pesquisa científica. É crucial que os cientistas sejam honestos sobre as limitações de suas descobertas e os desafios que ainda precisam ser superados.

Há quem diga que o uso de técnicas de edição genética poderia combater a extinção em massa, mas há um grande debate sobre isso.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Folha de São Paulo

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.