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- Pesquisadores da Universidade da Califórnia usaram lasers para manipular a percepção de cores, criando uma nova cor chamada “olo”.
- O estudo mostra como a ciência pode aprender com a arte sobre a subjetividade da percepção visual.
- Essa descoberta pode revolucionar a forma como entendemos e aplicamos cores em design, arte e tecnologia.
- A pesquisa também abre caminho para novas terapias visuais e avanços na comunicação de cores.
Entender a percepção das cores é um desafio que une ciência e arte. Afinal, a forma como enxergamos as cores não é uma simples propriedade dos objetos, mas sim uma experiência criada em nossos cérebros. Uma nova pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley, utilizou lasers para manipular a percepção de cores nos participantes, revelando como a ciência pode aprender com a arte sobre a subjetividade das cores.
A Cor como Experiência Subjetiva
A cor, sob a perspectiva científica, surge da interação entre a matéria, a luz e a mente. A forma como um material absorve e dispersa a luz influencia diretamente o que nossos olhos captam. No entanto, essa informação precisa ser processada pelo cérebro, transformando dados físicos em percepção.
Se você já escolheu uma cor de tinta que parecia perfeita na loja, mas que se transformou em algo totalmente diferente nas paredes de sua casa, já se deparou com esse fenômeno. A forma dos objetos e o contexto em que você os encontra também podem moldar a maneira como você percebe a cor.
A Descoberta da Cor “Olo”
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley realizaram um estudo intrigante, manipulando os olhos dos participantes com lasers para criar a percepção de uma nova cor, um azul-esverdeado chamado “olo”. Para conseguir esse efeito, os cientistas ativaram células fotorreceptoras específicas na retina, chamadas cones M, que detectam comprimentos de onda de luz verde.
Além dos cones M, possuímos também os cones S e L, responsáveis por detectar comprimentos de onda curtos de luz azul e longos de luz vermelha, respectivamente. Cada indivíduo possui pequenas variações no número e na sensibilidade desses cones, resultando em experiências de cor únicas para cada um.
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Ao direcionarem os lasers apenas aos cones M, os cientistas criaram uma cor pura, sem contexto ou condições materiais. A cor olo, nesse caso, apresentaria a mesma aparência para diferentes pessoas, demonstrando o potencial de manipulação da percepção visual.
Daltonismo e a Percepção Limitada das Cores
O daltonismo, mais especificamente a deuteranomalia, ilustra como variações na biologia humana podem afetar a percepção das cores. Na deuteranomalia, os cones M e L apresentam uma sobreposição maior do que o normal, o que dificulta a distinção entre cores na faixa do verde e do vermelho.
Essa condição não afeta a nitidez ou o brilho da visão, mas demonstra como a percepção das cores pode ser limitada por características individuais. A linguagem também pode influenciar a percepção das cores, moldando a forma como as categorizamos e discriminamos.
A Busca Artística pela Cor Pura
A busca por tintas “puras” pode ser considerada uma jornada complexa, visto que a experiência subjetiva da cor se distancia dos meios físicos de produção. O artista britânico Stuart Semple alegou ter recriado a cor olo em forma de tinta, batizando-a de yolo.
No entanto, ao observarmos a tinta yolo, os cones M e L são ativados simultaneamente, o que impossibilita a experiência de uma cor “pura”. Materiais ultrapretos, como o Semple’s Black 3.0, são comercializados como pretos “puros” devido à sua capacidade de absorver quase toda a luz.
Em vez de oferecer uma cor pura, esses materiais removem completamente a cor, proporcionando uma experiência universal de “preto” ao eliminar o estímulo visual. Essa busca pela cor perfeita é semelhante a história da caça de baleias no Brasil e EUA, onde existem contrastes e impactos ambientais.
A Sensibilidade de Mark Rothko
Artistas como Mark Rothko compreendiam profundamente a importância da percepção na experiência da cor. Rothko era extremamente exigente em relação à forma como suas obras eram exibidas, desde a altura em que eram penduradas até a iluminação do ambiente.
O artista moldava a experiência da cor ao controlar o brilho, o contraste e o ambiente, reconhecendo que a cor é uma interação complexa entre o material, a luz e o observador. Rothko, assim como os cientistas de Berkeley, compreendia que a percepção da cor vai além da simples manipulação do que vemos, buscando projetar uma experiência visual completa.
Transcending the Invisible
O programa de engajamento público Transcending the Invisible, que reúne cientistas e artistas para explorar ideias científicas através da arte, revela uma compreensão compartilhada da cor como experiência. Essa iniciativa destaca a importância da colaboração interdisciplinar para aprofundar nosso entendimento sobre a percepção das cores.
O Futuro da Cor
Se os artistas sabem que a cor não pode ser “pura” com pigmento, por que buscam patentear o preto mais preto, o azul mais azul ou o rosa mais rosa? A resposta pode estar na sensação de “uau” que cores como a yolo de Semple podem proporcionar.
A pesquisa em Berkeley abre novas portas para experiências de cor mais diretas. No futuro, cientistas poderão mapear os fotorreceptores e as áreas do cérebro responsáveis pelo processamento das cores, o que permitirá transmitir experiências repetíveis e diretas ao cérebro humano.
É essencial reconhecer que a cor não é apenas um dado sensorial, mas um elemento que molda nossas emoções, memórias e nossa conexão com o mundo. Artistas como Rothko, Van Gogh e Kandinsky possuíam uma compreensão intuitiva desse fato, que a ciência apenas agora começa a desvendar. A arquitetura de sistemas também tem um papel fundamental em impulsionar a colaboração entre múltiplos agentes de IA.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.