▲
- Um estudo recente investiga como a miscigenação brasileira pode influenciar o risco de desenvolver Alzheimer.
- Entenda como a genética, especialmente o gene APOE, afeta a progressão da doença em diferentes grupos étnicos.
- Os resultados podem abrir caminho para tratamentos personalizados e mais eficazes no Brasil.
- A pesquisa destaca a importância de estudos direcionados à população brasileira devido à sua diversidade genética.
A ancestralidade pode ser um fator importante no desenvolvimento do Alzheimer no Brasil. Um estudo recente investiga como a genética, especialmente um gene chamado APOE, influencia a progressão da doença em diferentes grupos étnicos. Essa pesquisa busca entender melhor como a miscigenação da população brasileira pode afetar o risco de desenvolver essa condição neurodegenerativa.
O Alzheimer, caracterizado pela destruição das células cerebrais, leva à perda de memória, declínio cognitivo e alterações comportamentais. Embora suas causas exatas ainda não sejam totalmente compreendidas, sabe-se que fatores ambientais como baixa escolaridade e isolamento social desempenham um papel importante.
A genética também é um fator relevante, e a ancestralidade surge como um elemento chave. Um estudo recente apontou que o Brasil é um dos países mais miscigenados do mundo, tornando o estudo genético ainda mais importante.
O papel do gene APOE no Alzheimer
O gene APOE, responsável pela produção da apolipoproteína E, que transporta lipídios no sangue, tem um papel fundamental no desenvolvimento do Alzheimer. Esse gene possui três variantes: APOE3 (a mais comum), APOE4 (associada ao risco de Alzheimer) e APOE2 (associada à proteção contra a doença).
A diferença entre essas variantes é mínima, mas suficiente para impactar o funcionamento do cérebro. A ação do gene APOE está relacionada a diversos processos cerebrais que podem levar ao Alzheimer. Estudos recentes associam a APOE4 à disfunção da bainha de mielina, a camada de gordura que reveste os axônios dos neurônios, prejudicando a comunicação cerebral.
Leia também:
Essa degradação do metabolismo lipídico afeta a função e a sobrevivência dos neurônios, mas nem todos que possuem a APOE4 desenvolvem a doença. É aqui que a ancestralidade entra em jogo.
A pesquisa de Michel Naslavsky sobre a ancestralidade e o Alzheimer no Brasil
O biólogo Michel Naslavsky, da USP, dedica sua pesquisa ao impacto da ancestralidade miscigenada no risco de desenvolver Alzheimer. Ele parte do princípio de que a influência do gene APOE varia de acordo com a população. Mutações genéticas e suas interações são influenciadas pelo contexto da população em que ocorrem.
Historicamente, migrações e miscigenações, tanto por processos violentos quanto pela globalização, misturaram variantes genéticas, impactando seus efeitos no corpo humano. “Dados mostram que os europeus parecem mais suscetíveis aos efeitos do APOE 4 do que os africanos”, explica Naslavsky.
Como a prevalência de Alzheimer é semelhante nessas populações, o biólogo levanta a hipótese de que pessoas com ascendência africana podem ter outros genes influenciando o desenvolvimento da doença. Essa linha de raciocínio é importante para entender a necessidade de pesquisas direcionadas para a população brasileira.
A relevância da miscigenação brasileira
A miscigenação no Brasil, resultado da colonização europeia e da escravização de povos africanos e indígenas, torna a população brasileira especialmente relevante para essa pesquisa. Quase 90% dos brasileiros possuem algum grau de mistura entre raças e etnias, resultando em uma variedade de condições relacionadas à atuação do gene APOE.
Naslavsky utiliza dois conjuntos de amostras em seu trabalho. Ele analisa cérebros de pessoas falecidas do Biobanco para Estudos do Envelhecimento da Faculdade de Medicina da USP e estuda participantes idosos vivos, utilizando sequenciamento e neuroimagem no Hospital Israelita Albert Einstein.
Após essa etapa, ele pretende analisar a lipidômica dos grupos, ou seja, como os lipídios impactam o cérebro. Os resultados do estudo, esperados para o próximo ano, podem revelar como o Alzheimer se desenvolve na população brasileira e, possivelmente, abrir caminho para novos tratamentos. Afinal, o estudo de doenças como o Alzheimer é um dos maiores desafios da medicina e da ciência.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Folha de S.Paulo