Homem desenvolve coquetel inovador contra veneno de cobra

Nova pesquisa revela coquetel promissor para neutralizar venenos de cobras, potencialmente reduzindo fatalidades.
Atualizado em 05/05/2025 às 11:57
Homem desenvolve coquetel inovador contra veneno de cobra
Coquetel promissor pode reduzir fatalidades por venenos de cobras, segundo nova pesquisa. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • Um coquetel de anticorpos foi criado para neutralizar veneno de 19 cobras, aumentando expectativas de um soro universal.
    • Esse avanço pode beneficiar milhares de pessoas que vivem em áreas afetadas por picadas de cobra.
    • A criação desse soro pode revolucionar o tratamento de acidentes ofídicos globalmente.
    • Resultados preliminares mostram potencial de neutralização em diversas espécies de cobras, incluindo aquelas letais.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Um coquetel de anticorpos se mostrou eficaz ao neutralizar o veneno de 19 cobras, consideradas as mais perigosas segundo a OMS. Tal feito abre portas para um possível soro antiofídico universal, crucial no cenário global onde picadas de cobra resultam em mais de 100 mil mortes por ano. A descoberta utiliza anticorpos humanos, o que pode revolucionar o tratamento e reduzir reações alérgicas.

Criação de um Soro Antiofídico Universal

O coquetel inovador, composto por dois anticorpos e uma pequena molécula, deriva de células imunológicas de Tim Friede, um americano que, ao se autoinocular 856 vezes com veneno de cobras, desenvolveu imunidade. Essa é a primeira vez que um composto derivado de anticorpos humanos demonstra eficácia contra venenos de serpentes. A maioria dos soros disponíveis hoje utiliza anticorpos de cavalos ou outros animais.

O produto, desenvolvido pela Centivax e pelo centro Aaron Diamond de Pesquisa em Aids da Universidade de Columbia, foi testado em ratos, mostrando resultados positivos contra venenos neurotóxicos. Os resultados foram publicados na revista Cell.

Testes e Resultados do Coquetel

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ao longo de 18 anos, Friede se expôs a picadas de 16 espécies de cobras letais, como as do gênero Naja, mambas-negras, cascavéis, víboras e cobras-corais. Seu organismo criou anticorpos que neutralizam as principais toxinas presentes nesses venenos.

Cientistas, ao analisarem amostras de sangue de Friede, isolaram dois anticorpos e uma molécula com alta eficácia na neutralização do veneno. Peter Kwong, da Universidade de Columbia, destacou a conservação de toxinas em diferentes venenos, explicando a ampla reatividade observada.

Leia também:

Inovação e Potencial do Soro Antiofídico Universal

A criação desse coquetel representa um avanço significativo. Atualmente, não existem soros ou medicamentos contra veneno de cobra produzidos a partir de anticorpos humanos, o que poderia minimizar o risco de reações alérgicas. Além disso, o coquetel tem o potencial de neutralizar o veneno de diversas espécies, mesmo sem identificação precisa da cobra envolvida no acidente.

Jacob Glanville, da Centivax, ressalta que os soros atuais, feitos com anticorpos de ovelhas ou cavalos, podem provocar efeitos colaterais graves, incluindo choque anafilático.

Como o Coquetel Age Contra o Veneno

Em testes, o coquetel foi administrado em ratos dez minutos após serem picados por cobras Naja, mambas, kraits e taipans. Todas essas cobras pertencem à família Elapidae, que inclui mais de 300 espécies venenosas. Essas serpentes possuem veneno neurotóxico, que atua no sistema nervoso central, além de causar edemas e hemorragias.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo Kwong, o coquetel derivado dos anticorpos de Friede mostrou-se eficaz contra elapídeos, mas não contra víboras. Isso indica que, embora seja promissor em regiões como a Austrália, onde predominam elapídeos, seria necessário um coquetel mais abrangente para ser eficaz no Brasil, onde a maioria dos acidentes envolve víboras.

Desafios e Próximos Passos para o Soro Antiofídico Universal

Em escala global, existem cerca de 600 espécies de cobras peçonhentas, resultando em aproximadamente 4,5 milhões de acidentes anuais e entre 80 mil e 138 mil mortes, de acordo com a OMS. A maior incidência ocorre em áreas rurais e países em desenvolvimento, devido à maior proximidade com áreas naturais e à assistência médica precária.

A dificuldade de acesso ao soro antiofídico levou a OMS a classificar os acidentes ofídicos como uma doença tropical negligenciada em 2017. Uma das vantagens do produto da Centivax é sua apresentação em pó, que reduz custos e elimina a necessidade de refrigeração.

O próximo passo é realizar estudos em animais maiores, como cães, em colaboração com veterinários na Austrália. Glanville explica que cães têm tamanho corporal similar ao dos humanos e recebem doses de veneno comparáveis em picadas naturais. Há também um estudo em andamento com viperídeos, utilizando o mesmo princípio ativo.

Cronograma e Financiamento da Pesquisa

Se tudo correr como planejado, a fabricação e aplicação do produto em estudos clínicos com humanos devem começar em cerca de dois anos, com conclusão prevista em até quatro anos. Esse processo depende de financiamento e filantropia. Embora o produto possa ser lucrativo a longo prazo, são necessárias parcerias com empresas farmacêuticas ou apoio filantrópico para viabilizar os estudos clínicos.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.