Macaca atropelada vira referência genética em projeto brasileiro de conservação

Projeto brasileiro usa DNA de macaca atropelada para conservar espécies ameaçadas. Saiba como a ciência está salvando a biodiversidade.
Atualizado há 1 dia atrás
Macaca atropelada vira referência genética em projeto brasileiro de conservação
DNA de macaca atropelada é usado para preservar espécies ameaçadas no Brasil. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • Uma macaca-caiarara atropelada na Amazônia tornou-se referência genética para um projeto de conservação.
    • O projeto GBB busca mapear o DNA de espécies ameaçadas para criar estratégias de proteção.
    • Essa iniciativa pode ajudar a salvar espécies em risco e preservar a biodiversidade brasileira.
    • O uso de genomas de referência pode revolucionar a forma como protegemos a fauna e a flora.
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Em um esforço para preservar a biodiversidade brasileira, um projeto inovador está utilizando o sequenciamento genético de espécies ameaçadas para auxiliar nas estratégias de conservação. Uma macaca-caiarara atropelada, resgatada na Amazônia, tornou-se um caso emblemático dessa iniciativa, fornecendo material genético de referência para estudos futuros. O projeto, chamado GBB (Genômica da Biodiversidade Brasileira), busca mapear o DNA de animais e plantas com potencial bioeconômico ou que representem risco como espécies invasoras.

O Projeto Genômica da Biodiversidade Brasileira

O GBB, desenvolvido pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e pelo ITV DS (Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável), com financiamento da mineradora Vale, apresentou seus primeiros resultados recentemente em Brasília. Entre os avanços, destacam-se 2.249 amostras coletadas e 1.175 sequenciamentos realizados. Na área de fauna, foram sequenciados 743 genomas de 413 espécies, com 23 genomas considerados de referência por seu alto nível de detalhamento.

Amely Branquinho Martins, analista ambiental do ICMBio e coordenadora do projeto, explica a importância dos genomas de referência: “O genoma de referência é como se fosse um ‘mapa genético’ completo de uma espécie, que ajuda a entender melhor como ela vive, se adapta e quais desafios enfrenta, tais como doenças, impactos das mudanças climáticas ou a perda de diversidade genética. Com essas informações, é possível criar estratégias mais eficazes para proteger animais e plantas ameaçados”.

A Macaca-Caiarara como Referência Genômica

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O caso da macaca-caiarara (_Cebus capore_) é particularmente relevante. A espécie, criticamente ameaçada de extinção, já figurou na lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo pela IUCN (International Union for Conservation of Nature and Natural Resources). Após ser atropelada, a macaca foi resgatada e levada a um centro de primatas no Pará, onde foi possível coletar amostras de sangue para o sequenciamento.

Martins destaca a dificuldade de trabalhar com essa espécie: “É uma espécie difícil de amostrar, difícil, inclusive, de visualizar em campo. Ela não cai em armadilha fácil e as áreas onde vive são de difícil acesso”. O “Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção” sequer consegue estimar o tamanho da população existente de macacos-caiararas.

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Apesar dos desafios, o projeto busca realizar uma genômica populacional da espécie, coletando mais amostras para aprofundar o conhecimento sobre sua distribuição, isolamento e possíveis estratégias de conservação. Até o momento, foram feitos 336 genomas populacionais de 11 espécies, incluindo o da harpia (_Harpia harpyja_), também vulnerável à extinção. A busca por amostras genéticas pode ser desafiadora, tal como a identificação de eletrônicos piratas em marketplaces.

Desafios e Estratégias do Projeto

Outra espécie que representa um desafio é a saíra-apunhalada (_Nemosia rourei_), criticamente em perigo e extremamente rara de se encontrar na natureza. Estima-se que existam menos de 50 indivíduos maduros. A coleta de material genético dessa ave só foi possível graças à colaboração de uma ONG que a monitora. Essa colaboração demonstra a importância do trabalho em rede para o sucesso do projeto. Até o momento, 107 instituições nacionais e internacionais colaboraram com o GBB.

Além da dificuldade de encontrar algumas espécies, há também o desafio de trabalhar com animais pequenos demais para a extração de material genético, com risco de morte no processo. Um exemplo é a perereca-de-bromélia (_Xenohyla truncata_), também em perigo de extinção. A complexidade do trabalho por aplicativos pode ser comparada à dificuldade de alcançar espécies raras para a coleta de material genético, exigindo soluções inovadoras e colaborativas.

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O projeto GBB busca materiais genéticos de diversas formas. Uma delas é através de animais em cativeiro, em bioparques, ou que estejam feridos sob os cuidados do próprio ICMBio. Amostras depositadas em biobancos brasileiros também são utilizadas. O objetivo é alcançar pelo menos 80 genomas de referência e mil populacionais até o final do projeto. E falando em objetivos, é bom ter sempre em mente os melhores aplicativos para combater a procrastinação.

Bioeconomia e DNA Ambiental

Guilherme Oliveira, diretor-científico do ITV DS, ressalta a importância da bioeconomia e da necessidade de mais informações genéticas sobre as espécies brasileiras que são utilizadas economicamente. “Por exemplo, pescados. Quanto se pode pescar de uma espécie de peixe sem depletar a diversidade genética dessa espécie? O mundo inteiro não pode comer pirarucu como se come frango. Então, quanto que se pode pescar? Qual é o valor desse peixe? A gente agora pode ser muito mais assertivo quanto a isso e olhando para a manutenção das populações no ambiente e valorizando o trabalho.”

Além das amostras de espécimes, o projeto também trabalha com o chamado DNA ambiental. Essa técnica permite identificar as espécies presentes em uma região a partir de coletas no ambiente, como água, solo, plantas e insetos. “Por exemplo, você pode coletar água de um rio para acessar a diversidade de espécies que estão naquele ambiente. Mas, para fazer isso, você precisa de referências genéticas das espécies que ocorrem ali”, explica Oliveira. O projeto busca, em parte, construir essas referências.

Oliveira vislumbra um futuro em que um banco de referências genéticas de alta resolução e o DNA ambiental possam ser usados como ferramentas de monitoramento e até mesmo para a emissão de créditos de biodiversidade, de forma semelhante aos créditos de carbono. A sustentabilidade e a preservação ambiental são temas cada vez mais urgentes, e iniciativas como o GBB demonstram o potencial da ciência para enfrentar esses desafios. A fotografia com smartphones pode ser uma ferramenta para registrar e divulgar a importância da biodiversidade.

O Futuro da Macaca-Caiarara

A macaca-caiarara atropelada, que deu origem a essa história, está se recuperando, apesar de ter um problema na perna. A esperança é que ela, além de se tornar uma referência genômica da espécie, possa ser uma das fundadoras de um programa de manejo em cativeiro para reprodução futura.

A história dessa macaca-caiarara simboliza o potencial do projeto GBB e a importância da colaboração entre cientistas, instituições e empresas para a conservação da biodiversidade brasileira. Ao transformar uma tragédia em oportunidade, o projeto abre caminhos para um futuro mais sustentável e equilibrado para o nosso planeta. Para saber mais sobre sustentabilidade, vale a pena consultar 5 livros de ficção científica que abordam o tema.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Folha de S.Paulo

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.