Macacos-prego adolescentes sequestram filhotes de bugios por tédio em ilha no Panamá

Já imaginou adolescentes aprontando? Na Ilha Jicarón, Panamá, macacos prego adolescentes estão “sequestrando” filhotes de bugios (macacos-uivadores). Sem predadores e com comida de sobra, eles inventaram essa “brincadeira” que tem intrigado pesquisadores. Entre 2022 e 2023, registraram 11 casos liderados por um certo Joker, um jovem macaco com uma cicatriz e fama de “criminoso”. Mas, afinal, o que está por trás desse comportamento inusitado?

A Gangue do Coringa: Sequestros Interespécies na Ilha Jicarón

A Ilha Jicarón, um paraíso intocado no sul do Panamá, é o lar de uma vibrante comunidade de macacos-prego. Em 2017, pesquisadores curiosos instalaram câmeras para espiar a vida desses primatas, como num reality show animal. E os vídeos começaram a mostrar um comportamento bem estranho: os macacos-prego machos estavam sequestrando filhotes de bugios, também conhecidos como macacos-uivadores. Ninguém sabe ao certo o porquê!

Entre 2022 e 2023, pelo menos 11 bebês foram levados. O líder dessa “gangue”? Um tal de Joker, um macaco-prego jovem que ganhou esse apelido por causa de uma cicatriz na boca, igualzinho ao vilão do Batman, e, claro, por seus “crimes”. Em janeiro de 2022, Joker foi flagrado carregando um filhote de bugio nas costas.

Joker e seu refém ficaram juntinhos por um tempão, até fevereiro. No começo, os pesquisadores até pensaram que era uma adoção, já que um caso parecido aconteceu no Brasil, quando uma macaquinha-prego fêmea adotou e amamentou um filhote órfão de sagui. Mas essa ideia logo foi descartada: Joker é macho e não demonstrava nenhum cuidado com o pequeno bugio. Pra piorar, dava pra ouvir os gritos desesperados dos bugios procurando pelo bebê, e do próprio filhote chamando pela mãe. Uma tristeza! Os pesquisadores acreditam que o filhote não resistiu e morreu de fome sem os cuidados necessários.

O Coringa Ataca Novamente

Nos meses seguintes, Joker mostrou que não estava pra brincadeira. Ele foi visto com outros três bebês bugios nas costas, em momentos diferentes. E não parou por aí: outros quatro macacos-prego machos também foram flagrados carregando filhotes de bugio vivos nas costas ou na barriga. No total, 11 filhotes foram separados de suas mães por essa “quadrilha”.

E a taxa de sobrevivência? Zero! “Os macacos-prego não machucavam os bebês, mas não conseguiam fornecer o leite que eles precisavam para sobreviver”, explica Zoë Goldsborough, pesquisadora do estudo, em um comunicado do Instituto Max Planck de Comportamento Animal. As descobertas foram publicadas na revista Current Biology.

Os macacos-prego carregavam os filhotes por dias, sem muita interação: nada de brincadeiras, quase nenhuma agressão e pouco interesse. Coitados dos bugios! Para Patrícia Izar, bióloga da Universidade de São Paulo, esse comportamento é intrigante, já que é raro ver animais não humanos disseminando atitudes sem benefícios óbvios. Mas esses macacos aprontam de um jeito… Eles gostam de roubar filhotes da própria espécie só pra zoar, mas as mães sempre recuperam os bebês. E, às vezes, os filhotes sequestrados criam laços com os sequestradores e viram aliados no futuro.

Tédio Interespécies

“Esse roubo interespécies nunca tinha sido visto antes, nem nessa ilha, nem em nenhuma outra comunidade de macacos-prego”, conta Goldsborough. A pesquisadora acredita que os macacos não estão interessados em cuidar dos filhotes, mas sim em usá-los como um “acessório”, copiando a “moda” lançada por Joker.

Outra teoria é que os sequestros são resultado de tédio. No continente, os macacos-prego vivem com medo de predadores. Mas na Ilha Jicarón, sem perigo e com comida fácil, os jovens estão entediados. “Acreditamos que as condições da ilha, principalmente a falta de predadores e o tempo livre, incentivam a criação e a imitação de comportamentos”, explica Goldsborough. Animais em ilhas sem predadores ou em zoológicos costumam ser mais criativos e usar ferramentas com mais frequência. E os macacos-prego são famosos por usar pedras pra resolver problemas!

Muitas vezes, o tédio dos animais pode ser inútil ou irritante, diz Brendan Barrett, outro autor da pesquisa. “Já vi macacos-prego limpando porcos-espinhos e dando tapinhas em vacas. Eles mexem com tudo, testando e interagindo com o mundo.” Barrett e Goldsborough torcem para que esse comportamento desapareça logo, ou que os bugios aprendam a proteger seus filhotes. Eles também veem um reflexo do comportamento humano nessas descobertas: “É como um espelho que mostra como fazemos coisas que prejudicam outras espécies sem nenhum motivo aparente”, diz Barrett.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Superinteressante