▲
- Regiões como o Rift Etíope mostram pulsos de rocha quente do interior da Terra.
- O estudo busca entender como esses pulsos influenciam a formação de um novo oceano.
- As descobertas ajudam a compreender o movimento das placas tectônicas ao longo de milhões de anos.
- Processos lentos e específicos moldam a velocidade de separação continental e formação de oceanos.
O Rift Etíope, uma das regiões geologicamente mais intrigantes do planeta, é onde a Placa Africana está se separando em duas partes: a Placa Núbia, a oeste, e a Placa Somali, a leste. Pesquisadores da Universidade de Southampton identificaram um padrão rítmico de pulsos de rocha quente vindos das profundezas da Terra. Essas descobertas oferecem pistas valiosas sobre a maneira como o planeta se molda.
Essa imensa fenda geológica se estende por centenas de quilômetros. Dentro dela, existe uma estrutura mais profunda e notável, conhecida como Depressão de Afar. Esta área desértica é considerada pelos geólogos como uma junção tríplice, um ponto onde três rifts tectônicos se encontram, funcionando como uma espécie de delta.
Nesse cenário particular, a equipe de Southampton encontrou indícios de “batidas” lentas e profundas. Essa é uma metáfora para descrever um padrão rítmico que regula as plumas térmicas, que são jorros de rocha quente vindos do manto. Essas “batidas fortes” indicam um movimento subjacente.
A autora principal do estudo, Emma Watts, explicou que o manto abaixo de Afar não é uniforme ou estacionário. Ele pulsa, e esses pulsos carregam assinaturas químicas distintas. Isso significa que as plumas mantélicas não sobem de forma contínua, mas em impulsos, quase como batimentos cardíacos do planeta.
Desvendando padrões geológicos em rochas vulcânicas
Para comprovar a teoria do “coração pulsante” da Terra, os pesquisadores coletaram e analisaram mais de 130 amostras de rochas vulcânicas jovens. Todas elas vieram diretamente da região de Afar. A equipe descobriu uma pluma única, porém com uma característica assimétrica.
Leia também:

O mais notável foi a presença de bandas químicas distintas e repetitivas ao longo do rift. Os cientistas apelidaram essas bandas de “códigos de barras geológicos”. Essa analogia ajuda a ilustrar como cada pulso de rocha quente deixa uma marca química específica, permitindo seu estudo detalhado.
O coautor Tom Gernon, professor de Ciências da Terra, explicou o motivo do apelido. Ele afirmou que esses pulsos se comportam de forma diferente, dependendo da espessura da placa tectônica e da velocidade com que ela se separa. Em fendas de expansão mais rápida, como o Mar Vermelho, os pulsos viajam de forma mais eficiente e regular.
Gernon comparou esse fenômeno a um pulso passando por uma artéria estreita, indicando a fluidez do processo em certas condições. Watts adicionou que as “batidas” do manto terrestre acontecem porque ele não é uniforme. O manto contém diferentes materiais que se misturaram ao longo de milhões de anos.
Cada pulso de rocha quente que sobe para a superfície carrega consigo uma “receita química” única. Os cientistas conseguem detectar essas composições especiais analisando as rochas vulcânicas que chegam à superfície após as erupções. É como se cada erupção contasse uma parte da complexa história do manto.
Impactos das descobertas na formação de novo oceano
O estudo ressalta que o processo de abertura das fendas tectônicas não aconteceu de forma simultânea, mas em etapas bem definidas. O Rift do Golfo de Áden, por exemplo, começou a se formar há cerca de 35 milhões de anos. O Mar Vermelho, por sua vez, iniciou seu processo há 23 milhões de anos.

Já o principal Rift Etíope começou há 11 milhões de anos. Isso significa que, após Áden, as outras fendas seguiram com lacunas de aproximadamente 12 milhões de anos entre elas. Essa cronologia é fundamental para entender a dinâmica de separação continental.
Os autores compararam as amostras com menos de 2,6 milhões de anos — provenientes de vulcões que estiveram ativos recentemente — com o material geológico mais antigo da região. Focando nesses dados, a equipe conseguiu descobrir o ritmo dos pulsos do manto.
No entanto, a equipe não conseguiu medir o tempo exato de cada “batida”. Watts explicou que é provável que esse tempo esteja em uma escala de milhões de anos. Isso reforça a grandiosidade e a lentidão dos processos geológicos que moldam nosso planeta ao longo do tempo.
Essa descoberta tem implicações profundas para entender como os continentes se dividem e como novos oceanos se formam. Na junção tríplice de Afar, sob a Etiópia, onde as três placas tectônicas se encontram, o magma derretido está golpeando a crosta do planeta por baixo, de forma contínua.
Lá, o continente está sendo dividido aos poucos. Este processo representa os estágios iniciais da formação de novo oceano no futuro. O estudo completo, que detalha todas essas descobertas fascinantes, foi publicado na renomada revista Nature Geoscience.
Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.