Inteligência artificial pode ter consciência? Cientistas debatem o tema

Cientistas discutem se a inteligência artificial pode desenvolver consciência e os impactos disso para a sociedade. Saiba mais.
Atualizado há 3 dias atrás
Inteligência artificial pode ter consciência? Cientistas debatem o tema
Cientistas debatem se a IA pode ter consciência e seus impactos sociais. (Imagem/Reprodução: Redir)
Resumo da notícia
    • Cientistas debatem se a inteligência artificial pode desenvolver consciência, um tema que antes era restrito à ficção científica.
    • Você pode se questionar sobre o futuro da IA e como ela pode afetar sua vida e a sociedade.
    • O avanço da IA consciente pode mudar a forma como interagimos com a tecnologia e até mesmo nossa saúde mental.
    • Especialistas alertam para os riscos de confiar demais em máquinas que simulam sentimentos humanos.
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Será que a inteligência artificial (IA) pode realmente ter consciência? Essa pergunta, que antes era tema de ficção científica, agora está no centro de debates entre cientistas e especialistas. Os avanços rápidos da IA têm levado muitos a se perguntarem se estamos nos aproximando de uma era em que máquinas poderão pensar e sentir como os humanos. Mas o que é consciência e como podemos medi-la em máquinas?

Afinal, a IA pode ter consciência?

Para começar, imagine entrar em uma sala escura, onde luzes piscam enquanto uma música suave toca ao fundo. Essa é a experiência que o repórter da BBC, Pallab Ghosh, teve ao testar a “máquina dos sonhos”, um projeto de pesquisa que busca entender o que nos torna verdadeiramente humanos. A experiência, que lembra um teste do filme Blade Runner, levanta questões sobre nossa própria percepção e a possibilidade de máquinas desenvolverem autoconsciência.

A “máquina dos sonhos”, criada pelo Centro de Ciência da Consciência da Universidade de Sussex, usa luzes estroboscópicas para explorar como o cérebro humano gera experiências conscientes. Ghosh descreveu a experiência como “linda, absolutamente linda”, comparando-a a “voar pela própria mente”. Os pesquisadores acreditam que esses padrões visuais podem revelar segredos sobre a consciência.

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Essa pesquisa faz parte de um esforço global para entender a consciência humana e, por extensão, a consciência da inteligência artificial. Alguns especialistas acreditam que os sistemas de IA em breve se tornarão conscientes, enquanto outros permanecem céticos. O ponto central é: o que realmente define a consciência e quão perto a IA está de alcançá-la?

Da Ficção Científica à Realidade

A ideia de máquinas com mentes próprias sempre fascinou a ficção científica. Filmes como Metrópolis (1927) e 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) exploraram os medos e as possibilidades da IA consciente. No recente Missão Impossível, uma IA poderosa e desonesta ameaça o mundo, descrita como um “parasita digital autoconsciente”.

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No entanto, nos últimos anos, o debate sobre a consciência das máquinas ganhou força. O sucesso dos grandes modelos de linguagem (LLMs), como Gemini e ChatGPT, surpreendeu até mesmo seus criadores. A capacidade desses modelos de manter conversas fluidas e plausíveis levanta a questão: estamos à beira de criar máquinas conscientes?

Anil Seth, professor da Universidade de Sussex, discorda dessa visão otimista, argumentando que associamos consciência à inteligência e à linguagem porque elas andam juntas nos humanos. Mas isso não significa que essa associação seja universal. A equipe de Seth está dividindo o problema da consciência em partes menores, buscando padrões de atividade cerebral que expliquem as experiências conscientes.

A Busca pela Consciência na IA e os Riscos à saúde mental

O professor Seth teme que estejamos avançando rápido demais, remodelando a sociedade sem uma compreensão completa das consequências. “Não tivemos essas conversas o suficiente com o surgimento das mídias sociais, para nosso prejuízo coletivo. Mas com a IA ainda não é tarde demais. Podemos decidir o que queremos”, diz ele.

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Alguns no setor de tecnologia acreditam que a IA já pode ser consciente e, portanto, deve ser tratada como tal. Em 2022, o Google suspendeu o engenheiro de software Blake Lemoine após ele argumentar que os chatbots de inteligência artificial podiam sentir e potencialmente sofrer. Kyle Fish, da Anthropic, sugeriu que a consciência da IA era uma possibilidade realista em um futuro próximo, estimando uma pequena chance (15%) de que os chatbots já estivessem conscientes.

Murray Shanahan, cientista do Google DeepMind, destaca que não entendemos completamente como os LLMs funcionam internamente, o que é motivo de preocupação. “Estamos em uma posição estranha ao construir essas coisas extremamente complexas, onde não temos uma boa teoria de como exatamente elas alcançam os feitos extraordinários que estão alcançando”, afirma.

O casal Lenore e Manuel Blum, professores eméritos da Universidade Carnegie Mellon, acreditam que a consciência da IA é inevitável e que ela surgirá à medida que a IA tiver mais entradas sensoriais do mundo real, como visão e tato. Eles estão desenvolvendo um modelo de computador chamado “Brainish” para replicar os processos cerebrais.

David Chalmers, professor da Universidade de Nova York, define a distinção entre consciência real e aparente, destacando o “difícil problema” de descobrir como as operações cerebrais dão origem à experiência consciente. Ele está aberto à possibilidade de que esse problema seja resolvido, talvez até aprimorando nossos cérebros com sistemas de IA.

Alternativas à Consciência Artificial

Anil Seth explora a ideia de que a verdadeira consciência só pode ser alcançada por sistemas vivos. “Pode-se argumentar fortemente que não é a computação que é suficiente para a consciência, mas estar vivo”, diz ele. Essa visão sugere que os cérebros não são simplesmente computadores feitos de carne, mas algo mais complexo.

Se a intuição de Seth estiver correta, a tecnologia mais promissora pode não ser feita de silício, mas de pequenas coleções de células nervosas cultivadas em laboratórios, chamadas de “organoides cerebrais”. A Cortical Labs desenvolveu um sistema capaz de jogar o videogame Pong, movendo uma raquete para cima e para baixo na tela. Embora esteja longe de ser consciente, esse “cérebro em uma placa” levanta questões sobre o futuro da inteligência artificial.

Brett Kagan, da Cortical Labs, está ciente de que qualquer inteligência emergente incontrolável pode ter prioridades desalinhadas com as nossas. Ele ressalta que, embora a ameaça da consciência artificial seja pequena, é importante que os grandes nomes da área se concentrem em avançar nossa compreensão científica. Para saber mais sobre as últimas novidades em tecnologia, você pode conferir este artigo sobre ficção científica.

Os Perigos da Ilusão da Consciência

O problema mais imediato pode ser como a ilusão de que as máquinas são conscientes nos afeta. Seth pondera que, em poucos anos, poderemos viver em um mundo povoado por robôs humanoides e deepfakes que parecem conscientes. Ele se preocupa que não seremos capazes de resistir à crença de que a IA tem sentimentos e empatia, o que pode levar a novos perigos. Um dos riscos à saúde mental é que confiemos mais nessas máquinas, compartilhando mais dados com elas e nos tornando mais abertos à persuasão.

O maior risco da ilusão da consciência é uma “corrosão moral”, que distorcerá nossas prioridades, fazendo com que dediquemos mais recursos a cuidar desses sistemas em detrimento das coisas reais em nossas vidas. Podemos acabar sentindo mais compaixão por robôs do que por outros humanos.

Shanahan afirma que os relacionamentos humanos serão replicados em relacionamentos de IA, que serão usados como professores, amigos e até parceiros românticos. Se isso é bom ou ruim, ninguém sabe, mas é algo que pode acontecer e que não seremos capazes de impedir. Para quem se interessa pelo mundo dos games, uma versão de fã de Star Fox 64 chegou ao Steam Deck e Nintendo Switch sem emulador.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.
Via Folha de S.Paulo

André atua como jornalista de tecnologia desde 2009 quando fundou o Tekimobile. Também trabalhou na implantação do portal Tudocelular.com no Brasil e já escreveu para outros portais como AndroidPIT e Techtudo. É formado em eletrônica e automação, trabalhando com tecnologia há 26 anos.