Marcas em Marte são causadas por poeira, não por água, revela estudo

É isso mesmo, pessoal! As famosas listras escuras em Marte, que a gente via nas fotos e achava que eram rios ou lagos marcianos, podem ser só poeira. Uma nova pesquisa está colocando em xeque a ideia de que essas marcas em Marte seriam sinais de água líquida e, portanto, de um ambiente propício para a vida. Será que o planeta vermelho é mais seco do que imaginamos?

O Mistério das Marcas Sinuosas em Marte

Desde a década de 1970, as imagens de Marte capturaram um fenômeno intrigante: listras escuras descendo pelas encostas de penhascos e crateras. A princípio, muitos cientistas interpretaram essas marcas como possíveis evidências de água líquida fluindo na superfície, o que abriria a possibilidade de existência de vida microbiana no planeta.

No entanto, um estudo recente publicado na revista Nature Communications traz uma nova perspectiva sobre essas formações. Ao analisar milhares dessas listras sinuosas em imagens de satélite, pesquisadores da Universidade Brown e da Universidade de Berna, na Suíça, concluíram que elas são, na verdade, o resultado de processos secos, simulando a aparência de fluxos líquidos.

Essa descoberta reforça a visão de que Marte é um planeta inóspito, pelo menos em sua superfície. Mas como essas marcas se formam? A resposta está na poeira.

Poeira Marciana: A Culpada pelas “Miragens” Aquáticas

De acordo com o estudo, a formação dessas listras é impulsionada pelo acúmulo de poeira fina, presente na atmosfera marciana, em terrenos inclinados. Essa poeira, então, desliza pelas encostas devido a gatilhos como rajadas de vento, impactos de meteoritos e até mesmo pequenos tremores de terra.

Adomas Valantinas, pesquisador da Universidade Brown e um dos líderes do estudo, explica que as partículas de poeira podem criar padrões semelhantes a fluxos, mesmo sem a presença de líquido. Isso acontece porque a poeira extremamente fina se comporta de maneira similar a um líquido quando perturbada: ela flui, se ramifica e cria padrões em forma de dedos enquanto se move encosta abaixo.

É como quando você derrama areia seca: ela parece fluir como água. Em Marte, as partículas ultrafinas e a baixa gravidade intensificam essas propriedades, criando características que podem ser facilmente confundidas com fluxos de água.

Análise Detalhada de Milhares de Imagens de Marte

Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisadores analisou cerca de 87 mil imagens de satélite, incluindo aquelas obtidas entre 2006 e 2020 por uma câmera a bordo de uma sonda da NASA. As imagens revelaram estrias em encostas que se formam repentinamente e desaparecem ao longo de anos. Em média, essas estrias têm entre 600 e 775 metros de comprimento, ramificando-se e contornando obstáculos.

Os pesquisadores também descobriram que as estrias de encosta estão concentradas principalmente no hemisfério norte de Marte, especialmente nas planícies de Elysium Planitia, nas terras altas de Arabia Terra e no vasto planalto vulcânico de Tharsis, que inclui o vulcão Olympus Mons, três vezes mais alto que o Everest.

Apesar do grande número de imagens analisadas, os pesquisadores acreditam que as limitações na resolução dos satélites significam que eles contabilizaram apenas uma pequena parte das estrias de encosta. Eles estimam que o número real pode chegar a dois milhões.

Implicações para a Busca por Vida em Marte

A descoberta de que as listras escuras em Marte são provavelmente formadas por poeira seca tem implicações importantes para a busca por vida no planeta vermelho. A água é considerada um ingrediente essencial para a vida, e a existência de água líquida na superfície de Marte seria um forte indício de que o planeta poderia abrigar organismos vivos.

Ainda assim, mesmo que as estrias nas encostas não sejam causadas por água líquida, ainda há a possibilidade de que pequenas quantidades de água, provenientes de gelo enterrado, aquíferos subterrâneos ou ar úmido, possam se misturar com sal no solo e criar um fluxo. Essa mistura, conhecida como salmoura, poderia existir mesmo na superfície congelante de Marte, criando nichos habitáveis.

Valentin Bickel, geomorfologista planetário da Universidade de Berna e coautor do estudo, ressalta que é muito difícil para a água líquida existir na superfície marciana devido à baixa temperatura e à baixa pressão atmosférica. No entanto, as salmouras podem existir por curtos períodos de tempo.

Os pesquisadores empregaram um método avançado de aprendizado de máquina para analisar as imagens e buscar correlações entre padrões de temperatura, deposição de poeira atmosférica, impactos de meteoritos, a natureza do terreno e outros fatores. A análise revelou que as estrias nas encostas frequentemente aparecem nas regiões mais empoeiradas e se correlacionam com padrões de vento, além de se formarem próximas a locais de impactos recentes e terremotos.

Essa análise também descobriu que as linhas recorrentes em encostas, características de vida mais curta vistas nas terras altas do sul de Marte, também estavam associadas a processos secos, como redemoinhos de poeira e quedas de rochas.

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Onde Concentrar Nossos Esforços na Busca por Vida em Marte?

A conclusão do estudo é que, se as estrias em encostas e as linhas recorrentes não forem impulsionadas por água líquida ou salmouras, elas não criam um nicho para a vida. Isso significa que devemos concentrar nossa atenção em outros locais mais promissores na busca por vida em Marte.

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Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via Folha de São Paulo